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segunda-feira, 23 de maio de 2011

O PT e o Padre : Casal é condenado por extorquir dinheiro do padre Julio Lancelotti



23/05/2011 19h50 - Atualizado em 23/05/2011 20h22


Defesa diz que Anderson Batista e Conceição Eletério são inocentes.
Advogado diz que irá recorrer de condenação de mais de 7 anos de prisão.

Do G1 SP


Anderson Batista foi condenado por extorsão (Foto: Reprodução/TV Globo)Anderson Batista foi condenado por extorsão
(Foto: Reprodução/TV Globo)

O casal acusado de tentar extorquir dinheiro do padre Julio Lancelotti há três anos foi condenado nesta segunda-feira (23) a 7 anos, 3 meses e 3 dias de prisão no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Anderson Batista, que já estava detido, permanecerá em custódia no Centro de Detenção Provisória do Belenzinho, na Zona Leste; sua mulher, Conceição Eletério, não irá para a cadeia.

Segundo o magistrado que julgou o casal, a condenada ficará em liberdade porque se apresentou espontaneamente quando intimada e é a única provedora do filho adolescente. A defesa dos dois irá recorrer.

Segundo a Promotoria, no início deste ano, Conceição começou a ligar para o padre pedindo dinheiro. No dia 11 de janeiro, o padre foi abordado pelo casal em uma rua no bairro do Belenzinho.

Padre Julio Lancelotti (Foto: Reprodução/TV Globo)Padre Julio Lancelotti diz ter sido ameaçado por
casal (Foto: Reprodução/TV Globo)

O advogado Nelson Bernardo da Costa afirma que seus clientes são inocentes. Ele criticou a decisão da Justiça. “Foi uma decisão sem provas, sem nada. Foi a palavra do padre contra a deles.”

Segundo denúncia do Ministério Público, Anderson ameaçou o padre dizendo que o mataria com um tiro na cabeça. As câmeras de segurança do prédio em frente registraram o encontro. Esta foi a segunda vez que o padre foi vítima do casal. Em 2007, Anderson e Conceição foram presos e acusados de extorquir dinheiro do padre, mas foram absolvidos no ano seguinte.


Padre Júlio Lancelotti não comparece à missa

Plantão | Publicada em 28/10/2007 às 16h34m

Marcos Carrieri, Diário de S. Paulo

SÃO PAULO - O padre Júlio Lancelotti não compareceu neste domingo à duas missas que estavam programadas na Paróquia São Miguel Arcanjo e na Capela São Judas Tadeu, que fica na Universidade São Judas, na Mooca, zona leste da cidade. O religioso, que foi acusado pelo ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista de o ter molestado sexualmente, foi substituído por párocos de outras igrejas, que o defenderam em púlpito.

- Temos de entender que a justiça de Deus não bate com a justiça humana...Nos achamos no direito de julgar, de condenar, de destruir o outro...temos a arrogância humana de dizer: você errou. Nós, que vivemos nesta comunidade, somos convidados a acreditar em Deus - disse o padre João Batista, que é pároco da Igreja Santa Rita de Cássia, no Pari.

Na missa, realizada às 7h30m, o padre João Batista fez questão de destacar as benfeitorias de Júlio Lancelotti. A missa das 10h foi celebrada por Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, que pediu aos fiéis que rezassem pelo padre Júlio. Ele disse que a igreja acredita na inocência e confia na Justiça. Na semana passada, dois policiais da Delegacia de Proteção às Vítimas e Testemunhas Ameaçadas fizeram a segurança do padre Júlio Lancelotti durante a missa na Igreja São Miguel Arcanjo.

Os policiais permaneceram do lado de fora da igreja, junto ao carro da Polícia Civil, enquanto a missa era celebrada. Embora não tenham contato direto com o padre, eles contaram que fiéis e pessoas próximas a Lancelotti estavam com medo do ex-interno da



17/10/2007 - 08h45

Padre Júlio Lancelotti diz que pagou extorsão por constrangimento

( AH ! Tá !)

