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MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
O ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Jr. afirmou à Folha que o advogado Pedro Abramovay, seu ex-colega no ministério e atual secretário nacional de Justiça, reclamou diversas vezes do que considerava ser a pior parte do seu trabalho --fazer dossiês. "Ele vivia dizendo que era um saco ter de fazer esses dossiês."
A revista "Veja" afirmou ontem que Abramovay disse a Tuma Jr. que as ordens para confecção de dossiês partiam da ex-ministra da Casa Civil e atual candidata à Presidência, Dilma Rousseff, e do chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho.
De acordo com a reportagem, Abramovay disse a Tuma Jr.: "Não aguento mais receber pedidos da Dilma e do Gilberto Carvalho para fazer dossiês. (...) Eu quase fui preso como um dos aloprados".
A revista não traz informações se os dossiês supostamente encomendados por Dilma e Carvalho foram efetivamente produzidos nem sobre quais temas tratariam.
Por meio da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho negou ter pedido confecção de dossiês para o advogado.
ABRAMOVAY NEGA
Abramovay não foi localizado ontem. Ele negou à "Veja" ter recebido algum pedido para fazer dossiês.
As assessorias da campanha de Dilma, do Ministério da Justiça e da Polícia Federal não se manifestaram até a conclusão desta edição.
Segundo a "Veja", o diálogo travado entre Tuma Jr. e Abramovay foi gravado, mas a data e as circunstâncias não foram reveladas.
O segundo diálogo divulgado pela reportagem menciona uma reunião ocorrida entre Tuma Jr., o ministro da Justiça, Luiz Barreto, e sua chefe de gabinete, Gláucia Paiva. No encontro, segundo a revista, Barreto reclamou não ter ascendência sobre o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.
GRAVAÇÃO
Tuma Jr. disse ontem à Folha suspeitar que a conversa com Abramovay tenha sido gravada pela Polícia Federal por meio de escuta ambiental, feita com gravadores instalados no seu gabinete no Ministério da Justiça.
Ele diz não saber se a gravação foi autorizada pela Justiça. Segundo Tuma Jr., esses diálogos não fazem parte da transcrição do inquérito que a PF instaurou para investigá-lo sob suspeita de ter ajudado chineses ilegais a obter vistos no Brasil.
Abramovay foi secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça até abril deste ano. Deixou o cargo para disputar um posto no escritório das Nações Unidas para o Combate ao Crime e Drogas, em Viena. Mas acabou no lugar de Tuma Jr., quando ele foi demitido do cargo em junho.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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