[Valid Atom 1.0]

domingo, 18 de abril de 2010

Portugal


Portugal

NATO: Viriatos
modernizam-se com
novos blindados Pandur II

Por Pedro Manuel Monteiro
(http://pedromonteiro-photography.blogspot.com)

Nos dias anteriores, nem a chuva, nem as baixas temperaturas do rigoroso Inverno no interior de Portugal reduziram a intensidade do treino dos militares do Regimento de Infantaria nº 14 de Viseu. Os Viriatos, como são conhecidos, atravessam um período de profunda transformação para adaptar esta unidade secular aos novos desafios. Defesa Net acompanhou os seus treinos no terreno e foi conhecer os seus novos blindados Pandur II.

Um regimento histórico para o novo século

Este regimento, localizado na cidade de Viseu, na região interior de Portugal, tem como encargo operacional o 2º Batalhão de Infantaria da Brigada de Intervenção, a força de combate média do ramo militar (1). O 14 de Infantaria, como também é conhecido, é exemplo das profundas mudanças que a reorganização de 2006 do Exército português trouxe. Neste caso, os novos blindados Pandur II (2, 3) são apenas uma faceta visível desta mudança: a unidade evoluiu do anterior figurino de infantaria ligeira para um de infantaria motorizada, capaz de responder a novas missões, incluindo operações de combate em conflitos de média intensidade.

Mas falar dos Viriatos é também falar de um dos mais antigos regimentos portugueses, com um património histórico e militar rico. A sua fundação remonta a 1806 e, logo nessa altura, é um elemento activo na defesa do território nacional durante as Invasões Francesas. Em 1842 o regimento estabelece-se na região Beira Alta. O próprio dia da unidade evoca um dos feitos do regimento: a sua participação na Primeira Guerra Mundial, de 1917 a 1918, e o seu esforço nas acções de combate na Flandres contra as tropas alemãs.


Viseu: A casa do 2º Batalhão de Infantaria


A modernização da unidade de Viseu reflecte-se em vários domínios, seja na profissionalização dos seus efectivos, nos aspectos doutrinários, nos equipamentos ou nas próprias infra-estruturas. Embora o actual aquartelamento date de 1951, tem sofrido melhorias constantes para as adequar às necessidades do regimento. Por exemplo, em Março de 2008, foi inaugurado o moderno edifício de comando do 2º Batalhão de Infantaria e está em curso a construção de novas garagens e estruturas de apoio para a frota de Pandur II.

Este é o regimento do Exército português que se encontra sedeado há mais tempo numa mesma localidade. Ciente da importância desta ligação, o Regimento de Infantaria nº 14 desenvolve regularmente iniciativas destinadas à população local e órgãos de comunicação social para, por um lado, divulgar as suas missões e, por outro, promover o recrutamento de novos elementos. Iniciativas essas que têm tido uma forte adesão da população local: por exemplo, em 2009, no âmbito do dia aberto à população mais de 1000 pessoas visitaram os aquartelamentos, conhecendo o dia-a-dia dos militares de Viseu, as missões militares e de interesse público que levam a cabo, experimentando equipamentos e conversando com os militares.

Segundo o Tenente-Coronel João Godinho, que comanda o 2º Batalhão de Infantaria desde Agosto de 2008, este batalhão está desde 2000 em Viseu. Hoje, defende o legado e tradições da Infantaria da Beira em missões nacionais e, para lá das fronteiras do país, nas cada vez mais frequentes missões de paz no exterior.


Nova estrutura

A estrutura orgânica do batalhão, aprovada em Agosto de 2009, prevê um efectivo de 631 militares distribuídos pelas seguintes unidades: um estado-maior, três companhias de atiradores, uma companhia de apoio de combate e uma companhia de comando e serviços. Actualmente, existem duas companhias de atiradores levantadas, estando prevista a constituição de uma terceira.

O estado-maior conta com um núcleo de oficiais e sargentos especialistas em várias áreas – como, por exemplo, pessoal (S1), operações (S2), informações (S3) e logística (S4). Por sua vez, cada companhia tem uma identidade própria. A 1ª Companhia de Atiradores é conhecida por Touros, a 2ª Companhia por Águias e a Companhia de Apoio de Combate por Mochos. Ao nível da sua estrutura e meios, cada companhia de atiradores possui uma secção de comando (com uma Pandur II de transporte de pessoal), três pelotões de atiradores (com quatro viaturas Pandur II de transporte de pessoal cada), uma secção canhão (com a variante da Pandur II armada com a torre SP30 canhão de 30mm) e uma secção de manutenção. A inclusão desta secção de manutenção na orgânica das companhias de atiradores é, aliás, um bom exemplo das mudanças associadas à operação das novas Pandur II, diz o Tenente-Coronel João Godinho.

Outra novidade na orgânica é a inclusão de uma capacidade de mini-UAVs na Companhia de Apoio de Combate, embora provenientes da Escola Prática de Artilharia, em Vendas Novas. A Companhia de Apoio de Combate tem, igualmente, prevista na sua estrutura um pelotão de reconhecimento, um pelotão com morteiros pesados, um pelotão anti-carro e uma valência de vigilância do campo de batalha. Já a Companhia de Comando e Serviços inclui, por exemplo, as transmissões, manutenção e serviços sanitários.


