O trabalho de resgate é muito difícil. Os bombeiros tentam encontrar, no meio de toneladas de terra, vítimas dos deslizamentos que soterraram uma pousada na Ilha Grande.
Deslizamentos de encostas na virada do ano deixaram, até às 20h15 desta sexta-feira (1), 29 mortos em Angra dos Reis, no litoral sul do estado do Rio; 19 em uma única praia na Ilha Grande, onde a terra soterrou moradores e turistas.
A equipe do Jornal Nacional esteve desde cedo na região e acompanhou todo o trabalho de resgate e o drama das vítimas.
Durante o dia, a água da chuva ainda descia da encosta como cachoeira – um cenário de destruição. O trabalho de resgate do Corpo de Bombeiros é muito difícil. Eles tentam encontrar no meio de toneladas de terra vítimas da tragédia.
“O volume de terra é fantástico. Eu ainda não pude precisar quantas toneladas de entulho de que escorregou do alto do morro atingiram essas residências e essa pousada”, disse o secretário da Defesa Civil, coronel Pedro Machado.
A todo momento, bombeiros resgatavam corpos no meio dos escombros. Moradores da praia passaram em desespero o primeiro dia do ano.
Um caseiro perdeu nove parentes. “Meu irmão, minha neta, minha cunhada, sobrinho”, lamentou o caseiro Charles Pereira.
A pousada atingida foi construída em 1994 e tinha 12 quartos. Ainda não se sabe o numero de pessoas que estavam hospedadas.
Os donos - um casal de Belo Horizonte - fugiram a tempo, segundo parentes. Mas ainda de acordo a família, a filha deles e um grupo de dez amigos não conseguiram escapar.
Os bombeiros da Ilha Grande tiveram que receber reforços do Rio de Janeiro. Mais de cem homens trabalham no local. Militares da Marinha e policiais também foram chamados.
Um delegado da Polícia Federal se surpreendeu quando chegava de lancha para ajudar.
Nove dos mortos confirmados até às 20h15 de hoje (01) estavam na parte do município de Angra dos Reis que fica no continente.
Os deslizamentos começaram no fim da noite, quando famílias esperavam pela virada do ano.
Do alto, é possível ver 30 pontos de desmoronamentos nas encostas de Angra. O maior deles foi no Morro da Carioca, no Centro. A terra deslizou levando a vegetação, pedras e muito barro em direção às casas. Tudo o que estava no caminho foi destruído. Se não fosse o último dia do ano, a tragédia seria ainda pior.
Moradores que aguardavam a virada ouviram o barulho do barranco descendo. Mas nem todos conseguiram fugir. Foram momentos de desespero. Cinco casas ficaram soterradas.
Os corpos foram encontrados ao longo do dia. Duzentos e cinquenta homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil trabalham no resgate.
O trabalho de buscas dos corpos é muito difícil. Muitas casas destruídas ficavam no alto da encosta e é praticamente impossível chegar ao local com máquinas ou equipamentos pesados. Tudo é feito manualmente e voluntários ajudam.
Segundo a Defesa Civil, 600 pessoas estão desabrigadas em todo o município.
“A gente pede que as pessoas tenham essa compreensão e saiam de casa porque, se chover mais um pouco, nós vamos ter problemas. Depois de três dias de chuva, é perigoso”, destaca o vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.
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