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da Folha de S.Paulo

O padre Júlio Lancelotti, 58, coordenador da Pastoral do Povo de Rua e um dos principais defensores dos direitos de jovens infratores, acusa um ex-interno da extinta Febem (hoje Fundação Casa) de o ter extorquido, por quase três anos. Um suspeito está preso e outros três estão com a prisão decretada, mas ainda foragidos.

Filipe Redondo/Folha Imagem
O padre Júlio Lancelotti
O padre Júlio Lancelotti

À Folha, o padre disse ter pago cerca de R$ 50 mil para o grupo "por constrangimento". O total pago inclui R$ 20 mil em prestações de um carro comprado em 2004. "No fundo, existia uma esperança de que ele mudasse", afirmou.

Leia a entrevista concedida pelo padre Júlio à Folha:

FOLHA - Como o sr. conheceu o Anderson Batista [acusado de liderar a extorsão]?
PADRE JÚLIO LANCELOTTI - Ele estava trancafiado em uma cela.

FOLHA - Quanto tempo faz isso?
PADRE JÚLIO - Faz muito tempo. Eu acho que já faz uns sete anos isso. Quando saiu, ele me procurou. Disse que estava sem onde morar, sem trabalho.

FOLHA - Que tipo de ajuda ele pediu na época?
PADRE JÚLIO - Nós conseguimos que ele arranjasse um lugar para morar. Nós ajudamos no aluguel. Depois, ele foi incluído em uma frente de trabalho da prefeitura.

FOLHA - Em que momento a extorsão começou?
PADRE JÚLIO - Ele queria ter uma bicicleta. Da bicicleta foi para a moto, da moto foi para o carro. Alguma coisa que vai ficando incontrolável. Sempre dizia a ele: você não tem limite.

FOLHA - Em que momento surgiram as ameaças?
PADRE JÚLIO - Nos últimos três anos. Aí as coisas começaram a ficar mais tensas, mais difíceis. Mesmo a relação dele com a companheira.

FOLHA - Como eram as ameaças?
PADRE JÚLIO - Ele dizia: "Eu vou resolver do meu jeito". Nesse caminho ele teve um homicídio, ele matou uma pessoa. Esse inquérito foi arquivado porque ele alegou legítima defesa.

FOLHA - Mas ele usava isso para amedrontar o sr.?
PADRE JÚLIO - E dizia: "Eu sou capaz". Algumas vezes, ele me procurou embriagado. Um dia ele veio aqui e tentou entrar com o carro na porta. Eu dizia que não tinha aquele valor, que tinha de esperar. Às vezes, eu conseguia só uma parte.

FOLHA - Começou com quanto?
PADRE JÚLIO - Com R$ 300, R$ 500. E acabou com R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 40 mil.

FOLHA - De onde o sr. tirava o dinheiro?
PADRE JÚLIO - De economias. De empréstimos com amigos. Mas não era de uma vez só. Eu esgotei tudo que eu tinha.

FOLHA - O sr. chegou a fazer empréstimos?
PADRE JÚLIO - Eu não gostaria de dizer de quem. Com amigos. Consegui com duas pessoas amigas R$ 5.000.

FOLHA - E a Pajero?
PADRE JÚLIO - Ele comprou e eu fiquei como fiador. E fui ajudando ele a pagar.

FOLHA - O sr. pagava a prestação?
PADRE JÚLIO - Sim. Pessoalmente. Ainda falta um tanto.

FOLHA - O sr. pagou por medo?
PADRE JÚLIO - Acho que sim. Por constrangimento. No fundo, existia uma esperança de que ele mudasse.

FOLHA - Mas, mesmo assim padre, não era para comprar uma Pajero, um carro de luxo?
PADRE JÚLIO - Mas não era só isso. Dizia de outras coisas. Que iria comprar um terreno, uma máquina de fazer fraldas.

