JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
Existem 1.480 pessoas na fila de espera pela primeira consulta no HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), algumas desde 2008. São casos de pacientes de oftalmologia ou que sofrem com dores de cabeça e de coluna e que aguardam atendimento no ambulatório da dor.
Quem entra hoje na fila de espera pode só ser atendido daqui a dois anos e meio.
Os dois setores são os mais críticos da demanda reprimida no hospital. A demora é investigada pelo Ministério Público Estadual. O HC diz que planeja organizar mutirões para zerar a fila.
O ambulatório da dor concentra o maior volume de pacientes ainda não atendidos. São 1.080 inscritos, alguns desde 2008.
A unidade atende 150 pacientes por semana, sendo 60 os que estão na lista de espera, segundo a médica Gabriela Rocha Lauretti, chefe da clínica para tratamento da dor no hospital.
O paciente que procura o serviço sofre de dor crônica, cuja causa ainda não foi descoberta em exames comuns. São casos de enxaqueca, dores de coluna e até câncer.
Vinícius Oliveira/Folhapress | ||
Entrada do ambulatório do HC de Ribeirão, onde pacientes de algumas áreas têm problema com agendamentos |
"Quando é um caso mais urgente, nós tentamos encaixar. Mas o paciente novo que chega só tem vaga daqui a dois anos e meio", disse a chefe do serviço.
Uma das explicações para a demora é a falta de profissionais. Há cinco anestesistas no ambulatório, mas seriam necessários mais quatro, além de mais médicos residentes como apoio.
O ambulatório está vinculado ao setor de anestesia, que sofre desde o ano passado com carência de médicos.
No hospital, há 50 anestesistas para toda a demanda, mas de acordo com o superintendente do HC, Milton Laprega, seria preciso mais dez profissionais apenas para preencher as lacunas na grade horária de cirurgias.
Um concurso foi aberto para oito vagas e os candidatos serão chamados neste mês.
ESPERA "MENOR"
O setor de oftalmologia também sofre com uma longa espera. Há 400 pessoas com doenças na retina que esperam a primeira consulta.
Para quem se inscreve hoje, a espera prevista é de um ano e meio, segundo o gerente-geral dos ambulatórios, Valdes Roberto Bollela.
Um dos problemas é que a fila reúne tanto quem já passou por um oftalmologista na sua cidade como quem chega sem um exame prévio.
"Fica todo mundo na mesma fila: casos graves que precisam de um atendimento mais rápido com um [caso] menos urgente. Às vezes não sabemos quando há pacientes muito graves na fila", disse Bollela.
O hospital propôs que se criasse um ambulatório só para triar pacientes.
A assessoria da Secretaria de Estado da Saúde disse que a triagem começou a ser feita pelo Hospital Regional e que estão previstos dois mutirões, com consulta e cirurgia, para casos mais graves.
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