[Valid Atom 1.0]

sábado, 28 de janeiro de 2012

Expulsos da cracolândia, usuários de drogas invadem linha de trem em SP



Para fugir da PM, eles se arriscam perto dos trilhos na Barra Funda; moradores reclamam do barulho

27 de janeiro de 2012 | 23h 01


Artur Rodrigues - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Acuados pela presença ostensiva da Polícia Militar na cracolândia, usuários de droga passaram a se arriscar para fumar crack escondidos perto dos trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. A CPTM afirma que aumentou a segurança na área para prevenir acidentes.
 - JF Diório/AE
JF Diório/AE
Quem mora ou trabalha na região cortada pela linha férrea diz que quando escurece o problema toma proporções mais perigosas. Das janelas de prédios dos arredores, moradores podem ver o pisca-pisca dos cachimbos de crack sendo acesos.
Além do risco de acidentes, a presença dos viciados na linha do trem prejudica o sono da população ao redor. "Eles invadem os trilhos e os maquinistas dos trens de carga passam a noite buzinando para não atropelá-los", afirma o porteiro Ícaro Chamarelli, de 24 anos, que trabalha em um prédio na Rua Capistrano de Abreu, na frente da linha férrea. Além de trens de carga, as Linhas 7-Rubi e 8-Esmeralda, da CPTM, também passam pelo local.
O Estado presenciou vários usuários de crack pulando o muro da linha férrea em uma passarela que liga as Ruas Capistrano de Abreu e Luigi Greco. Eles se concentram nos matagais próximos dos trilhos para fumar.
Usuários de crack confirmam que, no esconderijo, ficam livres das chamadas "procissões do crack", quando policiais afugentam a multidão de viciados pelas ruas da região central.
À noite, até a passarela de pedestres sobre a linha férrea também fica tomada por usuários de droga. "Ninguém mais tem coragem de atravessar", afirma a autônoma Maria Matos, de 56 anos, que trabalha perto dali. Na Rua Luigi Greco, fogueiras são acesas e o lixo fica acumulado. O cenário degradado, com grande presença de viciados e traficantes, afeta a segurança. A população da área afirma que os furtos e roubos são frequentes perto da passarela.
Vigilância. A CPTM informou que, inicialmente, aumentou a vigilância por causa da paralisação dos trens motivada pela implosão de um prédio na Favela do Moinho, o que poderia atrair invasores. Após o início da operação da PM na cracolândia, no último dia 3, o reforço nas rondas foi mantido para afastar usuários de crack que invadem a linha férrea.
Agentes de segurança disseram, em conversa informal, que o trabalho aumentou muito depois do início da ação de policiamento ostensivo.
A companhia informa que, quando é constatada a presença de invasores, os agentes ordenam a saída imediata. No caso de pessoas cometendo atos criminosos, os suspeitos são encaminhados à polícia.

Pedradas. A reportagem flagrou no último dia 22, porém, um conflito com pedradas entre meninos da Favela do Moinho e agentes de segurança. A CPTM informou que o procedimento não é correto. A companhia afirma que vai apurar os fatos e tomará as medidas cabíveis.
A Polícia Militar informou que ainda não havia constatado o problema na linha férrea e as rondas serão intensificadas na área. / COLABOROU AYRTON VIGNOLA




Viciados da cracolândia se espalham por 27 bairros

  • 27 de janeiro de 2012 |
  • 23h26 |

CAMILLA HADDAD
TIAGO DANTAS
A Operação Centro Legal – ocupação da Polícia Militar na cracolândia – espalhou usuários de drogas por pelo menos 27 bairros da capital. Entre os dias 10 e 22, a PM recebeu, pelo 190, 1.038 ligações de moradores de várias regiões da cidade reclamando de ‘noias’ na porta de casa. Alguns desses lugares já eram ocupados por usuários de drogas e agora estão com movimento mais intenso. Em outros pontos, moradores dizem que nunca haviam visto consumo de crack perto de casa.
A migração já era esperada pela polícia – e inclusive foi usada como estratégia para “quebrar a logística do tráfico”. “O poder público optou por espalhar as pessoas sem resolver o problema de fundo”, critica o juiz Luís Fernando de Barros Vidal, ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia. A ação na cracolândia começou no dia 3. Ruas como Helvetia, dos Gusmões e Alameda Dino Bueno têm sido ocupadas por bases e viaturas da PM 24 horas por dia. Também fazem parte da força-tarefa funcionários das áreas de saúde e assistência social da Prefeitura e do governo do Estado.
Entre os cerca de 86 telefonemas diários de reclamações de “novas cracolândias”, a PM tem recebido ligações de bairros distantes do centro, como Campo Belo e Vila Mariana, na zona sul, Butantã e Vila Leopoldina, na zona oeste, Freguesia do Ó e Tremembé, na zona norte, e Itaquera e Vila Formosa, na zona leste. Em Santa Cecília, centro, moradores da Rua Apa notaram que a concentração de usuários de crack cresceu este ano, principalmente no cruzamento com a Rua General Júlio Marcondes Salgado. “Tinham três ou quatro. Mas depois que começaram a mexer com eles (viciados) no centro, fica mais de 30 aqui à noite. Eles brigam e fazem bagunça. Evito sair”, diz a manicure Cleusimar de Oliveira Santos, de 28 anos, que mora na região.
O capitão Sérgio Agassi, porta voz do serviço 190, explica que após detectar o aumento das chamadas ao telefone de emergência, a corporação imediatamente reforçou o Centro de Operações (Copom) com mais cinco pontos de atendimento, passando, em média, de 40 para 45 atendentes. Os demais chamados não foram prejudicados.
“Durante a ligação ocorre uma série de questionamentos para saber realmente se o que as pessoas estão vendo tem relação com migração (de usuários de crack)”, diz. Segundo o oficial, monitorar a migração tem sido cada vez mais importante. Com o chamado em mãos, o batalhão da área envia uma viatura até o local para apurar a queixa e, se for confirmado o problema, impede que ali se forme uma minicracolândia.
Devem telefonar para a PM pessoas que vejam homens e mulheres em estado de mendicância e que sejam suspeitos de ser usuários de crack.
Na conversa do 190 é questionado, por exemplo, se a pessoa está segurando um cachimbo. No dia 10, a corporação anunciou que a Tropa de Choque e até helicópteros passariam a trabalhar na cidade para “blindar” bairros contra a migração dos viciados. São 150 homens a mais, além dos 300 já empenhados na ação.
A ideia é dispersar os grupos de viciados que se formam para consumir droga.


LAST







Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: