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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Inteligência Hormonal

Surge no mundo corporativo uma nova ferramenta para ajudar homens e mulheres a impulsionarem a carreira. Saiba o que é e como te ajudará a dar um upgrade em sua vida profissional

Adriana Natali

Melhorar o desempenho e alcançar resultados com mais eficiência no trabalho são objetivos de todo profissional. Mas para isso é preciso também descobrir quais os caminhos que levam ao sucesso. Nos últimos tempos, muito tem se falado sobre os vários tipos de inteligências, entre elas a emocional, a racional e por aí vai. Livros não param de surgir nas prateleiras tentando decifrar os enigmas que levam ao crescimento individual.

Recentemente, o médico Eliezer Berenstein, autor do livro A Inteligência Hormonal da Mulher, foi mais longe em suas pesquisas e trouxe para o ambiente de trabalho as diferenças hormonais entre homens e mulheres como mais um aliado nessa batalha.

Ele aponta saídas para que ambos consigam tirar proveito dos hormônios. E também como o sexo oposto pode se beneficiar das características inerentes aos gêneros masculino e feminino. "Identificar os comportamentos baseados nas reações hormonais e saber administrá-los, traduzindo- os em ganhos, seja na vida pessoal como na profissional, signicaracterísfica dominar a inteligência hormonal", explica Berenstein.

Identificar os comportamentos baseados nas reações hormonais e saber administrá-los, traduzindo-os em ganhos, seja na vida pessoal como na profissional, significa dominar a inteligência hormonal

Nesse contexto, a Inteligência Hormonal entra como mais uma ferramenta na busca pelo sucesso profissional. Porém, por si só não vai garantir que um profissional seja bemsucedido. Ela surge como complemento a outros tipos de inteligência: a Emocional e a Racional.

Portanto, completa o consultor Carlos Hilsdorf, que também é pesquisador do comportamento humano e autor do livro Atitudes Vencedoras, é importante que o profissional compreenda que todas as inteligências atuam juntas e se comunicam entre si, e todas podem e devem ser desenvolvidas. "Todo conhecimento é útil quando liberta e nos remete a buscas por novos conhecimentos, porém é perigoso quando aprisiona e nos permite a ilusão de que um único fator é determinante em nossas interações com a vida", ressalta.

A origem
As diferenças hormonais entre os sexos não são nenhuma novidade, mas o termo Inteligência Hormonal, ainda pouco difundido no mundo corporativo, significa saber usar essas diferenças de forma que possam ser transformadas em crescimento profissional, melhoria na qualidade dos relacionamentos e aumento da produtividade.

Se antes as empresas eram dominadas pelos homens - quando muito as mulheres trabalhavam em cargos de menor importância -, hoje, muita coisa mudou. Elas invadiram o mercado de trabalho e também passaram a ocupar cada vez mais cargos de chefia. Segundo uma pesquisa realizada em 2005, pelo Grupo Catho, as mulheres ocupam 32,99% das vagas no mercado de trabalho no Brasil.

E essa mudança de cenário exigiu que os homens aprendessem a lidar com o sexo oposto, e vice-versa. "É essencial que ambos descubram que a diversidade pode ser benéfica ao ambiente profissional", ressalta Berenstein.




E é aí que surge o conceito de Inteligência Hormonal. No início, a idéia era melhorar a relação entre homens e mulheres, mas com os avanços, o foco também foi direcionado ao desenvolvimento individual através dos hormônios. "A Inteligência Hormonal foi criada com o objetivo de apoiar pessoas e organizações nesse processo de transformação. Nele, o foco está voltado ao desenvolvimento da consciência dos benefícios que os hormônios podem trazer", esclarece Berenstein.

Auto-conhecimento

Entretanto, para transformar teoria em prática, Berenstein explica que o profissional precisa aprender a importância dos hormônios para o organismo e como eles atuam nos indivíduos.

O ponto-chave e que representa a porta de entrada para o sucesso profissional é saber lidar com os diferentes comportamentos conduzidos pelos famosos hormônios. É uma forma de auto-conhecimento. É quando a pessoa consegue identificar suas reações em função dos hormônios e aprende a usar isso de forma que lhe traga vantagens. Não parece fácil, no entanto o resultado pode significar degraus a mais na escada da ascensão profissional.

Portanto, é fundamental entender que desenvolver a Inteligência Hormonal é o mesmo que desenvolver a habilidade de lidar com nossas particularidades, driblando as características limitadoras e aproveitando as oportunidades, frutos daquelas que são mais favoráveis.

O ponto-chave e que representa a porta de entrada para o sucesso profissional é saber lidar com os diferentes comportamentos conduzidos pelos famosos hormônios. É uma forma de auto-conhecimento

Exemplos práticos ilustram bem o que essa ferramenta pode trazer de bom para a vida de qualquer profissional. Durante a TPM (Tensão Pré-Menstrual), por exemplo, a maioria das mulheres fica mais agressiva. Ela pode transformar essa característica em atitudes mais ousadas e na execução de projetos que a princípio pareciam impossíveis ou que não estavam ao seu alcance. O homem por sua vez, pode reverter sua agressividade natural em determinação para realizar com mais afinco algumas tarefas.

Ritmos diferentes

É fato que tanto o homem quanto a mulher estão sob a influência dos hormônios. Contudo, as condições psicológicas, mentais e físicas afetam a produção deles. Estudiosos da área indicam que o comportamento hormonal da mulher é cíclico, enquanto do homem é linear. Por isso, sob a ótica hormonal, elas estão mais propensas às flutuações de humor.

Para o consultor Carlos Hilsdorf, a maior ou menor predominância de estrogênio, progesterona ou androgênio enquadra a mulher em um determinado perfil comportamental. "Ela deveria desenvolver um comportamento adaptativo aos 'excessos' e/ou 'carências' de cada período, conforme o tipo de hormônio predominante em seu ciclo menstrual", orienta Hilsdorf.

Já o homem, que tem um comportamento mais linear, deve, ao perceber que sua parte hormonal é fortemente orientada para a dominação (caça), compreender que esses aspectos ancestrais precisam ser gerenciados, dando ênfase maior ao desenvolvimento das outras inteligências - emocional e racional. O consultor alerta ainda que "o homem não deve permitir que as características ancestrais se manifestem de maneira mais intensa que a capacidade de desenvolver relacionamentos baseados na empatia, equidade e amor ao próximo".

Infelizmente, poucos dão importância às conseqüências causadas pelos hormônios. "A maioria das pessoas não percebe que muitas atitudes, as quais a primeira vista parecem normais, na verdade, estão sendo tomadas sob influência hormonal. Por esta razão, o principal desafio em um ambiente de trabalho é discernir se a raiz de um comportamento é esta", afirma Silvio Celestino, diretor da Enlevo, empresa especializada em treinamento de executivos.

A ciência explica

De acordo com o médico Eliezer Berenstein, o chamado dimorfismo cerebral esclarece por que as mulheres tantas vezes surpreendem ao interpretar atitudes e prever intenções alheias. Um exemplo? Ela fala ao telefone, pega um envelope com o motoboy, assina um documento e avisa para o colega ao lado que haverá reunião. É a habilidade de executar várias tarefas simultaneamente.

Já com os homens o quadro é diferente. Embora levem o rótulo de mais práticos e mais objetivos, eles, em sua grande maioria, não conseguem realizar duas tarefas ao mesmo tempo. Ou estão em reunião ou falando ao telefone com um cliente. O lema é: cada coisa na sua hora.

Não tem jeito. Os hormônios dão sinais de suas ações diária e constantemente. Temos a crença de que a razão comanda parte da emoção e, portanto, nossas ações. Porém, nossos hormônios fazem parte do sistema de inteligências que nos conduzem pela vida. Muitas vezes, a Inteligência Hormonal age de forma predominante em relação aos outros tipos, tais como a Racional e Emocional.

"Reconhecer as maneiras de pensar e de agir, específicas aos gêneros masculinos e femininos, tornam ainda mais críveis os processos de transformação. E esses processos são altamente benéficos para a melhoria de relações interpessoais nas empresas", afirma o médico Eliezer Berenstein.




O poder da transformação
Para efeito de relacionamento e carreira, as diferenças de personalidade, temperamento e caráter que existem entre duas pessoas terão sempre mais importância do que as diferenças de gênero, e suas derivadas, mesmo as bioquímicas, quando observadas isoladamente.

Para o consultor Carlos Hilsdorf, todo defeito é uma virtude em potencial, ou seja, uma virtude não trabalhada. Assim, a teimosia pode ser transformada em persistência; o ciúme pode transformar-se em um amor mais dedicado; a ansiedade e tendência à depressão podem ser transformadas em obras imortais, como provam a vida de tantos artistas e personalidades ao longo da História.

"Todas as características consideradas 'negativas' podem ser transformadas em vantagens competitivas se dermos um propósito, encontrarmos o seu sentido dentro das nossas vidas e administrarmos a direção que damos a elas", reforça Hilsdorf.

A teimosia (defeito) e a persistência (virtude), por exemplo, são muito parecidas. A grande diferença está no nível de consciência e na direção que estabelecemos a esta característica do nosso comportamento. "Os teimosos caminham em círculos, estão fechados em si e em seu universo, já os persistentes caminham em linha reta rumo a seu objetivo e estão abertos a contribuições que os ajudem a chegar lá", exemplifica o consultor.

Sem desculpas

Segundo Silvio Celestino, diretor da Enlevo, para lidar com determinadas situações é preciso, antes de qualquer coisa, contextualizar o fato e não permitir que a pessoa use os hormônios como desculpas para exageros.

Afinal, diz ele, se todos estão sob a influência de hormônios não se pode utilizá-los como desculpas para comportamentos indesejados. Se um funcionário está em desequilíbrio com os propósitos da organização, do departamento ou da tarefa, deve-se avaliar se não existe, na verdade, um desequilíbrio interno do indivíduo, e se esse não é ocasionado por alguma disfunção hormonal.

"A pessoa é a principal responsável pela identificação de um problema como esse. Até porque o convívio diário com alguém, por vezes, nos dá a sensação de que ela 'é assim' e até por questões éticas e de discrição não nos envolvemos com determinados comportamentos indesejáveis", explica Silvio Celestino.

A melhor forma de lidarmos com esses comportamentos pouco agradáveis é desenvolvermos e aprimorarmos o tempo todo a competência 'feedback'. "Muitos executivos fogem dessa prática porque não sabem como proceder e se sentem constrangidos em determinadas situações. Mas, se quiserem aperfeiçoar os comportamentos de seus liderados, devem se interessar em desenvolver essa habilidade e dar o feedback ao máximo", afirma o diretor da Enlevo.

E isso significa estabelecer canais de comunicação mais efetivos no ambiente de trabalho. Não adianta identificar comportamentos se isso não for revertido em aprimoramento profissional. Saber ouvir e falar com o outro é a forma para por em prática a Inteligência Hormonal.

Administre os hormônios
Encontrar o caminho das pedras, ou melhor, dos hormônios do bem, pode exigir do profissional muito esforço. No caso das mulheres, conscientes da irritabilidade de determinada fase do ciclo menstrual, podem usar lembretes para não reagirem impulsivamente ou de maneira agressiva - o que não fariam em outras ocasiões - pelo esquecimento de que o fator hormonal está afetando suas predisposições.

Conscientes dessas carências peculiares aos ciclos, elas devem ficar atentas para não tomarem decisões motivadas por esse aspecto. As mulheres devem tentar se manter atentas sobre que fator hormonal está afetando suas predisposições neste período para não cair nas armadilhas dos hormônios.

O homem, ciente dos fortes efeitos hormonais a que está submetido, precisa desenvolver a habilidade de lidar com diferentes repertórios de atitudes sem a ilusão de que as pessoas devem responder sempre da mesma forma diante das mesmas situações.

Ele deve ficar atento às suas próprias características para não comprometer o seu desenvolvimento profissional. Pois exigir que o outro tenha a mesma reação pode lhe custar caro, como por exemplo, o rótulo de intolerante. A flexibilidade e o poder de observação devem fazer parte do dia-a-dia do homem. E encontrar esse equilíbrio - entre ser exigente e flexível - é uma arma poderosa no ambiente de trabalho.

Se todos estão sob a influência de hormônios, não se pode utilizá-los como desculpas para comportamentos indesejados.




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