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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

“MERCADANTE, DEVOLVA O DOUTORADO”


ESTE BLOG LANÇA MAIS UMA CAMPANHA CÍVICA:


“MERCADANTE, DEVOLVA O DOUTORADO”



O grande momento da defesa — e sem se pendurar no saco!

O grande momento da defesa — e sem se pendurar no saco!

No dia 16 de agosto de 2006, este blog surpreendia o mundo (!!!) com o post Mercadante doutor pela Unicamp? É mentira!. Pois é… Estava lá na sua biografia, e ele repetia essa inverdade no horário eleitoral. Teve de se corrigir logo depois, acrescentando que havia cursado apenas “um ano”, sem entregar a tese. Era um falso doutor. Na semana passada, ele corrigiu a questão no “cartório” da Unicamp. E continua um falso doutor.

Como vocês devem ter lido, ele apresentou uma “tese” sobre o… governo Lula! Convidou para a banca Delfim Netto, João Manoel Cardozo de Mello, Luiz Carlos Bresser Pereira e Ricardo Abramovay. E deitou falação à vontade em defesa das conquistas do governo Lula, em tom de comício, atacando, como não poderia deixar de ser, o governo FHC. Até os camaradas ficaram um tanto constrangidos e se viram obrigados a algumas ironias.

Informou a Folha no sábado:
Coube ao ex-ministro Delfim Netto, professor titular da USP, a tarefa de dar o primeiro freio à pregação petista. “Esse negócio de que o Fernando Henrique usou o Consenso de Washington… não usou coisa nenhuma!, disse, arrancando gargalhadas. “Ele sabia era que 30% dos problemas são insolúveis, e 70% o tempo resolve.” Irônico, Delfim evocou o cenário internacional favorável para sustentar que o bolo lulista não cresceu apenas por vontade do presidente. “Com o Lula você exagera um pouco, mas é a sua função”, disse. “O nível do mar subiu e o navio subiu junto. De vez em quando, o governo pensa que foi ele quem elevou o nível do mar…”

“O Lula teve uma sorte danada. Ele sabe, e isso não tira os seus méritos”, concordou João Manuel Cardoso de Mello (Unicamp), que reclamou de “barbeiragens no câmbio” e definiu o Fome Zero como “um desastre”. À medida que o doutorando rebatia as críticas, a discussão se afastava mais da metodologia da pesquisa, tornando-se um julgamento de prós e contras do governo. Só Luiz Carlos Bresser Pereira (USP) arriscou um reparo à falta de academicismo da tese: “Aloizio, você resolveu não discutir teoria…”. Ricardo Abramovay (USP) observou que o autor “exagera muito” ao comparar Lula aos antecessores. “Não vejo problema em ser um trabalho de combate”, disse. “Mas você acredita que o país estaria melhor se as telecomunicações não tivessem sido privatizadas?”

Ridículo
Mercadante, um homem destemido, comprovadamente sem medo do ridículo, não teve dúvida: respondeu a questão — ou melhor: não respondeu — atacando o preço dos pedágios em São Paulo!!! E saiu de lá com o título de “doutor”, conquistado com uma peroração de caráter puramente político. E ATENÇÃO PARA O QUE VEM AGORA.

COMO SABEM TODOS OS JORNALISTAS DE ECONOMIA DESTEPAIZ, Mercadante se esforçou brutamente ao longo de 2003 para derrubar Antônio Palocci. Não houve repórter da área a quem não tenha dado um off pregando o que se chamava, então, “Plano B” na economia. E, agora, faz-se doutor defendendo o que combateu. Um portento.

Grande momento
No sábado, o economista Alexandre Alexandre Schwartsman escreveu um post em seu blog,
Mão Visível, que faço questão de reproduzir aqui — aliás, a ilustração e a legenda também vêm de lá. Leiam. Volto em seguida.

Minha primeira reação à defesa de tese do Mercadante foi, confesso, de escárnio. Pensei: “se restava ainda alguma dúvida que um doutorado em Economia [corrigi depois que fui alertado] pela Unicamp e nada fossem a mesma coisa, o senador a dirimiu e, com isso, finalmente fez alguma coisa servindo ao interesse público”.

Entretanto, a conclusão lógica é bem pior do que minha afirmação (não que ela deixe de ser verdadeira, longe disso). A rigor, se ele conseguiu o título de doutor em Economia “defendendo” uma tese que consiste numa inédita homenagem à sabujice, para que vale o título mesmo?

A mensagem (apropriada para que demonstra tamanha subserviência a um presidente que, sempre que pode, louva sua própria falta de educação) é simples e direta: todos vocês que ralaram para completar seus doutorados, passando noites em claro, conciliando (como vi de perto) a necessidade de trabalhar com a ambição de terminar uma tese, são uns otários.

Basta colocar no papel uns tantos elogios ao governante de plantão, juntar meia dúzia de compadres dispostos a participar da farsa, achar um departamento que se sujeite a este tipo de coisa e, parabéns, você é o mais novo doutor em Economia do Brasil, sem ter feito qualquer, minúscula, mísera migalha de contribuição para o desenvolvimento da ciência. De quebra, desmoralizou um título que muita gente boa teve que trabalhar duro para conquistar.

Talvez dê para descer um pouco mais, mas, sinceramente, vão ter que se esforçar.

Voltei
Bem, meus caros, o que resta a este blog? Lançar mais uma campanha cívica, de caráter nacional: “MERCADANTE, DEVOLVA O DOUTORADO”!

Por Reinaldo Azevedo



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