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sexta-feira, 25 de julho de 2008

Lula: governo não vai cortar gastos para reduzir inflação


BBC Brasil




Jair Rattner

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em Lisboa que o governo não vai cortar mais gastos para diminuir a inflação. Segundo Lula, o governo não tem margem de manobra para mais cortes.


"Não temos mais o que cortar de gastos. Fizemos um reajuste que deveria ser feito, fizemos um fundo soberano que é uma mistura de fundo soberano e superávit primário. Acho que as medidas estão tomadas", disse Lula numa entrevista coletiva com a imprensa brasileira em Lisboa, onde participa da 7ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Segundo o presidente, não há uma previsão de quando a inflação vai baixar, porque a origem do processo inflacionário não está no Brasil.

"Eu não sei quando a inflação vai ficar abaixo do teto. Só sei que vamos tomar todas as medidas que o governo tiver que tomar, todas as medidas que o Banco Central tiver que tomar, porque não nos interessa a volta da inflação. Temos uma inflação com forte conteúdo internacional e que atingiu praticamente todos os países do mundo. Graças a Deus, o Brasil é um dos países menos atingido pela inflação e, dos países emergentes, é o que tem a inflação mais controlada".

Lula garantiu: "A única coisa que eu posso afirmar para vocês é que a inflação não voltará".

Juros
Sobre a subida da taxa de juros em 0,75 ponto percentual, o presidente considera que uma das conseqüências poderá ser uma diminuição do crescimento econômico. No entanto, acredita que os principais investimentos para o País não serão afetados.

"O objetivo do Banco Central é que haja uma diminuição da demanda. Mas é importante pensarem que os investimentos que estão acontecendo não estão ligados à taxa Selic. Quando decidimos que a Petrobras vai fazer duas refinarias para 900 mil barris a um custo de US$ 30 bilhões, não vai ser à taxa Selic. Na política agrícola, a juros de 6,25%, não está prevista a taxa Selic."

Doha
Na avaliação do presidente, apesar das dificuldades, as negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio vão dar certo.

"Eu acabei de falar com o ministro Celso Amorim e, como vocês podem perceber pela minha fisionomia, não estou preocupado. Eu até o último milésimo de segundo, vou acreditar que vai dar certo."

Ao tentar explicar o que acontece com Doha, Lula afirmou que os americanos deverão baixar o limite dos subsídios para US$ 12 bilhões a US$ 13 bilhões anuais, os europeus terão de flexibilizar a entrada de produtos agrícolas nos seus mercados e os emergentes abrir para os produtos industriais.

Ele foi taxativo em relação às críticas do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes: "A fala do Stepahnes não tem nenhuma influência na negociação da rodada de Doha."

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Stephanes afirmou que a negociação para liberalizar o comércio global "não servirá para nada" e que a abertura dos mercados acabará acontecendo "por razões de mercado".

Inviollabilidade para os advogados
Questionado sobre se pretende vetar o projeto que prevê a inviolabilidade dos escritórios de advogados, não se comprometeu, afirmando que não conhecia o projeto, mas deu indicações do que vai ser a sua decisão: "A lei vale para todos. Se vale para o presidente da República e vale para um jornalista, ela tem que valer para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também."

Prêmio
Nesta sexta-feira, após terminar a reunião de chefes de Estado e de governo da CPLP - que teve como tema a língua portuguesa e sua expansão no mundo -, Lula entregou, junto com o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, o Prêmio Camões ao escritor português Antônio Lobo Antunes. Trata-se do mais importante prêmio literário de língua portuguesa, que é acompanhado de um cheque de 100 mil euros.

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