Uma intensa actividade operacional

Este é um batalhão com uma intensa actividade operacional, dentro e fora de Portugal. Nas missões no estrangeiro incluem-se, por exemplo, o aprontamento, em 2001, de um contingente de 898 militares para a missão de paz em Timor-Leste (UNFAET) e, mais recentemente, em 2009, o aprontamento de uma unidade OMLT (Operational Mentor Liasion Team) para o Afeganistão. As missões da Bósnia-Herzegovina, Kosovo e Líbano foram teatros de operações pelos quais já passaram os Viriatos. Tudo aponta para que, em 2011, o 2º Batalhão de Infantaria seja, uma vez mais, destacado para o Kosovo.

No plano operacional, um dos aspectos menos conhecidos, mas que reflecte a aposta do Exército português nesta área e as próprias ameaças actuais, é a existência de um pelotão de infantaria em Viseu com capacidade para combater em cenários de ameaça NBQ, o qual realiza semanalmente pelo menos duas horas de treino orientado para estas operações, revela o Tenente-Coronel João Godinho.

O Tenente-Coronel João Godinho recorda também, com visível orgulho, o papel dos militares de Viseu nas comemorações do Dia do Exército em Faro quando uma pequena equipa, apenas alguns dias depois de um exercício de campo, foi responsável pela adaptação do estádio do Algarve para receber 500 militares e respectivos equipamentos e viaturas que participaram no desfile militar comemorativo e actividades. Um trabalho de organização que chamou mesmo a atenção da Protecção Civil que quis conhecer os procedimentos usados - uma vez que, em caso de catástrofe, o estádio poderá receber as populações evacuadas.

Dando continuidade a uma ligação próxima da Brigada de Intervenção com a espanhola BRILAT (Brigada Ligeira de Infantaria Aerotransportada) (1), Viseu participou com uma companhia, em Novembro, no exercício anual conjunto “Sagitário” que teve lugar na região de Léon. Um mês depois, no exercício “Alvo”, foi treinado fogo real com o armamento colectivo do batalhão em Santa Margarida e, inclusivamente, treinado o fogo em movimento com as novas viaturas Pandur. Neste ano, o maior desafio operacional foi o exercício anual de batalhão, o “Marte”, no mês de Março. Mais de 300 militares participaram no exercício em Almeida, na região da Guarda. Segundo o Tenente-Coronel João Godinho foi criado um cenário de uma operação de imposição de paz, em moldes idênticos aos do Afeganistão. A própria geografia da região, mais plana, permitiu avaliar as potencialidades de emprego táctico das Pandur, explica.


Pandur II

Passado menos de um ano da chegada dos primeiros Pandur II a Viseu, em Março de 2009, os militares de Viseu continuam um intensivo processo de treino e familiarização com os aspectos técnicos e tácticos ligados à operação destes meios blindados. Defesa Net teve oportunidade de acompanhar, no terreno, um desses treinos que decorreu na área de Nossa Senhora do Crasto, a alguns quilómetros de Viseu. O cenário é típico das terras beirãs: geografia irregular, árvores de grandes dimensões, vegetação rasteira e caminhos de terra estreitos e sinuosos. Com escotilhas abertas, nas quais se dispõem os atiradores em alerta com as suas espingardas automáticas HK G-3 de 7,62mm as viaturas seguem em coluna. Com visível entusiasmo, o Capitão Moura, comandante da companhia Touros, acompanha os treinos dos seus militares e a sua capacidade para manobrar uma viatura blindada de mais de 18 toneladas numa área com aquelas características. Sem ceder à intensa chuva que se abateu na região por aqueles dias, estes militares treinam acções de combate e reconhecimento topográfico.

Até ao momento, Viseu recebeu 26 blindados Pandur II, todos da versão base destinada ao transporte de pessoal (ICV, Infantry Carrier Vehicle), que equipam a Companhia de Atiradores e Companhia de Apoio de Combate. No total, estão previstas 69 viaturas que irão equipar as três companhias de atiradores do 2º Batalhão de Infantaria e unidades de apoio. A par da versão ICV, o batalhão deverá, assim, contar com viaturas posto de comando, ambulância, recuperação e manutenção, porta-morteiro de 120mm, anti-carro com míssil Tow e a versão equipada com uma torre SP30 com canhão de tiro rápido de 30mm. Nesta fase inicial, equipas de manutenção da Steyr têm dado todo o apoio necessário à reparação e manutenção dos veículos de Viseu.

Conclusões

O futuro aponta para que, concluídas as mudanças na sua orgânica, a recepção de equipamentos e a formação do pessoal, o regimento de Viseu passará a contar com um batalhão de infantaria moderno e flexível. Isto é, uma unidade central dentro no conjunto do Sistema de Forças Nacional para responder aos desafios e missões do novo século.

Agradecimentos

Defesa Net agradece ao comandante do Regimento de Infantaria nº 14, Coronel Cunha Porto, pela oportunidade de visitar a unidade e contactar com a sua actividade operacional. Estes agradecimentos estendem-se a todos os militares do 2º Batalhão de Infantaria pelo apoio dado nesta reportagem e, em especial, ao seu comandante, Tenente-Coronel João Godinho.


DefesaNet

Referências

Portugal: Unidade do Exército testa capacidades de comando em exercício - DefesaNet 2008
(1) http://www.defesanet.com.br/nato/pt_dragao.htm

NATO: Portugal emprega novos blindados Pandur II em exercício - DefesaNet 2009
(2) http://www.defesanet.com.br/nato/pt_pristina09.htm

Portugal moderniza a sua frota de blindados com o Pandur II - DefesaNet 2007
(3) http://www.defesanet.com.br/afv1/pt_pandur.htm




๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑







LAST





Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters