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domingo, 29 de maio de 2011

Terapeuta é condenada por morte em ritual de magia


28 de maio de 2011 | 19h 54

EVANDRO FADEL - Agência Estado

A terapeuta ocupacional Beatriz Cordeiro Abagge, de 47 anos, foi condenada hoje, por quatro votos a três, a 21 anos e quatro meses de reclusão em regime semiaberto, sob a acusação de ter participado da morte do menino Evandro Ramos Caetano, em suposta sessão de magia negra, em 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná. À pena base de 15 anos foram acrescidos agravantes como o fato de ter havido promessa de pagamento e o menino ter seis anos na época.

A acusada cumpriu pouco mais de cinco anos e nove meses da pena e terá o direito de recorrer em liberdade. O advogado Adel El Tasse disse que, nos próximos dias, entrará com recurso pedindo a anulação do júri. Ele alegará, entre outras coisas, a incompetência do juízo de Curitiba e o cerceamento de defesa. "Sou inocente e vou continuar gritando a minha inocência", disse Beatriz, ao sair do prédio. "Fui torturada para confessar um crime que jamais cometi."

Este foi o segundo julgamento de que ela participou sobre o mesmo caso. No primeiro, realizado em São José dos Pinhais, em 1998, ela foi absolvida juntamente com a mãe, Celina Abagge, mulher do ex-prefeito de Guaratuba Aldo Abagge, já falecido. Por ter mais de 70 anos, ela não foi submetida a novo júri. O Ministério Público havia recorrido e conseguido anular o júri. "Fiquei indignada porque somos inocentes", disse Celina ao deixar o fórum. Pouco antes ela havia desmaiado. "Não acredito mais na Justiça, a tortura foi liberada no Paraná, não é mais crime", afirmou.

Segundo julgamento do caso Evandro é retomado no PR
28 de maio de 2011 11h07 atualizado às 13h10


Beatriz Celina Abagge chora durante exibição de vídeos em que diz ter confessado o crime sob tortura. Foto: Joyce Carvalho/Especial para Terra

Beatriz Celina Abagge chora durante exibição de vídeos em que diz ter confessado o crime sob tortura
Foto: Joyce Carvalho/Especial para Terra


Joyce Carvalho
Direto de Curitiba

O segundo dia de julgamento de Beatriz Abagge, acusada de encomendar a morte do menino Evandro Ramos Caetano, em 1992, recomeçou na manhã deste sábado no Tribunal de Júri de Curitiba (PR). O dia teve início com os debates entre acusação e defesa. Durante a exibição de vídeos da defesa, Beatriz chorou e foi amparada por sua advogada.

Em um primeiro momento, a Promotoria fez a sustentação de acusação. Os promotores relembraram os depoimentos das testemunhas de sexta-feira e citaram constantemente as informações repassadas pela odontolegista Beatriz França, que disse ter 99% de certeza que o corpo encontrado no matagal cinco dias após o desaparecimento da criança era mesmo o de Evandro, que na época tinha 6 anos. Ela fez a afirmação com base em uma restauração encontrada na arcada dentária da vítima.

Depois da Promotoria, teve início a sustentação da defesa, que tem uma hora e meia para convencer os jurados sobre a inocência de Beatriz Abagge. Durante a exibição de vídeos em que Beatriz afirmava que teria confessado o crime sob tortura, a ré se emocionou e foi às lágrimas.

Após a apresentação da defesa, haverá uma hora para réplica da acusação e outra hora para tréplica da defesa. Estima-se que a veredito seja anunciado no final da tarde de hoje pelo juiz Daniel Avelar.

Beatriz Abagge, 47 anos, é acusada sequestro, cárcere privado e homicídio triplamente qualificado. Segundo o Ministério Público, juntamente com a sua mãe, ela encomendou o sequestro do garoto, que teria sido utilizado em um ritual de magia negra na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná. O corpo foi encontrado cinco dias depois em um matagal sem as mãos e os dedos dos pés, além das vísceras para fora e com o coro cabeludo arrancado.

A mãe de Beatriz, Celina Abagge, também foi acusada do crime. As duas foram absolvidas no primeiro julgamento do caso, realizado em 1998. Na época, o júri durou 34 dias. O Ministério Público recorreu da decisão e o julgamento foi anulado.

Desde então, o segundo julgamento tem sido adiado por mudanças de advogados da defesa e validação de provas. Celina Abagge não voltou ao banco dos réus porque tem mais de 70 anos. As duas ficaram três anos e nove meses presas, e depois ficaram em prisão domiciliar por 3 anos antes do primeiro julgamento.

Outras cinco pessoas foram julgadas pelo crime. O pai de santo Osvaldo Marcineiro, o pintor Vicente Paulo Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares foram condenados em 2004. Já Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos foram absolvidos em 2005.

Ontem, no primeiro dia de julgamento, foram ouvidas quatro testemunhas de defesa e três de acusação. Por último, Beatriz Abagge deu seu depoimento por cerca de uma hora, mas a portas fechadas. A defesa pediu para que o depoimento acontecesse sem a presença do plenário, o que foi deferido pelo juiz Daniel Avelar. A acusação também alega que Beatriz Abagge confessou o crime na época, mas a ré sustenta que isto ocorreu porque ela e sua mãe sofreram sessões de tortura.


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