Francisco Cembranelli falou que prefeito de Santo André sabia do esquema.
Político foi torturado e morto quando quis acabar com desvios.
O promotor Francisco Cembranelli, responsável pela acusação no caso Celso Daniel, afirmou nesta quinta-feira (18) que o prefeito de Santo André foi morto porque descobriu que o esquema de propina obtida com empresários para caixa dois de campanha do PT passou a ser desviado também para contas particulares dos envolvidos. Celso Daniel era prefeito de Santo André quando foi assassinado, em 2002.
O júri ocorre no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, onde um dos sete réus é julgado à revelia. O Partido dos Trabalhadores foi procurado pelo G1, mas até as 14h não havia se posicionado sobre o assunto.
“Não estou preocupado em transformar o Partido dos Trabalhadores em réu nesse processo. Não vou pôr o PT no banco dos réus. As pessoas que conduziam a prefeitura estavam ligadas ao Partido dos Trabalhadores”, acrescentou o representante do Ministério Público. “É evidente que ele faz parte do contexto e algumas pessoas serão mencionadas. Que há um escândalo público envolvendo a prefeitura de Santo André, isso é óbvio. Pessoas desviavam recursos para campanhas eleitorais e contas pessoais”, disse.
O promotor contou que, segundo depoimento de pessoas que sofriam extorsão, elas pagavam de R$ 30 mil a R$ 40 mil. “O chefe do esquema era Sérgio Sombra. Ele que recolhia. Temos empresários que foram deixados de lado porque não pagavam essa propina”, disse Cembranelli, que fez a sustentação oral das 10h30 até as 12h. “Não sou eu que estou dizendo. Não tenho nenhum interesse político nisso. São provas testemunhais.”
Pessoas envolvidas na administração de Santo André teriam desviado esses recursos e levavam para o PT. "Até então isso contava com a anuência de Celso Daniel", disse Cembranelli. “Celso Daniel seria coordenador da campanha vitoriosa do presidente Lula. Ele seria coordenador dessa campanha.”
Segundo Cembranelli, apostavam suas fichas na eleição de 2002 porque já haviam perdido três eleições anteriores. “A arrecadação era para ganhar a eleição de 2002”, disse, se referindo à campanha vitoriosa de Lula para presidente. “O irmão de Celso Daniel disse que ele possuía um dossiê que indicava as pessoas que estavam desviando dinheiro da prefeitura.”
Daniel é julgado em Itapecerica da Serra (Foto:
Kleber Tomaz/G1)
O promotor lembrou que o prefeito foi “foi intensamente torturado”. “Ele tem marcas de espancamento no rosto e no corpo. A vítima estava sem roupas quando foi espancada.”
Gilberto Carvalho é réu em ação que investiga corrupção
Publicada em 23/10/2010 às 11h36m
O GloboBRASÍLIA - O chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e o PT foram enquadrados como réus em processo da Justiça de São Paulo que trata de esquema de propina envolvendo a prefeitura de Santo André, na gestão petista de Celso Daniel, e empresas de transporte.
Gilberto Carvalho e o partido, segundo reportagem de ontem do jornal "O Estado de S. Paulo", são acusados de participar de uma quadrilha que comandava o esquema e que teria desviado R$ 5,3 milhões dos cofres públicos. As denúncias são antigas e "atormentam" o PT desde a campanha de 2002, do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2002, Celso Daniel foi sequestrado e morto em janeiro daquele ano.
Recentemente, o presidente Lula desistiu de nomear Miriam Belchior, que foi casada com Celso Daniel, como nova ministra da Casa Civil, justamente por temer a volta do caso Celso Daniel em período eleitoral, para atingir justamente Gilberto Carvalho, que foi secretário de governo do prefeito.
Na última segunda-feira, a Justiça decidiu a abertura definitiva do caso. A juíza Ana Lúcia Xavier Goldman negou recursos apresentados para protelar o andamento do processo e confirmou o despacho que aceita a denúncia. Além de Gilberto Carvalho e o PT, são citadas outras cinco pessoas e uma empresa.
"Há indícios bastantes que autorizam a apuração da verdade dos fatos por meio da ação de improbidade administrativa", disse a juíza, segundo "O Estado de S. Paulo".
Segundo a ação, o assessor de Lula transportava propina para o comando do PT. "Ele concorreu de qualquer maneira para a prática de atos de improbidade administrativa", diz a denúncia aceita.
Por meio da assessoria do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho informou que já prestou depoimento em duas CPIs e no Ministério Público sobre as denúncias e que "está com a consciência tranquila". O chefe de Gabinete de Lula, segundo assessores, vai se defender das acusações.
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