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sábado, 23 de abril de 2011

Reinaldo Azevedo Laura Capriglione não sabe a diferença entre um coturno e Winston Churchill.

Eu explico pra ela…

Não, eu não tinha lido porque, às vezes, decido me poupar de certas coisas, mas os leitores insistem. Vá lá. Na Folha de domingo, Laura Capriglione, a minha musa da galochas, à falta de enchentes, decidiu distorcer a realidade no seco mesmo. Leiam trecho de um texto seu. Volto em seguida.

Eles são jovens, com idades entre 16 e 28 anos. Têm ensino fundamental e médio. Pertencem, em sua maioria, às classes C e D. Usam coturnos com biqueiras de aço ou tênis de cano alto, jeans e camisetas. São brancos e pardos - negros, não. Cultuam Hitler, suásticas e o número 88. A oitava letra do alfabeto é o H; HH dá “Heil, Hitler”, a saudação dos nazistas. Consomem baldes de álcool. As outras drogas têm apenas uso marginal. Ostentam tatuagens enormes em que se leem “Ódio”, “Hate”, ou “Ame odiar”. A propósito, odeiam gays e negros. São de direita.

Gostam de bater, bater e bater. E de brigar. O perfil dessa turma, auto-denominada skinheads por influência do movimento surgido na Inglaterra durante os anos 1960, quem traçou foi a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil do Estado de São Paulo. No total, a Decradi já identificou 200 membros de 25 gangues com nomes como Combate RAC (Rock Against Communism - rock contra o comunismo, em português) e Front 88 (sempre o 88). São integrantes desses grupos que aparecem com mais frequência como agressores de negros, gays e em pancadarias entre torcidas organizadas, quando encarnam a faceta “hooligan”. Também a exemplo do que ocorre na Europa, skinheads são especialistas em quebra-quebra entre torcedores. Íntegra aqui.

Comento
É evidente que Laura resolveu entrar no “Caso Bolsonaro” pela lateral e de maneira insidiosa, fazendo proselitismo ideológico sob o pretexto de fazer reportagem informativa, nesse seu estilo folha-seca, que finge objetividade. Ela domina bem o ofício — não o de informar, mas o de manipular. O subtexto é o seguinte: “Bolsonaro diz aquelas coisas todas porque é direita; estes caras são de direita; logo…”

Foi bom ela ter evocado a Europa, sinal de que é hábil na manipulação, mas talvez não tão inteligente quanto supõe. França, Alemanha, Itália, Suíça, Inglaterra, Suécia, Holanda… Todos esses países são governados PELA DIREITA! Essa canalha de que fala Laura, se naqueles países, seria aliada dos respectivos governos, tolerada por eles? Mais: seus homólogos, naqueles países, são base social dos partidos que estão no poder?

Então “a direita” é isso de que fala Laura? A direita não é nem nunca foi Churchill, por exemplo. No mundo obscuro de Laura, o homem que foi fundamental na derrota de Hitler seria uma referência desses que hoje saúdam “Heil, Hitler”. E que o fazem, vê-se, mais esmagados pela ignorância do que em razão de alguma escolha ideológica consciente.

Laura está dando a sua contribuição ao fuzilamento de Bolsonaro. Mas não entra no debate teórico porque deve achar perda de tempo. Para tanto, é preciso ter argumentos. E isso ela não tem e nunca teve. Prefere escolher o mundo da crônica, em que pode, com sua narrativa tosca, usar o particular como ilustração do que seria um mal geral.

Por que ela faz isso? Porque o seu jornal permite. Ser preconceituoso com a direita na Folha, pelo visto, é bacana. Já o contrário seria uma prova terrível de atraso mental. É claro que ela não tem de ser censurada. Até que as teses mais gerais — deve tê-las — de Laura não triunfem, ela escreve o que quer, e eu também. Se e quando ela ganhar, continuará a escrever o que quer, e eu não! Entenderam a diferença?

Imagino essas personagens de Laura tentando explicar por que, direitistas que são — são, certo, Laura? —, têm na parede retratos dos grandes líderes da direita: Churchill, Adenauer, Charles de Gaulle, toda essa gente que ajudou os nazistas…

Eu sou um democrata radical. Na democracia, os estúpidos também falam.

PS1 - Perguntem a Laura a percentagem de negros no Brasil, e ela dirá que passa de 50% porque, segundo a cartilha do politicamente correto, os que, neste texto, ela chama de “pardos” são considerados “negros”. Desta feita, no entanto, ela faz a distinção porque pegaria mal Laura Capriglione, a musa das galochas mentais politicamente corretas, admitir que “negros” possam discriminar negros. Se forem “pardos”…

PS2 - Comentários sem trocadilhos e ataques pessoais. Saúdem a luz em vez de lastimar as trevas! Torçam para que ela encontre a iluminação; torçam para que ela encontre, ao menos, um livro!

Por Reinaldo Azevedo




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