FOLHA - Mas o sr. não pensou que um carro desse, de luxo, não era um pouco demais?
PADRE JÚLIO - Sim, claro, achei que era um pouco demais. Eu fiz argumentos nesse sentido. Foi depois que ele perdeu um filho. Disse que estava sofrendo muito e, se tivesse isso [o carro], iria acertar a vida dele.

FOLHA - Em uma das conversas gravadas, a Conceição diz que o denunciaria por causa do filho dela.
PADRE JÚLIO - Do filho dela de oito anos. Ela tem uma vasta folha de passagem na polícia. Na gravação, eu digo: que coisa horrível, vocês vão usar o próprio filho. Vão ensinar a criança a mentir. Essa questão do filho era pontual. Eles não usaram isso sempre. A questão principal era o constrangimento.

FOLHA - O sr. se dedicou a outras pessoas como ao Anderson?
PADRE JÚLIO - A gente tem uma ajuda estabelecida. Ele fugiu disso.

FOLHA - O que seria uma ajuda normal?
PADRE JÚLIO - Uma ajuda para moradia, dois ou três meses. Conseguir auxílio para conseguir um vestuário, um sapato, para completar um aluguel.

FOLHA - Mas o sr. se perdeu um pouco nessa ajuda excessiva?
PADRE JÚLIO - Eu confiei muito que eles tivessem uma mudança. Que eu fosse capaz de atingir o coração deles, que eu fosse capaz de fazê-los entender.

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Padre Júlio Lancelotti agora é investigado

outubro 25, 2007 por Ana

Funcionária de instituição diz que padre cometeu atos libidinosos com menor de idade

padre-julio-lancelotti.jpg

Até a madrugada desta quarta (24), o padre Júlio Lancelotti era tratado pela polícia de São Paulo apenas como uma vítima de extorsão. O religioso acusa o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e a mulher dele, Conceição Eletério, de 44, de tê-lo forçado a dar, em um período de 3 anos, R$ 80 mil ao casal. A dupla teria ameaçado denunciá-lo à imprensa por abuso sexual. O padre disse à polícia ter cedido à chantagem porque temia pela própria vida. Afirmou que as acusações de Batista e Conceição são falsas. Mas um depoimento prestado por uma suposta ex-funcionária da Casa Vida, entidade assistencial em que Lancelotti atua e que cuida de crianças e adolescentes que têm Aids, motivou a abertura de um inquérito policial por corrupção de menores. A mulher chegou à delegacia cerca de 22h30 de ontem e prestou depoimento até uma hora desta quarta-feira 24. Ela disse à polícia que, há cerca de 6 anos, teria visto, uma única vez, o padre Lancelotti praticando “ato libidinoso” com um adolescente assistido pela Casa Vida. Segundo a polícia, não teria havido conjunção carnal. A depoente disse não se lembrar do nome do garoto. A polícia busca, agora, novas provas que possam sustentar ou negar as afirmações da ex-funcionária da entidade.

Fonte: Revista Época

Casal acusado de extorquir o padre Júlio Lancelotti volta a fazer ameaças e tem prisão decretada em SP

Publicada em 22/03/2011 às 20h16m

SPTV, O Globo

Padre Júlio Lancelotti voltou a ser ameaçado pelo mesmo casal - Reprodução/TV Globo

SÃO PAULO - O padre Júlio Lancelotti voltou a ser ameaçado pelo casal Anderson Batista, ex-interno da Fundação para o Bem-Estar do Menor (Febem), e Conceição Eleotério. Os dois são acusados de extorquir o religioso entre 2004 e 2007, para não lançar contra ele denúncias de pedofilia e abusos sexuais. O casal, que chegou a ficar preso e foi solto em 2008, teve novamente a prisão decretada pelo juiz Eduardo Crescenti Abdalla, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ambos estão foragidos.

O magistrado decretou a prisão após receber um vídeo onde imagens mostram o encontro do padre Júlio com Batista. De acordo com denúncia do MP, o ex-interno da Febem disse ao religioso a seguinte frase: 'vou voltar armado e vou lhe matar. Vou te dar um tiro na cabeça'. Na decretação da prisão, além das imagens, o juiz considerou, entre outras coisas, o histórico do casal.

