15/01/2011
Tisa Moraes
Prestes a completar 100 anos de idade, a rede de abastecimento de água e captação de esgoto de Bauru, não raro, demonstra sua fragilidade e obsolescência. Com maior ou menor intensidade, problemas de vazamento provocados pelos mais variados motivos ainda são um desafio ao Departamento de Água e Esgoto (DAE), que recebe, diariamente, uma média de 150 queixas de moradores, o equivalente a 54 mil reclamações ao ano.
Se levarmos em consideração que a cidade possui um total de 4.712 ruas, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan), significa dizer que, em média, cada logradouro apresenta praticamente um vazamento de água ou esgoto a cada mês. Em épocas de chuva, no entanto, o índice sobe para cerca de 230 queixas diárias, concentradas principalmente em regiões de ruas de terra que sofrem com erosões que expõem a tubulação à ação do tempo e do homem.
Neste caso, pouco importa o material com que os dutos foram fabricados: desprotegidos, eles se tornam mais vulneráveis a rompimentos. “Quando fica descoberta, a rede se rompe com maior facilidade porque moradores mexem no local ou pela própria falta de proteção da terra, que acaba facilitando a movimentação dos tubos por causa da pressão da água, com o consequente surgimento de fissuras”, explica Manuelino Câmara Filho, diretor de divisão técnica do DAE.
Ainda de acordo com ele, neste período do ano, os problemas em relação à rede de esgoto também aumentam por conta da água da chuva que é levada junto com o lixo descartado nas ruas, que acaba por entupir os canos que rumam das residências para o rio Bauru. “A rede de esgoto é mais difícil de romper porque os dejetos não correm com a mesma pressão que a da rede de água. O grande problema é o entupimento, que aumenta em épocas de chuvas muito intensas e demanda tanta manutenção quanto a rede de água”, observa.
Frágeis e ineficientes
Segundo Câmara Filho, de maneira geral as ligações mais antigas são mais frágeis porque sofrem movimentos de dilatação e contração provocados pelas variações de temperatura ao longo do ano e são menos eficientes porque facilitam a encrustação, ou seja, a formação de placas no interior dos canos devido ao uso de produtos químicos para tornar a água potável. Fabricadas em ferro fundido, galvanizado ou fibrocimento (cimento reforçado com fibras de amianto), elas datam de 1912 e estão localizadas no Centro e na região oeste da cidade, onde estão as vilas Seabra, Falcão, Independência e parte baixa do Jardim Bela Vista.
“Ao contrário deste tipo de material, as redes de PVC, mais modernas e adequadas, contam com uma junta elástica a cada seis metros, o que protege contra rompimentos, além de não sofrerem corrosão ou encrustação, o que permite que a vazão de água seja completa”, acrescenta o diretor.
Atualmente, o DAE estima que quase 40% de toda a água produzida em Bauru seja desperdiçada até chegar às residências, indústrias e estabelecimentos comerciais da cidade. Financeiramente, o prejuízo calculado é de cerca de R$ 2 milhões por mês (leia mais abaixo).
Mesmo com tamanha perda, conforme Câmara Filho, a troca completa da rede antiga seria inviável financeira e operacionalmente, já que teriam de ser interditadas por completo vias de grande fluxo de veículos. “Quando uma tubulação rompe em três ou quatro pontos em uma mesma quadra ou se torna quase completamente obstruída, é sinal de que tem de ser substituída. E fazemos isso utilizando uma junta de transição para ligar ferro ao PVC. Mas não há um projeto para trocar tudo”, aponta.
Hoje, estão enterrados no chão de Bauru cerca de 3.170 quilômetros de dutos, sendo 1.600 quilômetros que servem a rede de água e 1.570 quilômetros utilizados para a rede de esgoto. Na cidade, cerca de 98% das residências contam com fornecimento de água encanada e 90% com coleta de esgoto.
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sábado, 15 de janeiro de 2011
Bauru : Com quase 100 anos, rede do DAE recebe 54 mil reclamações ao ano
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