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sábado, 19 de julho de 2008

BBC revela rede criminosa de imigrantes ilegais na Grã-Bretanha; assista Richard Bilton


Fornecedor mostra documentos falsos
Fornecedor de documentos falsos foi gravado com câmera escondida
Uma rede criminosa em uma das maiores comunidades de imigrantes ilegais da Grã-Bretanha foi revelada por uma investigação realizada pela BBC com a ajuda de câmeras escondidas.

Inúmeras práticas ilegais de emprego, moradia precária e um próspero comércio de documentos foram expostos.

Mais de 40 casas lotadas de imigrantes ilegais foram identificadas em 1,5 quilômetro quadrado no bairro de Southall, no oeste de Londres.



Os jovens, a maioria deles homens de Punjab, região dividida entre o Paquistão e a Índia, não estão na Grã-Bretanha legalmente e, apesar de a maioria saber dos riscos, eles têm poucos direitos legais.

Eles são rodeados de falsificadores, criminosos e empregadores sem escrúpulos.

Passaporte falso

Entre eles, a equipe de repórteres disfarçados se encontrou com um homem que era conhecido como Vicki.

Ele foi cauteloso em relação a sua segurança - estacionando o carro em que conversavam fora do alcance de câmeras de vigilância - mas falou abertamente sobre os documentos falsos que poderia adquirir e se gabou de ter clientes em outras localidades como Sheffield, Bradford e Coventry.

Vicki disse que poderia viabilizar a entrada de pessoas no país em caminhões, conhecidos como burros, organizados pelo que chamou de seu "homem em Paris", e contou como consegue providenciar um passaporte "original", que foi "checado" para passar pela segurança de um aeroporto britânico.

Após o fim das investigações da BBC, quando foi confrontado com os detalhes do que foi filmado, Vicki negou fazer algo errado e disse que era um caso de engano de identidade.

Trabalho precário

Neste mundo desconhecido, muitos "faujis" - termo usado pelos imigrantes ilegais para se descrever - tentam viver sem documentos.

Outros têm documentos baratos e falsos e outros pagam bastante dinheiro por passaportes originais, contas em bancos, um cartão de registro do Ministério do Interior ou por identidades roubadas em carteiras de habilitação.

Documentos são importantes porque fornecem certa legitimidade. O que os faujis temem é simples: ser pegos e mandados para a casa. Mas, com os documentos, eles podem ter uma conta em banco e trabalhar.

A equipe disfarçada descobriu que não existe falta de ofertas de trabalho, incluindo um em uma lanchonete de Southall, onde um fauji disse ter trabalhado 12 horas por dia, seis dias por semana, por 150 libras (cerca de R$ 477) - cerca de 2 libras (pouco mais de R$ 6) por hora.

Um repórter, Mohammed, foi até lá para trabalhar. O proprietário, Bhupinder Singh, disse que ele não deveria "se importar" com o fato de não ter documentos, que "cuidaria do assunto" e que o repórter não deveria mencionar o tema. "Senão, você pode ser pego", afirmou.

Após um dia de 14 horas de serviço sem intervalo, Mohammed afirmou que tinha outro trabalho para fazer e pediu o dinheiro por seu dia trabalhado, mas Singh se recusou a pagar: "Você não recebe por duas semanas, certo?"

Singh disse à BBC que não emprega imigrantes ilegais, que todos seus funcionários têm os documentos corretos e permissão para morar na Grã-Bretanha e que não pagou Mohammed porque era um dia de experiência.

Escala

Em outra oportunidade, Mohammed* foi a uma região bem conhecida pelos faujis de Southall, onde eles esperam na calçada até ser apanhados para eventuais empregos. Um homem se aproximou e fez uma "entrevista" de emprego.

"Você quer emprego?"

"Sim."

"Então venha."

Mohammed foi levado a uma construção e, sem ser perguntado se tinha alguma experiência, foi colocado para trabalhar em um parapeito de um telhado sem treinamento, dicas de segurança ou equipamento. Ele recebeu 35 libras (cerca de R$ 111) por 12 horas de trabalho.

Às vezes, a importância de ter a documentação certa era clara. Para mostrar como era fácil providenciá-la, a equipe da BBC filmou outro fornecedor de documentos falsos, Anil Kumar.

Quando foi depois confrontado, Kumar também disse que não fez nada de errado e que era um caso de engano de identidade.

Esta comunidade escondida é um segredo aberto - proprietários de imóveis aceitam inquilinos, empregadores querem trabalhadores baratos e que não reclamam, enquanto criminosos comercializam a vida das pessoas.

Quando os repórteres disfarçados conseguiram se infiltrar na comunidade fechada, ficou claro o quão fácil é permanecer invisível.

Um outro fato fica claro: a escala. Em apenas 1,5 quilômetro quadrado, centenas de imigrantes ilegais, inúmeras casas lotadas e pessoas lidando com identidades falsas, emprego e fraude. Uma rede criminosa que está longe dos olhos da maioria dos britânicos.

* O nome do repórter disfarçado nesta matéria foi alterado para proteger sua identidade.


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