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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Brasil quer exportar urânio


Usinas de urânio receberão R$ 348 mi
Autor(es): Marta Salomon
O Estado de S. Paulo - 11/08/2010

O presidente Lula mandou incluir no Orçamento de 2011 - primeiro ano de seu sucessor - investimento de R$ 127 milhões para que, até o final da década, o Brasil exporte urânio enriquecido. A meta é atingir a autossuficiência no ciclo do combustível nuclear em 2014. Projeções levadas a Lula mostram que o País precisa enriquecer urânio para nove usinas até 2034. 0 processo representa 35% dos custos de produção.

Brasil é um dos poucos países que tem reserva de urânio e sabem enriquecê-lo


Para o País poder exportar urânio enriquecido até o fim da década e superar o atraso no plano de dominar o ciclo do combustível nuclear em escala industrial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a inclusão no Orçamento do ano que vem, o primeiro de seu sucessor, de um investimento de R$ 127 milhões, informou o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia).


O programa nuclear brasileiro foi assunto de reunião reservada de Lula com um grupo de ministros há duas semanas. A autossuficiência no ciclo do combustível nuclear, planejada inicialmente para 2013, foi descartada na reunião. A meta agora é atingir esse objetivo no ano seguinte, mas isso depende de investimentos no primeiro ano de governo do sucessor de Lula, contou o ministro.

Os R$ 127 milhões da conta apresentada por Rezende no encontro com Lula são a primeira parcela do dinheiro necessário para ampliar a escala de conversão do concentrado de urânio em gás, numa etapa intermediária do enriquecimento do urânio ainda feita totalmente no exterior, e também para aumentar a fabricação de ultracentrífugas. O custo total das novas fábricas é de R$ 348 milhões em três anos.

"O valor necessário durante o primeiro ano é pequeno, e o presidente determinou que seja colocado no Orçamento para que o programa nuclear não atrase mais", relatou Sergio Rezende ao Estado.

As necessidades de consumo de urânio enriquecido foram estabelecidas com base na expansão no número de usinas nucleares no País. Além de retomar as obras de Angra 3, cuja construção ficou interrompida desde 1986, o governo estuda a construção de pelo menos mais quatro usinas, de 1.000 MW (megawatts) cada, até 2034. As duas primeiras são projetadas para o Nordeste, provavelmente às margens do rio São Francisco.

Embora polêmico, o enriquecimento de urânio é positivo porque agrega valor ao minério. O Brasil é um poucos países que detêm grandes reservas e também sabe enriquecê-lo.

Nove usinas. Projeções levadas a Lula mostram que o País precisa enriquecer urânio para abastecer nove usinas nucleares até 2034. Mas as mesmas projeções indicam a produção de excedentes de concentrado de urânio, gás hexafluoreto e urânio enriquecido, respectivamente, a partir de 2012, 2014 e 2018.

"A exportação de excedentes é uma possibilidade", diz o ministro de Ciência e Tecnologia. Dados levados a Lula defendem o enriquecimento do urânio no País: "A tecnologia da ultracentrifugação é dominada por um pequeno número de países e não está disponível para a compra, agrega substancial valor ao urânio pois representa 35% do custo de produção do combustível para as usinas nucleares", argumenta o documento.

No mês que vem, deverá ser inaugurada no interior de São Paulo a primeira fábrica piloto de conversão de concentrado de urânio em gás hexafluoreto. A unidade construída na área da Marinha, em Aramar, tem capacidade de produção de 40 toneladas por ano. Mas a meta é multiplicar a produção para 1.500 toneladas por ano.

A nova fábrica de ultracentrífugas também ficará na área da Marinha. As ultracentrífugas serão montadas em Resende (RJ), onde já operam três cascatas de enriquecimento de urânio a 3,5%, porcentual usado no combustível nuclear. Cerca de 90% do enriquecimento do urânio consumido nas usinas de Angra dos Reis ainda é feito na Europa.

PONTOS-CHAVE

Prazo
A autossuficiência no ciclo de combustível nuclear, planejada inicialmente para 2013, deve ser atingida no ano seguinte. Mas isso depende dos investimentos do próximo governo.

Demanda
As necessidades de consumo de urânio enriquecido foram estabelecidas com base na expansão no número de usinas nucleares no País. A projeção é de nove usinas até 2034.

Fábrica piloto
No mês que vem, deverá ser inaugurada no interior de São Paulo, a primeira fábrica
piloto de conversão de concentrado de urânio em gás hexafluoreto.

Capacidade
40 toneladas
por ano é a previsão da capacidade de produção da fábrica piloto que será construída na área da Marinha, em Aramar,

Dependência
As novas ultracentrífugas serão montadas em Resende, onde operam três cascatas de enriquecimento. Cerca de 90% do urânio consumido nas usinas de Angra é feito na Europa.


Vergonha atômica

Autor(es): Paulo Rossi
Correio Braziliense - 11/08/2010


Na última sexta-feira, pela primeira vez, representantes oficiais do governo norte-americano participaram das cerimônias de homenagem às vítimas das bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e Nagasaki, três dias depois. Mais de 200 mil japoneses, quase todos civis, morreram no momento das explosões ou nos anos seguintes, corroídos pela radiação.

Os livros de história sempre me causaram perplexidade ao descrever esse genocídio. Como Alemanha, Itália e Japão formavam o Eixo do Mal — a barbárie do Holocausto não deixa dúvidas quanto a isso —, os cogumelos nucleares passaram longe da imagem de crimes de guerra. O discurso dos vencedores vendeu a ideia de que, sem as bombas, o conflito teria se arrastado por meses, talvez anos, o que significaria milhões de vidas ceifadas.

Os americanos não haviam esquecido o traiçoeiro ataque japonês a Pearl Harbor, em dezembro de 1941, sem guerra declarada. Tampouco queriam repetir as perdas de soldados registradas nas ilhas de Iwo Jima, no fim de 1944, e Okinawa, de abril a junho de 1945. Em sua obra-prima Cartas de Iwo Jima, o cineasta Clint Eastwood dá bem a medida de como os orientais, mesmo sabendo que estavam condenados à derrota, vendiam caro a capitulação.

Para evitar uma carnificina de soldados numa invasão por terra ao Japão, os Estados Unidos optaram pelo inédito ataque nuclear. O macabro pragmatismo destruiu duas cidades e levou à rendição. Mais vale abater civis do lado de lá, usando uma arma que praticamente não passara por testes — com consequências, portanto, imprevisíveis —, do que perder militares no campo de batalha.

Visitei o Parque Memorial da Paz, em Hiroshima, há 12 anos. O museu é um soco no estômago. Relógios com o horário congelado (8h15 da manhã), restos de uniformes de crianças que haviam acabado de chegar à escola, maquetes da cidade, mostrando o antes e o depois da explosão. No meio do complexo, o esqueleto do único prédio que não tombou, mantido como símbolo. Não há justificativa para tamanha atrocidade.


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