CLÁUDIA IZUMI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Jornalista suíço que vive há 17 anos no Japão, Konrad Muschg, 47, se prepara para deixar o bairro de Meguro, em Tóquio, nas próximas horas.
Konrad teve sorte dupla. Ele possui parentes no arquipélago e o trem-bala que vai até Osaka está funcionando e há bilhetes disponíveis. "A maioria dos 'salarymen' japoneses [assalariados que trabalham em escritórios] ficará em Tóquio, comenta.
Não são todos os residentes da capital japonesa que gozam desses mesmos benefícios. Há várias linhas de trem-bala que estão paralisadas ou funcionam com intervalos de partida maiores por conta do terremoto de magnitude 9 que atingiu o Japão na última sexta-feira (11).
Os níveis de radiação aumentaram nesta terça-feira em Tóquio e em outras cidades após explosões e um incêndio serem registrados no complexo nuclear Fukushima Daiichi (a 240 km da capital do Japão).
A elevação não é suficiente para ameaçar os 39 milhões de moradores de Tóquio, mas há registro de estrangeiros e nipônicos que estão deixando a cidade. A informação é confirmada pelo jornalista suíço e mais dois brasileiros consultados pela Folha que não quiseram se identificar.
Os destinos são províncias ao sul e a oeste do arquipélago ou países vizinhos asiáticos.
Nesses locais, as pessoas não vão encontrar problemas com abastecimento básico de alimentos e produtos de primeira necessidade. E devem ficar por lá até que o dia a dia volte a um ritmo, no mínimo, de normalidade.
"A maior parte dos meus amigos estrangeiros foi para o oeste ou viajou para o exterior", comenta Konrad. "Alguns jornalistas, que também eram correspondentes aqui, também deixaram o país."
COMIDA E MÁSCARAS
A população prepara-se para ficar em casa fazendo estoque de água engarrafada, mantimentos e máscaras de proteção.
Mas, dependendo do dia, Konrad conta que as prateleiras das lojas de conveniência --um dos comércios mais populares do Japão que, abastecidos por todo tipo de produto, existe praticamente um em cada esquina-- podem estar completamente vazias.
Os artigos que estão em falta vão dos mais básicos aos materiais que seriam úteis em emergências.
"Há escassez de garrafas de água, papel higiênico, absorventes, máscaras faciais, baterias e lanterna", diz o jornalista. "As lojas de conveniência também reduziram a iluminação interna e os letreiros foram desligados para economizar eletricidade."
Mas até que tenha embarcado no trem-bala, o suíço terá que contornar problemas locais.
As linhas de trem e do metrô funcionam, mas com uma capacidade bem menor. Konrad estima que entre 10% e 40% das linhas estão operando. O motivo não são os estragos provocados pelo sismo, mas o racionamento de energia.
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