Título: Trabalhadores protestam contra mentiras do governo Lula
Data: 3/4/2008
Fonte:
ANDES-SN
Apesar da alta popularidade do presidente, manifestações provam que são muitos os setores descontentes com o modelo de política econômica adotado pelo governo
Por Najla Passos
ANDES-SN
Foto: Wladimir de Souza - Agência Cromafoto
Trabalhadores do campo e da cidade, dos mercados formal e informal, aproveitaram o 1º de Abril, tradicional Dia da Mentira, para protestar contra as mentiras do governo, mostrando que, apesar da alta popularidade de Lula, tão alardeada pela imprensa com a sustentação dos institutos de pesquisa, são muitos os setores da população brasileira que não aprovam as escolhas políticas feitas pelo primeiro presidente do povo a governar o Brasil.
Em São Paulo, o ponto forte do Dia Nacional de Luta Contra as Mentiras do Governo e da Verdade dos Trabalhadores foi o ato público realizado na Casa de Portugal, a partir das 19 horas. A emoção tomou conta da platéia que, ao ritmo de palavras de ordem diversas, provou que o movimento de reorganização da classe trabalhadora brasileira tem dado passos definitivos, após a ostensiva cooptação de boa parte dos movimentos social e sindical, desde a vitória de Lula.
Convocado pela Conlutas, Intersindical, Pastoral Operária, Província Imaculada Conceição do Brasil - Sefras, Comissão Pastoral da Terra – CPT, Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto – MTST, Via Campesina e ANDES-SN, entre outras, o ato público reuniu mais de 500 pessoas dos mais diversos setores e regiões do país que desaprovam os rumos da política atual. Os descontentes eram professores universitários, bancários, servidores públicos, operários, sem-teto, sem-terra, moradores de áreas de risco ou ameaçadas por projetos governamentais, religiosos, ribeirinhos, estudantes, intelectuais, políticos, pessoas comuns.
Para o coordenador da Conlutas, José Maria Almeida, o ato mostra que o povo não aprova o modelo de política econômica adotado pelo presidente, que retira direitos dos trabalhadores e prejudica a população carente. “Neste 1º Abril, podemos manifestar nosso desagravo e mostrar que há unidade no processo de enfrentamento ao governo. Esse movimento é para desconstruir as mentiras que o governo Lula divulga e alertar à população brasileira contra elas”.
O presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, lembrou que são muitas as formas utilizadas pelo governo Lula para enganar a população. Uma delas é a divulgação de números isolados que não espelham a realidade e, por isso, dão uma falsa imagem sobre a verdadeira natureza deste governo, cada vez mais autoritário e mais ligado aos interesses da elite e do capital internacional.
O bispo de Barra (BA), D. Luiz Cappio, símbolo da luta contra a transposição do Rio São Francisco, também acusou o governo Lula de autoritário. “Nós estamos vivendo uma situação de quase ditadura, na qual o poder Executivo controla também os poderes Judiciário e Legislativo. Se o Lula está onde está, é porque os movimentos sociais o elegeram para ele governar para o povo. Mas ele voltou às costas para o povo e está governando para a pequena elite que sempre usurpou este país”, declarou
Transposição não beneficiará os pobres
O discurso divulgado pelo governo de que a transposição do Rio São Francisco vai levar água para quem tem sede foi uma das mentiras mais denunciadas durante o ato.
Conforme o bispo de Sobradinho, a obra só atende aos interesses do grande capital e não levará uma gota de água sequer às populações mais necessitadas. “No Ceará, por exemplo, o canal passará a 150 Km da área mais atingida pela seca”, denunciou D. Cappio.
Para o religioso que ganhou projeção nacional após entrar duas vezes em greve de fome contra a obra de transposição, “uma luta como está não pode ser regionalizada, porque os problemas do semi-árido se refletem também em todo o Brasil, principalmente através da migração da população para as grandes cidades”.
Para ele, mesmo que o governo não tenha se sensibilizado com os protestos dos ribeirinhos e que a Justiça e o Congresso Nacional não tenham cumprido devidamente o papel de defender os interesses do povo e do país, a luta precisa continuar. “O importante é estar mobilizado, é caminhar, é estar de mãos dadas. A luta pela água é a luta histórica pela vida”.
Redução de salário não garante emprego
A proposta apresentada pela multinacional General Motors aos metalúrgicos da maior montadora brasileira, situada em São Bernardo do Campo (SP), que prevê a redução dos direitos e dos salários dos trabalhadores em troca da criação de novos postos de trabalho, que não irá pôr fim a crise de desemprego e só irá prejudicar ainda mais os trabalhadores brasileiros.
“Experiências anteriores mostram que a redução de direitos e salários diminui a renda do trabalhador, que acaba injetando menos dinheiro na economia e, com isso, provoca uma recessão nas empresas que, por sua vez, acarreta mais e mais demissões. É por isso que a proposta da GM de reduzir salários para aumentar empregos não dará certo e só prejudicará os metalúrgicos”, denuncia José Maria.
De acordo com ele, são esses mesmos motivos que impedem as reformas trabalhista, previdenciária, sindical e educacional do governo Lula de beneficiar a população carente. “São reformas que só visam extrair direitos dos trabalhadores, e é por isso que precisamos combatê-las. Se uma proposta como a da GM for aceita, criará um efeito cascata em outras montadoras e até outros setores da economia”, alerta o sindicalista.
Brasil é o país americano que menos investe em Educação
Embora o governo Lula viva alardeando que aumentou os investimentos em Educação, está informação não corresponde exatamente à verdade. Quem afirma é o presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, que também participou do protesto contra as mentiras do governo.
Segundo ele, o montante de investimentos em Educação, de fato, aumentou em relação ao governo anterior. Mas como a arrecadação brasileira aumentou muito mais, o percentual do Produto Interno Bruto – PIB investido no setor foi bastante reduzido.
“Hoje, o Brasil investe apenas 3,9% do PIB em Educação. É o percentual mais baixo de todo o continente, considerando todos os países das Américas, do Uruguai ao Canadá. Como se não bastasse o descaso com o setor, o governo prossegue com seu projeto de privatização da educação superior”, denuncia o presidente do Sindicato Nacional.
Outras mentiras levantadas
Os manifestantes presentes ao ato público apontaram diversas outras mentiras do governo Lula. O coordenador Nacional da Intersindical, Edson Carneiro, lembrou que o governo Lula aprofunda cada vez mais o modelo econômico que ele sempre criticou.
“O percentual do PIB utilizado no bolsa-família, o programa social deste governo, é de apenas 1%. O percentual do PIB destinado aos investimentos em infra-estrutura corresponde a outros míseros 1%. Enquanto isso, o governo destinará bilhões para o pagamento das dívidas interna e externa”, alertou o coordenador.
Para o representante do Fórum dos Movimentos Sociais e Comunidades Eclesiais de Base de São Paulo, Paulo Pedrini, a maior mentira do governo Lula é se denominar democrático e popular. “Não é porque um governante tem popularidade que ele é popular, que toma medidas em benefício do povo. A classe trabalhadora precisa reagir aos ataques contra o povo brasileiro”.
Fonte: ANDES-SN
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