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sábado, 24 de outubro de 2009

O poder embriaga


Josué Maranhão - 23/10/2009

REFÚGIO – O poder embriaga. Não estou falando nenhuma novidade. Inebria desde o Inspetor de Quarteirão, que tem apenas um cassetete e um apito, passando pelo soldado ou o policial que tem uma arma de fogo e se considera “otoridade”.

Com o presidente da República ou o juiz presidente da mais alta corte do país, a convicção de que pode mandar provoca o que hoje se chama de “surto”. Mais do que a embriaguez decorrente da ingestão de álcool, passando pelo uso de drogas, nada leva mais à alucinação, ao descontrole, do que a sensação de que se tem o poder.

Daí até o abuso, o descalabro, o caminho é curto. Veja-se o exemplo da catástrofe que foi a brilhante idéia de Nero, quando resolveu incendiar Roma, passando por Napoleão e muitos outros. Até Bush, quando partiu para a aventura que entendia ser uma brincadeira de criança, invadiu o Iraque e deu no que deu: entrou numa fria e, passados mais de seis anos, milhares de norte-americanos morreram e está muito longe de surgir no horizonte uma solução.

No Brasil, obviamente, não poderia ser diferente. Por mais abençoado por Deus que seja o país, sempre ocorrem absurdos, por conta do uso indevido do poder.

Durante o período do império, no Brasil, ocorreram abusos, obviamente. Mas há a característica especial que era a natureza do próprio regime . No correr dos anos, um presidente-ditador, conhecido como o “pai dos pobres”, prendeu e entregou aos carrascos nazistas a esposa do líder político, judia, grávida, sabendo que seria jogada no campo de concentração, onde viria a falecer.

Anos e anos depois, um “filhinho do papai”, achando-se o todo poderoso, confiscou o dinheiro do povo, provocando uma das maiores devastações nas finanças dos brasileiros. Terminou escorraçado, acusado de ser o líder de uma quadrilha de ladrões. Deu até a volta por cima e hoje é ilustre, impoluto, probo e puro, bajulado Senador da República.

Também em tempos recentes, um imaculado Senador, aquele que possui terras suspensas na atmosfera, esnoba e humilha, usando, descaradamente, do poder de líder da maioria

Diante dos antecedentes, no Brasil e alhures, ninguém deveria estranhar quando o presidente da República, qual novo Anhanguera, embrenha-se pelo sertão, carregando toda a “entourage”, espalha tapete vermelho no chão árido e, como não poderia deixar de ser, é acolitado por sua auxiliar preferida, imprescindível, apenas com a incumbência de, bloco em punho, anotar tudo que ele fala (e como fala!). Não importa que, por mera coincidência, venha a ser também a candidata ao trono, em 2010. Tudo isso por conta dos cofres públicos.

Embora e apesar de tudo isso, ultrapassam os limites do bom senso as atitudes de juízes, quando, também acometidos da embriaguez do poder, adotam posições absurdas. Logo eles que deveriam manter-se sóbrios e conscientes.

O que não se justifica, por exemplo, é o juiz presidente da mais alta corte do país, já conhecido como falastrão, se embriagar com o poder e se deixar atrair pelos flashes e holofotes. Deita falação, quase todos os dias, imiscuindo-se indevidamente em assuntos e temas polêmicos e que, com muita probabilidade, chegarão ao seu tribunal e, aí sim, vai ser chamado a se manifestar julgando. Discorrer como cidadão comum sobre matéria que, é muito factível, vai ter que atuar nos autos como juíz, é também abuso de poder, certamente em decorrência da embriaguez que o mando confere.

Também constitui irrefutável escorrego de quem se embriaga com o poder, o fato de um outro juiz, igualmente da mais alta corte do país, em meio a um julgamento polêmico, quando se vê na iminência de ter a sua tese vencida pela maioria, usando de filigrana regimental, consegue adiar o final do julgamento. Pior, ainda, é saber que o adiamento propiciará, muito provavelmente, que diante da chegada de um novo juiz, a tese que seria vencida venha a se tornar vencedora. Tudo é pior, quando se sabe que o caso envolve a impunidade de um criminoso, assassino condenado em diversas instância de um outro país, que terá frustrado o pedido de extradição.

Os exemplos são milhares e na maioria dos casos afetam a vida da nação. Infelizmente não dispõe o povo de meios para conter os desmandos e abusos daqueles que, inebriados pelo poder, abusam do mando.








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