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JEAN-PHILIP STRUCK
ENVIADO A FOZ DO IGUAÇU (PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em Foz do Iguaçu (PR) que o Brasil "não pode ser um país rico cercado por países pobres".
"Como país de maior população e de maior PIB, é obrigatório [haver] a solidariedade com nossos vizinhos de fronteira. Não adianta o Brasil ser rico cercado por países pobres. O Brasil tem que se tornar um país rico, mas também tem que ter vizinhos ricos."
O presidente também falou das relações comerciais com os países vizinhos. "A elite brasileira queria a Alca [Área de Livre Comércio das América], mas nós queríamos o Mercosul fortalecido. Hoje não se fala mais em Alca", disse Lula.
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"Antigamente os presidentes do Brasil e da Argentina ficavam brigando para ver quem era mais amigo do Bill Clinton [ex-presidente dos EUA], da Margaret Thatcher [ex-primeira-ministra da Inglaterra]. Agora conquistamos a autoestima, nós temos orgulho."
No mesmo discurso, Lula também disse que quase pensou em desistir da política após a eleição de 1982, quando foi derrotado na disputa pelo governo de São Paulo, mas que, em 1985, o ditador cubano Fidel Castro o reanimou e o fez notar que o resultado tinha um lado bom.
"Levei 1,25 milhão de votos, e me senti o mais derrotado dos seres humanos. Nunca pensei tanto em desistir da política como em 82. Em 1985, o Fidel então me alertou para uma coisa que me reanimou. 'Caro companheiro Lula, não existe na história da humanidade nenhum operário que tivesse recebido até então 1,25 milhão de votos'. Isso me deu ânimo."
As declarações foram feitas na aula inaugural da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), instituição de ensino superior bilíngue que reúne estudantes brasileiros e da América Latina. A universidade ainda funciona num prédio provisório, cedido pela usina de Itaipu. Está prevista a construção de um campus projetado pelo escritório do arquiteto Oscar Niemeyer. O investimento é de R$ 306 milhões.
Mais cedo, em outro evento em Foz do Iguaçu, Lula disse que o Brasil "está virando exemplo na erradicação da pobreza".
Na visita de dois dias que realiza em Foz do Iguaçu, o presidente Lula não falou com os jornalistas até o momento e evitou coletivas de imprensa. Nos eventos em que compareceu, sempre ao lado de nove ministros de Estado, Lula se limitou na maior parte a ler discursos preparados de antemão.
Mesmo nos momentos de improviso não falou da sucessão presidencial ou dos casos de quebra de sigilo na Receita Federal.
Agora à noite, está previsto que o presidente participe de um comício eleitoral na cidade ao lado da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). Também deve comparecer o candidato ao governo do Paraná Osmar Dias (PDT).
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