Segundo o advogado do padre Júlio, Luiz Eduardo Greenhalg, Conceição começou a ligar para o religioso com novas ameaças em 11 de janeiro deste ano.

O casal e outros dois homens - os irmãos Evandro dos Santos Guimarães e Everson dos Santos Guimarães - foram absolvidos da primeira acusação de extorsão em junho de 2008.

O padre Júlio Lancelotti afirmou ter sido extorquido por Anderson Batista durante três anos, desde 2004. Naquele ano, eles chegaram a ir juntos a uma concessionária de veículos, onde foi comprado um Jeep Pajero, financiado em nome do padre.

Justiça decretou a prisão de Anderson Batista e da mulher dele - Reprodução/TV Globo

Anderson Batista chegou a dizer que havia mantido relacionamento sexual com o padre desde os 16 anos de idade. Com as investigações iniciadas, a polícia abriu inquérito também contra o padre, para apurar supostos abusos sexuais. O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, protestou e disse que a imagem da Igreja Católica estava sendo colocada em execração pública com as denúncias contra o padre.

Lancelotti, na época, estava à frente da Paróquia de São Miguel Arcanjo, na região da Mooca. Naquela área, Anderson Batista realizaria tráfico de drogas, sob comando da facção criminosa que realizou ataques criminosos a São Paulo em 2006. Batista já havia sido investigado pela polícia por enriquecimento ilícito e participação no crime organizado.

De acordo com as apurações, Anderson e Conceição faziam ameaças ao padre e os bilhetes eram levados pelos irmãos Evandro e Everson Guimarães. Eles receberiam R$ 20 para levar bilhetes a Lancelotti com ameaças da dupla.



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Luiz Eduardo Greenhalgh

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Luiz Eduardo Greenhalgh (São Paulo, 11 de abril de 1948) é um advogado (formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo) e político brasileiro filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Foi deputado federal por São Paulo em quatro mandatos. Foi vice-prefeito de São Paulo no governo de Luiza Erundina (1989-1993).

Participou da criação de uma comissão especial, o Comitê Brasileiro de Solidariedade aos Povos da América Latina, em 1980.

Também foi o advogado do PT encarregado de acompanhar as investigações acerca do assassinato do ex-prefeito de Santo André, [[Celso Daniel.[carece de fontes]

Foi candidato à presidência da Câmara dos Deputados no biênio 2005-2006, tendo sido derrotado por Severino Cavalcanti.

[editar] Ligações externas


Saiba quem é Luiz Eduardo Greenhalgh

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo

Eleito quatro vezes deputado federal pelo PT de SP, Luiz Eduardo Greenhalgh, 56, foi advogado de causas humanitárias e teve sua biografia ligada à defesa dos desaparecidos durante a Ditadura Militar brasileira.

Defendeu lideranças sindicais e políticas perseguidas pela ditadura, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e participou da fundação do Comitê Brasileiro pela Anistia. Foi ainda um dos coordenadores do projeto "Brasil Nunca Mais", para denunciar os crimes da ditatura.

Membro fundador do PT, Greenhalg foi filiado de 1974 a 1980 ao MDB, partido que até então reunia a oposição civil à ditadura. Trabalhou como advogados dos jornais "O Movimento", "Em Tempo", "Versus", "Brasil Mulher", "Nós Mulheres" e "Resistência"; defendeu o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Estudou direito na faculdade do Largo São Francisco (USP) entre 1969 e 1973.

No Congresso, Greenhalgh participou da Comissão de Constituição e Justiça e dos Direitos Humanos, entre outras.

Foi ainda vice de Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo (1989-1992). Tomou posse em janeiro de 1989, quando assumiu também a Secretaria de Negócios Extraordinários. Em novembro, porém, deixou o cargo em meio a denúncias, que nunca se confirmaram, que o envolviam na cobrança de propina da empresa de construção Lubeca.

