Em cerimônia para 700 pessoas, governo registra em cartório ações dos últimos 8 anos
BRASÍLIA - A 15 dias do fim de seus oito anos de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou em cartório as realizações de seu governo. Não ficou só nisso. Diante do presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil, Rogério Bacellar, o presidente e 37 ministros assinaram os seis volumes com o balanço dos dois mandatos contendo até mesmo obras que sequer começaram, como a usina de Belo Monte e o trem-bala.
Em cerimônia organizada com pompa para marcar a despedida de Lula, realizada no Palácio do Planalto com a presença de cerca de 700 pessoas, incluindo a presidente eleita, Dilma Rousseff, todos os ministros e quase todos os ex-ministros, como José Dirceu, além de governadores, prefeitos e congressistas, o atual governo registrou também grandes obras de infraestrutura não terminadas, como as Ferrovias Norte-Sul e Transnordestina e as hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio.
As obras da hidrelétrica de Belo Monte deverão ser iniciadas em março, segundo o próprio presidente, ou em abril, de acordo com a Eletronorte. O atual governo concedeu a licença prévia para a usina que aguardava o documento havia vinte anos.
O Trem-Bala, que vai ligar o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas, não teve ainda nem o leilão, antes marcado para o dia 29 de novembro. A pedido dos próprios empresários - e com poucos candidatos a disputar a licitação - o pregão do empreendimento foi adiado para abril.
"Esta prestação de contas é menos para engrandecer o que nós fizemos e mais dar uma fotografia à sociedade brasileira, para que ela, vendo o que foi feito, perceba também o que não foi feito e o que precisa ser feito", justificou o presidente.
Um resumo dos seis volumes registrados em cartório foi distribuído num livro de 310 páginas, feito pela Secretaria da Comunicação Social da Presidência. O mesmo material foi posto em dois endereços da internet, para que possa ser consultado pelo público: www.balancodegoverno.presidencia.gov.br e https://i3gov.planejamento.gov.br/COI.
Recorrendo ao recorrente bordão de seu mandato, Lula afirmou que muitos perceberão, ao ler o material, que a frase "nunca antes na história desse País" não é sem sentido nem demonstra que ele e seu governo estão "descobrindo o Brasil", apenas que o seu governo está "fazendo o que outros não fizeram".
Saldo
O presidente afirmou ainda que, entre erros e acertos, o saldo é positivo: mais de 80% de aprovação do governo. E, se fossem somados aos que aprovam o governo os que o acham regular, chegaria a 94%. Aos que o acham ruim ou péssimo (6%), Lula pediu compreensão e que olhem o governo com bondade.
Lula admitiu que o desejo dos governantes é receber elogios. "Nós, governantes, gostaríamos que todos os dias tivesse uma manchete favorável. Mas não tem. É por isso que eu ando muito, é para fazer um contraponto. Eu leio o jornal, eu não vejo matéria favorável a mim, eu falo: vamos viajar o Brasil para que eu mesmo fale bem de mim."
O presidente disse que tal empenho dele deu resultado. Lembrou que muitos especialistas diziam que jamais ele conseguiria eleger Dilma presidente. "É impossível", disse ele, num trejeito, imitando alguém que pôs em dúvida a eleição de Dilma. Mas, triunfante com o resultado eleitoral, emendou: " A única coisa impossível é Deus pecar. O resto, tudo pode acontecer".
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