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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Brasileiros criam novo emagrecedor




  • 9 de novembro de 2011 |
  • 23h15 |

Categoria: Saúde
Cientistas brasileiros que trabalham nos EUA descobriram uma nova classe de remédios para emagrecimento. Em vez de inibir o apetite ou diminuir a absorção de gorduras, a droga elimina vasos sanguíneos que alimentam o tecido adiposo. O estudo, que acaba de ser divulgado pela publicação científica Science Translational Medicine, apresentou resultados promissores em testes com macacos reso. Em uma avaliação anterior, com camundongos, o resultado também foi positivo.
“A maioria dos remédios contra obesidade que funcionam em roedores é abandonada nos testes em primatas”, diz a cientista Renata Pasqualini. Ela e o marido, Wadih Arap, coordenam um laboratório no MD Anderson Cancer Center, ligado à Universidade do Texas em Houston (EUA), há mais de uma década. “Experimentos com camundongos são limitados, pois o metabolismo e o sistema de controle de apetite e saciedade são diferentes em relação aos primatas, inclusive humanos”, completa.
A nova droga, batizada de adipotídio, já foi licenciada pela Universidade do Texas. “Para uma empresa californiana chamada Ablaris Therapeutics”, conta Arap. Mas, apesar disso, ele não arrisca uma previsão de quanto tempo será necessário até que o remédio chegue ao mercado. As vantagens dele, contudo, já estão bem determinadas: ao contrário de outros emagrecedores, não mostrou relação com colaterais graves, como problemas cardiovasculares e distúrbios psiquiátricos.
A descoberta vem num momento delicado para o tratamento da obesidade no Brasil: neste ano, após o veto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) às anfetaminas, os médicos passaram a se queixar da falta de opções de tratamento. O remédio novo poderá ser, ainda, uma esperança para quem já tentou os outros tipos de remédios. É o caso da publicitária Mari Sbravatti, de 35 anos. “Tomei anfetamina, sibutramina e, agora, Xenical”, diz.
O novo adipotídio foi testado nos roedores em 2004, quando ganhou um artigo na revista Nature Medicine. Na ocasião, os animais perderam cerca de 30% do seu peso com a droga. Agora, com os macacos, os resultados foram novamente animadores: medicados durante quatro semanas com injeções de adipotídio, tiveram uma diminuição de 27% na gordura abdominal. Além disso, houve redução de 10% da massa corporal. Já no grupo controle, os níveis de gordura cresceram um pouco no período.
Macacos sofrem naturalmente de obesidade e, como os humanos, desenvolvem diabete e males cardiovasculares. Por isso, são um ótimo modelo para os testes. A veterinária Kirstin Barnhart, coautora do artigo, diz que os animais obesos eram “espontaneamente” gordos. Ou seja, não receberam dieta especial. Entre os efeitos adversos, destaca-se um aumento no volume da urina e leve desidratação, o que sugere impacto na área renal. “Mas o efeito renal é dependente da dose, previsível e reversível”, afirma Kirstin.
Precisão
Um estudo realizado com macacos magros que também receberam a droga mostrou que eles não perderam peso. Ou seja, ela age de forma seletiva no tecido adiposo. “Na prática, identificamos um sistema de endereços moleculares no corpo”, explica Renata, comparando o organismo a uma cidade. Assim, bastaria descobrir o ‘CEP’ correto do tecido que necessita de tratamento para criar uma droga capaz de “endereçá-lo” com precisão.
No tecido adiposo, o ‘CEP’ chama-se proibitina, uma proteína presente de forma abundante na membrana das células dos vasos sanguíneos que alimentam as células de gordura. A equipe dos brasileiros desenvolveu uma molécula que se liga à proibitina e inibe o suprimento de sangue para o tecido adiposo. Estratégia parecida já é usada no tratamento de certos tipos de câncer.
Alexandre Gonçalves e Tatiana Piva

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