Licenciado da vice-prefeitura, Greenhalgh exerceu o mandato de deputado de 3 de janeiro a 2 de abril de 1990, na vaga de Plínio de Arruda Sampaio, sendo efetivado na cadeira em 17 de setembro de 1990.

Voltou a ser eleito suplente de deputado federal em 1994. Assumiu o mandato em 2 de janeiro de 1997, no lugar de Celso Daniel, que tomara posse como prefeito de Santo André (SP). Como advogado, defendeu os líderes do MST José Rainha Jr. e João Pedro Stedile.

Em 1998, foi novamente eleito suplente, mas assumiu o mandato em 3 de janeiro de 2001. Em 2002, Greenhalgh foi indicado pelo PT para acompanhar as investigações do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro. Em outubro, foi reeleito deputado com 147.819 votos.

18/11/2010

às 20:37 \ Direto ao Ponto

Os executores de Celso Daniel começaram a ser castigados. Chegou a hora de identificar e punir os mandantes do assassinato

Com o silencioso aval da oposição e o endosso explícito do governo, o PT decidiu que o assassinato do prefeito Celso Daniel foi um crime comum. Esqueceram de combinar com a imprensa, que continuou investigando o caso, com a família da vítima, que desafiou as pressões dos interessados em enterrar a história, e sobretudo com o Ministério Público, comprovou nesta quinta-feira o julgamento de Marcos Roberto Bispo dos Santos no foro de Itapecerica da Serra. O promotor Francisco Cembranelli provou que o crime foi político e acusou o réu de participação no sequestro seguido de assassinato encomendado pela quadrilha de políticos corruptos que agia na prefeitura de Santo André.

Os jurados avalizaram a argumentação de Cembranelli e condenaram Bispo dos Santos, foragido, a 18 anos de reclusão em regime fechado. O Ministério Público não está sob o controle do Executivo, reiteraram o destemor e a objetividade de Cembranelli. Não são poucos os brasileiros capazes de enxergar as coisas como as coisas são, reafirmou a decisão do júri. E ainda há juízes no Brasil, mostrou Antonio Augusto Galvão de França Hristov, que presidiu o julgamento e determinou a duração do castigo imposto ao homicida.

O país que presta espera que seja só o começo. Bispo dos Santos foi o motorista de um dos dois carros mobilizados para a captura de Celso Daniel. Faltam os outros integrantes do grupo de assassinos de aluguel. E faltam os mandantes. Por enquanto, o único formalmente acusado de figurar entre os autores da encomenda é Sérgio Gomes da Silva, vulgo Sombra, ex-assessor do prefeito executado e empresário do setor de transportes ligado ao PT, que aguarda o julgamento em liberdade.

Em janeiro de 2002, os supostos amigos voltavam do jantar num restaurante em São Paulo quando ─ segundo o relato de Sombra ─ um grupo de bandidos interceptou o carro blindado que dirigia e arrancou Celso Daniel do banco ao lado. Horas depois, o corpo foi encontrado numa estrada de terra no município de Itapecerica da Serra, desfigurado por marcas de tortura e inúmeras perfurações a bala.

O depoimento de Sombra na delegacia deixou intrigada a mais crédula das carmelitas descalças. Ele diz que não tentou escapar porque o câmbio hidramático emperrou. O fabricante do veículo rejeitou a versão com veemência. Nem o depoente nem os policiais que o interrogaram souberam explicar por que os sequestradores permitiram que uma testemunha ocular sobrevivesse ─ para contar uma história muito mal contada.

Por que Sombra e Celso Daniel, por exemplo, não permaneceram no interior do carro blindado? Como foi destravada a porta do passageiro? Por que Sombra não pediu socorro assim que os bandidos se afastaram? Se aquilo não passara de um assalto, por que nenhum dinheiro, nada de valioso foi levado? Por que Celso Daniel foi torturado antes da morte? O que os torturadores desejavam saber? O que procuravam?

