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domingo, 21 de agosto de 2011

Universidades oferecem serviços médicos baratos



Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
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Os moradores da região podem encontrar nas universidades serviços de Saúde de ponta gratuitos ou com baixo custo, entre os quais, odontologia, fisioterapia, nutrição, psicologia e até especialidades de alta complexidade. Os atendimentos são feitos por universitários, sob orientação de professores.

A equipe do Diário consultou cinco instituições de ensino que atendem pelo menos 35,5 mil pessoas por mês em 42 especialidades. Para ter acesso, é preciso ser encaminhado pela rede pública ou se inscrever e passar por triagem.

Para o diretor da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, Adilson Casemiro Pires, a instituição precisa ensinar, fazer pesquisa e oferecer assistência à população. "A função da faculdade é ter atendimento qualificado, que nem sempre é encontrado no serviço público, sobretudo em casos de alta complexidade", explica o diretor. Ele lembra que a instituição também atua em hospitais, onde são realizados transplante renal, cirurgias complexas e de alto custo.

São cerca de 15 mil atendimentos mensais nos ambulatórios na faculdade, encaminhados pela rede pública, sendo que 90% dos serviços são gratuitos, via Sistema Único de Saúde.

O SUS não cobre tratamentos e cirurgias estéticas e procedimentos em reprodução humana, mas o valor cobrado é inferior ao de mercado. Inseminação artificial, com medicação, custa cerca de R$ 700. No consultório, chega a R$ 4.000.

A fertilização in vitro custa até R$ 5.000, enquanto nas clínicas particulares é R$ 14 mil. Em casos de preservação da fertilidade para pacientes com câncer, o serviço é gratuito.

Na Universidade Municipal de São Caetano, a Escola de Saúde oferece serviços gratuitos para moradores encaminhados pela rede pública. Por mês, são 3.500 atendimentos. A procura é grande, principalmente, por fisioterapia, que tem espera de dois meses.

No Centro Universitário Anhanguera, em Santo André, a Clínica Escola de Psicologia atende moradores da região encaminhados pela rede pública, escolas, hospitais e convênios ou por iniciativa do próprio paciente.



BAIXO CUSTO

Na Fefisa, em Santo André, as clínicas de fisioterapia e nutrição atendem gratuitamente de 10% a 15% do total de vagas pela avaliação socioeconômica. Para o restante, a mensalidade chega a R$ 80. No caso da fisioterapia, em clínicas na região, cada sessão custa R$ 20. Se forem feitas dez no mês, o valor será R$ 200.

Na Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo, os serviços têm custo abaixo do mercado. A média é de 6.000 atendimentos mensais. O interessado precisa ir até o campus Rudge Ramos e passar por triagem.

Os tratamentos de fisioterapia e ortodônticos custam, em média, de R$ 40 a R$ 80 por mês. O implante dentário, em média, R$ 1.000, serviço que em consultórios pode custar R$ 1.800.

Para o gestor da Policlínica da universidade Antero Paulo dos Santos Matias, é necessário para o aluno da área de Saúde praticar o que aprendeu em sala de aula. "Beneficiamos o estudante com o conhecimento e a população com os serviços. A diferença da rede pública para a instituição é que em períodos de férias o atendimento é reduzido ou é interrompido."



Serviços têm história de 30 anos e atendem pais, mães e filhos



Enquanto muitos ainda desconhecem os serviços de Saúde oferecidos pelas universidades e faculdades do Grande ABC, algumas instituições têm tradição de mais de 30 anos em atendimentos odontológicos e psicológicos. Para especialistas, são serviços sem muita oferta na rede pública.

A gestora financeira de São Bernardo Mariângela Rodrigues de Souza, 46 anos, foi uma das primeiras pacientes, há 30 anos, da turma de ortodontia da Universidade Metodista. "Não era muito divulgado. Coloquei o aparelho e fiz tratamento por quatro anos."

Há dois anos, sua filha também precisou. Foi quando a gestora lembrou do serviço. "Como convênio não cobre e a manutenção do aparelho é muito cara e na rede pública é difícil de encontrar essa especialidade, optei pela qualidade da universidade e por buscar sempre os melhores tratamentos", afirma Mariângela, que paga R$ 50 de manutenção por mês.

O filho também passa pelo atendimento, mas por outro motivo. Ele tem dentes fracos e muitas cáries. Com apenas 7 anos, Henrique de Souza afirma que as estudantes que o atendem são "legais". As alunas são supervisionadas pelos professores.

A família também passa por nutricionista. "Por ter tendência para engordar, eu e minha filha estamos fazendo reeducação alimentar."

A autônoma de São Bernardo Sandra da Silva Pinheiro, 36, ficou surpresa com a rapidez. Levou um mês entre a triagem e a chamada para o atendimento do filho Gabriel da Silva Pinheiro, 9.

O garoto precisava usar aparelho e a autônoma, depois de pesquisar nos consultórios, achou mais viável a universidade. "A panorâmica paguei R$ 20, enquanto na clínica é R$ 80. Pago R$ 20 por mês pela manutenção e, muitas vezes, é mais do que R$ 100."

A família da autônoma já sabia da qualidade no atendimento quando o marido Carlos Roberto Alves Pinheiro, 40, deixou de fazer fisioterapia pelo convênio para ir à universidade. Ele teve um tumor no cérebro e teve parte do lado esquerdo paralisado. " Tive muito mais atenção durante os exercícios", diz Pinheiro.



