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quinta-feira, 28 de julho de 2011

JN no Ar mostra situação caótica de ligações rodoviárias do Pará


Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mais de 70% das rodovias do estado estão em condição ruim ou péssima.


A crise no Ministério dos Transportes levou o a equipe do JN no Ar a investigar a situação das estradas brasileiras. A viagem começa no Norte do país, mais precisamente no sudeste do Pará. O estado tem as piores ligações rodoviárias do Brasil, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Transportes.

A equipe de reportagem percorreu três rodovias e encontrou uma situação de abandono: pistas sem sinalização, buracos grandes demais, que representam risco para os motoristas.

O TCU identificou superfaturamento em trechos de rodovias do Pará que passam dos R$ 33 milhões. Mais da metade das rodovias paraenses são consideradas ruins ou péssimas pela Confederação Nacional dos Transportes.

A equipe saiu de Brasília com destino a Marabá. Foram 1.185 quilômetros em uma hora e quarenta minutos, no avião do JN no Ar.

Às 5h duas equipes saíram de Marabá. Uma seguiu pela BR-230 e a outra pela BR-155. Já na saída da cidade, ainda escuro, movimento na estrada. Os buracos fazem o carro da segunda equipe saculejar. As poucas placas de sinalização estão encobertas pelo capim alto. Acostamento não existe. E uma carroceria de caminhão aparece abandonada no meio da pista.

O dia amanhece, jogando luz pelo estado precário da estrada. Um trecho da rodovia se tornou pista de mão única por causa de uma cratera no meio da rodovia. Motoristas ignoram o risco e passam em alta velocidade.

“A estrada que a gente tem é essa daqui. Não tem acostamento, não tem nada”, diz um motorista.

A rodovia ocupa a quarta posição no ranking das piores ligações rodoviárias do país, segundo a Confederação Nacional dos Transportes. Os caminhões são obrigados a trafegar em ziguezague.

Seu Valdir viajava com a família. Foi desviar de um buraco, e caiu em outro. Por sorte, um borracheiro parou para ajudar. “Prejuízo porque perdi um pneu, estou viajando já com pouco dinheiro e agora tenho de comprar outro pneu”, conta.

Outro motorista se arrisca andando com o pneu furado até encontrar um socorro. É que parar pode ser perigoso.

Um posto de fiscalização era da Polícia Militar do Estado do Pará, mas depois que a estrada entrou para a malha rodoviária federal, ele foi desativado e, até hoje, está abandonado. O processo de federalização da rodovia não terminou. Por isso, a estrada está sem lei.

“Policial rodoviário não existe. Se você pedir um socorro, não adianta, não em canto nenhum”, afirmou o caminhoneiro Cornélio José Leite.

“A gente tenta fazer o alcance da polícia chegar em toda a rodovia, mas sem material humano não tem condições. Com a não conclusão do processo de federalização, a gente não pode atuar”, declarou o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Carlos Alberto Rodrigues.

Só quem frequenta esse posto é o seu Mateus, o vigia. “Minha profissão é açougueiro”, ele revela.

A BR-222 é a pior ligação rodoviária brasileira, de acordo com a CNT. Mas o asfalto está conservado. Motoristas como Seu Francisco, que teve o caminhão quebrado, reclamam do acostamento nada seguro. “Aqui é perigoso porque o acostamento é estreito”.

No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal registrou 114 acidentes com 9 mortes no trecho entre Marabá e Dom Eliseu. Não há balanças para os caminhões e as obras de manutenção foram suspensas com a crise no Ministério dos Transportes.

Na BR-230, a Transamazônica, a equipe escolhe o caminho com muito cuidado. A ilegalidade impera e muitos motoristas acabam pegando a contramão e o acostamento. Há obras em alguns trechos e uma placa traz um aviso desalentador: apesar de tudo, a estrada ainda vai piorar.

O asfalto da BR-155 acabou. É possível perceber que a via não recebe uma obra de manutenção há muito tempo. O transito de veículos pesados agrava ainda mais as condições da pista.

Entraves burocráticos, má conservação, insegurança. As rodovias paraenses são hoje o reflexo mais profundo do abandono.

O avião do JN no Ar vai agora para Minas Gerais mostrar a BR-381, no trecho que liga Minas Gerais até o Espírito Santo. É a rodovia que mais mata no Brasil. O edital de licitação para duplicação dessa rodovia foi suspenso depois dos escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes. A Rede Globo Minas vai dar apoio à equipe do JN no Ar.

Segundo a Confederação Nacional dos Transportes, mais de 70% das rodovias do Pará estão em condição ruim ou péssima.





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