Logo se juntaram as peças do mosaico. Na segunda metade dos anos 90, empresários da área de transportes e pelo menos um secretário municipal, todos vinculados ao PT, haviam forjado em Santo André o embrião do esquema do mensalão, desvendado três anos mais tarde. Recorrendo a extorsões ou desviando dinheiro público, a quadrilha infiltrada na administração municipal garantia parte da gastança com as campanhas do partido. Em 2002, escolhido para coordenar a campanha presidencial, Celso Daniel resolveu desativar o esquema criminoso. Foi punido com a morte.

Em julho de 2005, a TV Bandeirantes divulgou o escabroso conteúdo de conversas telefônicas entre Sombra, Gilberto Carvalho, secretário particular de Lula, e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, encarregado pelo PT de impedir que as investigações avançassem. As gravações (reproduzidas abaixo), feitas por solicitação do Ministério Público, pilharam o trio em tratativas destinadas a enterrar de vez a história. Na hipótese menos inquietante, comprovam que Altos Companheiros tentaram obstruir a ação da polícia e da Justiça desde fevereiro de 2002, quando o cadáver do prefeito de Santo André ainda esfriava na sepultura.

Numa das fitas, Gilberto Carvalho procura amainar a inquietação de Sombra. “Marcamos às três horas na casa do José Dirceu”, informa o secretário do presidente da República. “Vamos conversar um pouco sobre nossa tática da semana, né? Porque nós temos que ir para a contra-ofensiva”. A voz de Sombra revela que o suspeito ficou menos intranquilo ao saber da movimentação fraternal. “Vou falar com meus advogados amanhã, nossa ideia é colocar essa investigação sob suspeição”. Carvalho concorda com a manobra: “Acho que é um bom caminho”.

Em outra conversa, a inquietação de Sombra fora berrada ao parceiro Klinger Oliveira Souza, secretário de Assuntos Municipais de Santo André. “Fala com o Gilberto aí, tem que armar alguma coisa!”, exalta-se. “Só quero que as coisas sejam resolvidas!” Além do nervosismo de Sombra, causava preocupação à equipe especializada em socorrer suspeitos o comportamento do médico João Francisco Daniel, irmão do assassinado. Ele estava convencido de que Celso se condenara à morte ao resolver desmontar a máquina de fazer dinheiro instalada nos porões da prefeitura.

É provável que Celso tenha aprovado a institucionalização da gatunagem. Ao notar que fora longe demais, decidiu encerrar as patifarias, documentadas no dossiê que pretendia entregar a dirigentes do PT. Ele contara a história toda ao irmão. E João Francisco se transformou em testemunha de alto risco para os padrinhos de Sombra. Como neutralizar o homem-bomba?

A interrogação anima uma das conversas entre Gilberto Carvalho e Greenhalgh. “Está chegando a hora do João Francisco ir depor”, alerta o advogado do PT. “Antes do depoimento preciso falar com você para ele não destilar ressentimentos lá”. Gilberto se alarma com o perigo iminente. “Pelo amor de Deus, isso vai ser fundamental. Tem que preparar bem isso aí, cara, porque esse cara vai… Tudo bem”. Os donos das vozes nas fitas recitam há oito anos que houve um crime comum. Se foi assim, por que tirou o sono de tantos figurões da política brasileira?

O promotor Francisco Cembranelli provou que Celso Daniel foi vítima de uma conspiração tramada por bandidos vinculados ao PT de Santo André e consumada por um grupo de matadores profissionais. O Brasil quer ver esclarecidos tanto a eliminação de Celso Daniel quanto a sequência de mortes misteriores de que trata o excelente post de Reinaldo Azevedo. E quer ver na cadeia todos os culpados ─ incluídos os mandantes. As gravações podem ajudar a identificá-los. As conversas entre Sombra, Greenhalgh e Carvalho não se limitam a escancarar uma mobilização política. Documentam a movimentação de comparsas.




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