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domingo, 15 de março de 2009

Teste errado faz grávida viver drama de ser portadora do vírus da Aids por 45 dias em SP


Plantão | Publicada em 15/03/2009 às 13h53m

EPTV

SÃO PAULO - Uma dona-de-casa de 26 anos ficou 45 dias acreditando que era portadora do vírus HIV em Ribeirão Preto, a 319 km de São Paulo, no norte do estado. Segundo reportagem do jornal "A Cidade", em janeiro do ano passado, Dulce (nome fictício) coletou sangue para fazer exames de acompanhamento de gravidez no Núcleo da Saúde e Família, no Sumarezinho, e, foi surpreendida com a notícia.

- Fiquei desesperada e entrei em pânico. Foram dias de terror. O médico disse para não me preocupar porque era só tomar o coquetel e que a doença não matava - conta.

Ao chegar em casa, a primeira reação que teve foi colocar o marido contra a parede.

- Eu estou casada há 10 anos e perguntei com quem ele havia saído. Ele negou e eu disse que o meu exame deu Aids e que se alguém tinha feito algo de errado era ele. Fiquei dias chorando e com medo do meu bebê nascer com a doença.

Em casa, o marido também sofria com a reação da esposa. Ela ficava o dia todo deitada, não comia e apenas chorava.

- Eu ia trabalhar empurrado porque só via minha mulher chorando e deitada na cama. Olhava para uma das minhas filhas que é magrinha e achava que ela também tinha a doença - afirmou.

O médico do Núcleo de Saúde IV do Sumarezinho encaminhou a paciente para o Hospital das Clínicas, o único que tem condições de dar atendimento às grávidas soropositivas.

- No hospital fui colocada no grupo de apoio as pacientes e ao realizar os exames uma das moças que me atendeu teve contato com o meu sangue. Ai, fizeram novos exames e então descobriram que eu não tinha a doença.

Mas o drama de Dulce não terminou. A tensão pode ter desencadeado nela diabetes gestacional. Dulce acredita que poderia ter superado o problema com mais rapidez se tivesse recebido orientação psicológica. Depois do nascimento do bebê, ela fez e pagou, com dificuldades, oito sessões de uma psicóloga.

- Frequentar a psicóloga tem me ajudado muito, mas não tenho dinheiro para fazer o tratamento corretamente - disse.

Ela pretende processar a prefeitura por dano moral.

- Ela teve prejuízos emocionais e a vida dela se transformou em um verdadeiro inferno - afirmou o advogado Alexandre Durante.

Em Ribeirão Preto, gestantes com HIV são encaminhadas para o Hospital das Clínicas, campus da USP, onde entram para um grupo de apoio e recebem orientação de como lidar com a doença. Durante toda a gravidez, a gestante vai tomar o AZT, remédio usado para evitar que a doença passe para o filho. No momento do parto, ela será medicada com o AZT injetável e o bebê, com o AZT xarope. O bebê é acompanhado pelos médicos até completar 18 anos. As mães soropositivas não devem amamentar a criança, porque o leite materno transmite a doença. Sem um tratamento adequado, entre 15 a 30% das crianças nascidas de mães soropositivas adquirem o vírus durante a gestação, parto ou através da amamentação.

Saúde pode abrir sindicância

A Secretaria Municipal de Saúde pode abrir uma sindicância para apurar se o médico que atendeu a gestante do Núcleo de Saúde IV do Sumarezinho errou ao encaminhá-la para o Hospital das Clínicas sem receber o resultado do segundo teste do HIV.

A sindicância é aberta se for feita uma queixa formal contra o médico. "Por ela estar já no quinto mês de gravidez, na ocasião, acredito que ele (o médico) a encaminhou rapidamente para evitar a transmissão da doença ao bebê. Não quero fazer julgamentos, mas acredito que foi excesso de zelo", disse Fátima Regina.

Segundo ela, todos os médicos são orientados a pedir o segundo exame para confirmar se a gestante tem ou não a doença. "A primeira amostra do sangue foi feita no laboratório do Castelo Branco e a segunda foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz. Este segundo exame deve ter demorado e por isto o médico mandou a paciente ao Hospital das Clínicas, onde ela receberia todos os cuidados".

Fátima conversou com o médico da paciente e ele informou que disse a Dulce (nome fictício) que aguardava o resultado do segundo exame para saber se ela era ou não portadora do vírus HIV.

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