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terça-feira, 21 de abril de 2009

Pesquisa desenvolve software para tratamento de habilidades auditivas

O programa foi parte do trabalho de doutorado da fonoaudióloga Cristina Ferraz Borges Murphy, intitulado Desenvolvimento de software para treinamento auditivo e aplicação em crianças com dislexia

Agência USP de Notícias

Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina (FM) da USP foi base para a criação de um software para o tratamento de problemas relacionados à percepção auditiva. O software foi parte do trabalho de doutorado da fonoaudióloga Cristina Ferraz Borges Murphy, intitulado Desenvolvimento de software para treinamento auditivo e aplicação em crianças com dislexia.

Como afirma a própria pesquisadora, "dislexia é um tipo de transtorno de aprendizagem que se caracteriza, principalmente, pela dificuldade para aprender a ler e escrever, dificuldade para se alfabetizar." O estudo, contudo, partiu da linha de pesquisa adotada por Cristina, que relaciona as dificuldades de leitura com problemas de percepção auditiva. A partir daí, um programa de computador que visava melhorar o Processamento Temporal Auditivo (PTA) foi desenvolvido para ser testado em um grupo de crianças disléxicas.

O PTA é uma habilidade de percepção auditiva que requer um processamento rápido dos estímulos. Cristina cita como exemplo de som que requer estímulos rápidos as consoantes, que são sons mais rápidos que as vogais e "requerem um processamento temporal auditivo integro, para que possam ser discriminados".

A partir de um software norte-americano, foram desenvolvidos dois jogos de computador para o treinamento auditivo, um não-verbal e um verbal. O jogo não-verbal visava principalmente estimular a percepção e diferenciação de sons agudos e graves. Já o jogo verbal visava a diferenciação de sílabas, principalmente em consoantes de som parecido, como "p" e "b" ou "v" e "f". Neste caso, houve uma expansão do tempo de produção deste som, a chamada "fala expandida" para facilitar o processo de discriminação.

Pesquisas



A pesquisa desenvolvida por Cristina foi dividida em duas etapas. Na primeira delas, as 40 crianças disléxicas selecionadas foram divididas em dois grupos: um deles praticava o jogo quase diariamente e era submetido à terapia fonoaudiológica; o outro só fazia os trabalhos fonoaudiológicos comuns a esse tipo de transtorno. Esta primeira parte do trabalho durou cerca de dois meses.

Na segunda etapa, as crianças que não tiveram contato com o jogo na primeira parte da pesquisa, tiveram a possibilidade de utilizar por dois meses o software. No primeiro caso, foram realizados testes para analisar desenvolvimento leitura e de percepção auditiva antes e depois do contato com o jogo. No segundo, as crianças foram analisadas no início da primeira pesquisa, logo antes do primeiro contato com o jogo e depois de dois meses de utilização do software.

Para o desenvolvimento pleno da pesquisa, os pesquisados deveriam "brincar" com cada jogo por 20 minutos, cinco vezes por semana.

Resultados



Foram analisadas diversas habilidades de leitura e de processamento temporal. No caso das habilidades de leitura, a diferença entre os valores encontrados no pré e pós treinamento não apresentaram diferenças significativas a ponto de ser considerado conseqüência da utilização do software.

Segundo Cristina, algumas hipóteses podem ser consideradas: as características do software podem ter influenciado, ou até mesmo, as características do grupo. Isso aconteceria porque o software original foi testado nos Estados Unidos com crianças com diversos tipos de distúrbios, não somente disléxicas.

Já em relação ao processamento temporal, as diferenças nas capacidades das crianças antes e depois do treinamento, foram bastante relevantes. As melhores e mais importantes foram em relação ao "período de freqüência", ou seja, a habilidade de diferenciar e ordenar sons agudos e graves, e em relação ao "período de duração", que está ligado processo de diferenciar e ordenar sons longos e curtos.

A fonoaudióloga entende que hoje esses jogos teriam como principal função treinar o PTA, mas futuramente, com o aprimoramento do software, ele poderá ser utilizado para treinamentos de discriminação da fala, ou seja, para auxiliar pessoas com dificuldades de pronunciar determinados fonemas ou que confundem determinadas letras.

A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e contou com o auxílio da Associação Brasileira de Dislexia para seleção dos participantes. O trabalho de Cristina é um dos candidatos ao prêmio anual da Academia Americana de Audiologia. A premiação acontece em abril, em Dallas, no estado do Texas (EUA).



Mais informações: email crist78@usp.br, com Cristina Ferraz Borges Murphy

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