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sábado, 23 de outubro de 2010

#dilma : “apoio completo” de Dilma

Ainda há muito a esclarecer
Um executivo alemão afirma que o projeto das usinas de biomassa financiadas com garantias ilegais tinha o “apoio completo” de Dilma
Andrei Meireles e Marcelo Rocha
  Reprodução
Os negócios na área de energia envolvem projetos de grandes proporções, altos valores e repletos de detalhes técnicos difíceis de entender. A Polícia Federal e o Ministério Público investigam um caso assim. Ele trata do sumiço de e 157 milhões, que deveriam ter sido usados para construir sete usinas de biomassa no Brasil, como ÉPOCA revelou na semana passada. Em uma ação judicial, o banco alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), financiador do projeto, afirma que Valter Cardeal, diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras e homem de confiança da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e outros petistas se envolveram na história da fraude que resultou no prejuízo para o banco.

A ação afirma que Dilma sabia do projeto, porque participou de uma conferência em Frankfurt, onde o assunto foi tratado. Confrontada com o assunto, na semana passada Dilma disse que o tema não foi discutido na reunião. “Isso foi choro do banco, que errou ao conceder o empréstimo”, afirmou Dilma. ÉPOCA obteve um depoimento que desmente essa versão. De acordo com o executivo Ludolf Rischmüller, do KfW, ocorreu uma exposição sobre a garantia aos financiamentos na conferência, com a presença de Dilma. Rischmüller diz ainda que os projetos teriam obtido o “apoio completo” de Dilma. s

José Varella
O AMIGO
Valter Cardeal, homem de confiança de Dilma, nega que tivesse conhecimento das garantias ilegais dadas pela subsidiária da Eletrobras

Os e 157 milhões foram emprestados pelo KfW para financiar a construção de sete usinas geradoras de energia a partir de biomassa no Paraná e no Rio Grande do Sul. Cinco nunca saíram do papel, uma ficou pela metade e a outra está parada desde 2008. A declaração de Rischmüller de que Dilma sabia das operações já fora feita em julho de 2007, durante uma reunião, no Rio de Janeiro, entre Eletrobras, Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) e KfW.

A afirmativa consta de um documento sobre o encontro (leia acima), incluído pelo banco na ação judicial. De acordo com o texto, assinado por Rischmüller, Dilma teria visto, em janeiro de 2006, a apresentação em Frankfurt sobre o financiamento das usinas. Dela constava a informação de que as garantias de pagamento ao banco seriam dadas por uma subsidiária da Eletrobras, a CGTEE. Essas garantias são ilegais e não poderiam ser concedidas por uma empresa estatal, de acordo com a Lei da Responsabilidade Fiscal.

A reportagem de ÉPOCA repercutiu na campanha eleitoral e foi apresentada na propaganda na televisão do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, como mais um escândalo petista. Homem de confiança de Dilma no setor elétrico, Cardeal, segundo o KfW, teria conhecimento, desde o início, da emissão de garantias ilegais e fraudulentas pela CGTEE, para que duas empresas privadas brasileiras, Winimport e Hamburgo, obtivessem o empréstimo internacional. Por ter assinado as garantias ilegais, Carlos Marcelo Cecin, diretor técnico da CGTEE, foi preso pela Polícia Federal, demitido e responde a processo na Justiça Federal.


A Justiça espera agora para ouvir outro personagem fundamental para esclarecer a história: o empresário chileno naturalizado alemão Erwin Jaeger, que fala bem português. Ele é acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de ser o mentor do golpe. Jaeger foi um dos membros da delegação do Brasil na conferência de Frankfurt, chefiada por Dilma, então ministra da Casa Civil. Embora participasse de uma comitiva que reunia membros do governo e de estatais brasileiras, Jaeger representava uma multinacional privada: a alemã CCC Machinery, fornecedora de equipamentos para usinas interessada em fazer negócios no Brasil. Três meses antes, Jaeger organizara uma viagem de trabalho de autoridades brasileiras à Alemanha. Ele acompanhou Valter Cardeal, então presidente interino da Eletrobras, e Carlos Cecin, da CGTEE, em visita à CCC Machinery.

Um dos sócios da Winimport, o empresário Luciano Prozillo diz que Jaeger teve papel fundamental no negócio. “Fui com ele algumas vezes à Alemanha. Foi ele quem estruturou a operação com o financiamento pelo banco e a venda dos equipamentos pela CCC Machinery”, afirma. Em entrevista a ÉPOCA, Prozillo disse que, no caso da Winimport, o negócio foi acompanhado passo a passo pelos técnicos e dirigentes da Eletrobras. “Em nossos empréstimos e avais não houve falsificação.” A denúncia de que assinaturas de diretores da CGTEE e atas de reunião foram falsificadas se refere ao empréstimo de e 109,9 milhões do KfW à empresa Hamburgo Energia. Nesse negócio, Jaeger também atuou.

Jonas Oliveira
O DESPERDÍCIO
A obra de usina de biomassa inacabada no Paraná (acima) e o documento em que o executivo alemão Ludolf Rischmüller afirma que Dilma sabia desde 2006 das garantias dadas ao projeto pela subsidiária da Eletrobras
   Reprodução

Na semana passada, em nota distribuída pela Eletrobras, Cardeal afirmou que só soube dos empréstimos e das garantias para o financiamento das usinas em maio de 2007, quando o KfW cobrou a conta atrasada da CGTEE. Tal versão é contestada por Cecin. Em depoimento à Justiça Federal, ele afirmou que intermediou uma reunião entre Cardeal e Jaeger em 2005, na sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro. Segundo Cecin, depois que Jaeger fez a apresentação do projeto, Cardeal se mostrou entusiasmado. “E se virou para mim e disse: ‘Cecin, toca esse projeto’.”

Procurado por ÉPOCA, o advogado de Jaeger, Dárcio Vieira Marques, disse que seu cliente está disposto a colaborar e virá ao Brasil em novembro para prestar esclarecimentos. Ele tem muito a falar. Em seus depoimentos, Cecin e Prozillo disseram que os projetos das usinas de biomassa foram amplamente discutidos na diretoria e no Conselho de Administração da CGTEE. Segundo eles, todos sabiam o que estava acontecendo. Pela quantidade de personagens e pelo dinheiro envolvido, há muito a esclarecer. Jaeger terá a oportunidade de mostrar a qualidade de seu português diante da Justiça brasileira.

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