PSICOLOGIA

No Centro Universitário Anhanguera de Santo André a Clínica Escola de Psicologia funciona desde 1975. A clínica atende cerca de 4.500 pessoas por semestre. CW-30A maior demanda é pelo público infantil, em que o tempo de espera varia de seis meses a um ano.

Para a professora e supervisora da clínica Ivone Varoli, a alta demanda é prova de que a assistência psicológica é restrita no serviço público. "O foco é para o psicótico ou para o dependente químico. Já para outros tratamentos é mais difícil, e é por isso que as clínicas-escolas precisam atender a comunidade."



Fisioterapia prevalece em três universidades da região



Três instituições oferecem atendimento de fisioterapia:Universidade Metodista de São Paulo, Fefisa e Universidade Municipal de São Caetano. Juntas, atendem, em média, 5.000 pessoas por mês.

Apenas a USCS oferece serviço gratuito. A Fefisa dispõe de parcela gratuita das vagas, mas mensalidade de até R$ 80 é mais barata que nas clínicas particulares. Na Metodista o valor varia entre R$ 40 e R$ 80.

A USCS atende apenas pacientes da rede pública de São Caetano e tem fila de espera de dois meses, que varia de acordo com a complexidade do caso.

A comerciante de São Caetano Glaucia Cardoso de Araújo, 36 anos, leva o filho Vinicius, 9 meses, há um mês na clínica. O menino tem torcicolo congênito e precisa de fisioterapia. "Ele tem a cabeça mais inclinada para o lado direito. Levei em diversos médicos até descobrir o que tinha e já vejo progresso com a fisioterapia."

Para ela, o receio seria o cuidado com o pequeno. "Todos o tratam muito bem. Como é bebê, não pode colocar muita força, então observo que é como se fosse brincadeira para estimular", conta a comerciante, que já tinha levado o filho mais velho para tratamento ortopédico.

O público das clínicas é bem variado, de crianças a idosos, como a pensionista Carmem Queiroz Garcia, 85.

Desde 2006, ela passa pela fisioterapia da universidade para tratar da osteoporose, fratura no fêmur e, atualmente, de incontinência urinária. "São pessoas muito agradáveis. Explicam tudo direitinho e até passam por escrito para fazer exercícios em casa."



Serviços incluem tratamentos estéticos e oncológicos



Tratamentos oncológicos e estéticos também são oferecidos gratuitamente ou com baixo custo nas universidades e faculdades da região.

Moradora de Santo André, Nara Thayse Silva Menezes, 44 anos, nunca pensou que instituição de ensino poderia oferecer tratamento de câncer.

A dona de casa descobriu, aos 39 anos, que tinha câncer de mama. Ela veio da Bahia passar as férias em Santo André e não voltou mais. "Sentia dores nos braços e nas costas, quando fui encaminhada para o Hospital Estadual Mário Covas. Precisei fazer a mastectomia em 2007, porque estava muito avançado. Deu metástase nos ossos, fui encaminhada para a faculdade, onde faço quimioterapia", explica a moradora do Parque Novo Oratório.

A superação veio do convívio com outras pacientes e a equipe médica. "Foi difícil, meu cabelo caiu duas vezes. mas aprendi a valorizar muito mais a vida", declara Nara. /CW

A assistente administrativa de Mauá Raphaela de Sousa Silva, 21, foi encaminhada para a dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC por conta do excesso de acne. Ela precisou fazer peeling. "Cada aplicação era R$ 60, mas em clínicas de estética chega a R$ 300 cada aplicação, por conta dos produtos caros", afirma a assistente, que fez o tratamento há seis anos.

Para ela, o serviço dá oportunidade para todas as classes sociais. "Se não fosse a faculdade não teria condições de fazer procedimentos tão avançados pelo alto custo."



Supervisão dos professores deixa paciente mais seguro



Os especialistas ouvidos pelo Diário são unânimes em apontar a importância da prática na área de Saúde. Para o diretor da Escola de Saúde da Universidade Municipal de São Caetano Carlos Eduardo Panfílio, o aluno consegue atuar naquilo que é ensinado em sala de aula. "É um atendimento de qualidade, porque as instituições de ensino dão aos estudantes o respaldo do professor qualificado, e segurança aos pacientes."

Estudante do 4º ano de Fisioterapia da USCS, Bruno Tomazelli Fernandes, 22 anos, acredita que sem a prática a formação não é completa. "No atendimento lidamos com diferentes situações, onde precisamos buscar soluções para cada caso."

Na Faculdade de Medicina do ABC, a estudante do 4º ano de Medicina Rebecca Melo Zanellato, 23, é presidente da Liga Acadêmica de Oncologia. Ela é responsável por coordenar 18 estudantes. "É uma área em que a pesquisa e a busca de novos tratamentos são essenciais."

Para a estudante do 4º ano de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo Amanda Freitas de Oliveira, 22, é preciso jogo de cintura com os pacientes. "Muitos chegam com a ideia de que são cobaias, outros frustrados com atendimentos em consultórios particulares. Po risso precisam de atenção."

Já para Nathalia Helena Massa Rocha, 21, do 4º ano de Nutrição da Metodista, o estágio ajudou a identificar o gosto pela Saúde Pública. "É no atendimento que temos contato com diversas doenças e experiências."







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