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sábado, 23 de outubro de 2010

#PT alerta militância para risco de confrontos no Rio


Um comunicado da diretório do PT no Rio de Janeiro, distribuído na sexta-feira, alerta os militantes para a possibilidade de confrontos no fim de semana, quando estarão na cidade a candidata do partido, Dilma Rousseff, e o adversário tucano, José Serra. Em nota distribuída para orientar os petistas sobre as atividades de campanha na manhã de domingo, o comando regional do partido alerta sobre “rumores” de que “estaria sendo preparada uma armação para tentar imputar a militantes petistas atos de hostilidade ao candidato José Serra ou contra sua comitiva”.

O presidente regional do partido, deputado Luiz Sérgio, recomenda aos militantes e simpatizantes da candidatura de Dilma Rousseff que evitem atividades de campanha durante a caminhada do tucano, programada para as 10 horas na Praia de Copacabana. A nota diz ainda que o PT ocupará a orla a partir das 14 horas, com o desfile do Bloco da Dilma e outras atividades.

A nota destaca que, na manhã de domingo, a principal programação da campanha petista é a carreata de Dilma com o presidente Lula na zona oeste do Rio. A fim de evitar novos confrontos como o que ocorreu no calçadão de Campo Grande, na zona oeste, na tarde de quarta-feira, o PT fluminense pede que sejam evitados conflitos com os adversários. “Nosso papel é manter a cabeça fria. Repetimos nossa recomendação: não devemos provocar nem aceitar provocações. Também não podemos nos empolgar com os resultados divulgados até agora. É preciso manter a mobilização e reforçar a campanha em todas as cidades do Estado. Nossa vitória depende disso”, diz a nota do PT-RJ.

Herança de Marina - Em jogo no estado está a herança de Marina Silva, do PV, que alcançou 31% dos votos no Rio, seu melhor desempenho entre os estados do sudeste. Para o cientista político da PUC-Rio Cesar Romero Jacob, que vem analisando os mapas eleitorais, os dois candidatos fizeram boas escolhas. “Os dois estão fazendo o dever de casa. Na reta final, não se pode dar tiro a esmo”, explica.

Serra fará uma caminhada pela manhã na Praia de Copacabana, na zona sul, onde deve ter contato com eleitores de maior poder aquisitivo e maior escolaridade. O programa preparado pela coordenação de campanha é de um grande passeio na pista, fechada para lazer, ao lado de nomes fortes do partido, como Aécio Neves – um rosto bastante conhecido no Rio – e Geraldo Alckmin. O time de lideranças cariocas que dará apoio ao tucano inclui, além do candidato a vice, Indio da Costa, o verde Fernando Gabeira, que disputou o governo do Rio, e o ex-prefeito Cesar Maia, do DEM, que não conseguiu se eleger senador.

O domingo carioca será também a última oportunidade para o presidenciável tucano tentar aumentar sua participação de 22% dos votos fluminenses – desempenho de Serra no primeiro turno. Para Cesar Maia, a escolha da zona sul como local para a campanha é acertada. “Reforça a região em que Serra foi vitorioso no primeiro turno”, avalia Maia. O ‘cinturão’ de maior aprovação ao tucano ficou justamente nos bairros de São Conrado, Leblon, Ipanema e parte de Copacabana – todos na zona sul. Copacabana está ainda ao lado da maior concentração de eleitores de Marina: os bairros da Urca, Flamengo e Botafogo reuniram grande parte dos votos do PV para presidente.

Apesar de Serra ter sido atingido na cabeça por militantes petistas em sua última visita ao estado, a equipe de segurança da comitiva não será alterada para o domingo. Eles esperam que as iniciativas petistas de conter novas agressões surtam efeito entre os militantes. E, como o próprio PT anunciou, há um trabalho de convencimento para evitar provocações na reta final da campanha, o que só prejudicaria ainda mais a imagem de Dilma. A direção nacional do PT tem conversado com representantes de movimentos pró-Dilma para reforçar o pedido de que sejam evitadas mais confusões.

Campanhas separadas por 45 km - Apesar de as duas campanhas escolherem o Rio, José Serra e Dilma Rousseff estarão a 45 quilômetros um do outro no domingo – pelo menos durante as manifestações, já que ambos devem se hospedar na zona sul. A campanha da petista programou uma carreata na zona oeste, região onde houve o confronto que resultou na agressão ao tucano.

A programação do PT também ocupará a parte da manhã do domingo. Já foram escalados os senadores eleitos pelo Rio, Lindberg Farias, do PT, e Marcelo Crivella, do PRB, o governador reeleito do estado, Sérgio Cabral, do PMDB, e o presidente Lula.

A exemplo de Serra, Dilma também decidiu concentrar sua atenção na região onde conseguiu bom desempenho no primeiro turno. No estado do Rio, a candidata do PT obteve 43% dos votos, com maior concentração nas zonas norte e oeste, que têm maior parte da população nas classes C, D e E. Essa área também tem grande concentração de evangélicos pentecostais, que estiveram ao lado de Marina e que, agora, Dilma se esforça para atrair, depois de oscilar de opinião sobre a legalização do aborto.

Lindberg Farias vê uma razão a mais para a campanha do PT no Rio. “O estado representa uma chance de Dilma ampliar a vantagem sobre Serra, com o prestígio de Sérgio Cabral. No estado, Dilma obteve 3,7 milhões de votos, menos que o governador, que se reelegeu com 5,2 milhões”, analisa o senador eleito.

(Cecília Ritto, com Agência Estado)



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