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terça-feira, 29 de junho de 2010

POLÍTICOS COMPRAM LISTAS DE SEGUIDORES DO TWITTER


POPULARIDADE À VENDA
Autor(es): Fernando Braga
Correio Braziliense - 27/06/2010


TWITTER
Empresas e políticos estão comprando seguidores da rede social em um mercado paralelo para mostrar sucesso. Carteiras com 100 mil pessoas podem custar R$ 9,5 mil

Ter milhares de seguidores na internet que comentem suas ações e gerem um marketing viral capaz de mexer com uma grande quantidade de pessoas é algo que toda empresa — e, em época de eleições, políticos — deseja. No entanto, ser popular na rede pode ter, literalmente, um preço. De olho na força que emerge das ferramentas de mídias sociais, sites estão vendendo pacotes com milhares de seguidores para quem busca incrementar o número de pessoas que acompanham um determinado perfil no Twitter.

Uma das principais empresas que atuam nesse negócio é australiana uSocial, que aproveitou a febre que existe em torno do microblog para oferecer uma variedade de “carteiras de internautas”, compostas por usuários dos mais diferentes perfis. Um pacote com o número mínimo de mil seguidores sai por 62 euros (cerca de R$ 170). Já quem deseja aumentar a popularidade na rede pode optar por um pacote maior e atingir até 100 mil seguidores pelo valor de 3,5 mil euros (R$ 9,5 mil reais). Toda a compra é feita de maneira simples. Basta entrar na página da empresa, preencher um breve cadastro e informar o número do cartão de crédito internacional. A prática causa bastante controvérsia e o próprio Twitter já entrou com uma ação na Justiça norte-americana para desativar o serviço, acusando-o de praticar spam.

Outro site que oferece o milagre da multiplicação é o Buy Twitter Follows. Na página inicial, a empresa explica que, depois de feito o cadastro, o processo demora de dois a sete dias para começar a gerar resultados e, como tantos outros serviços que correm à margem da legalidade, garante a satisfação do cliente.

Novos amigos
O Correio conversou por telefone com um vendedor de seguidores que atua em Londrina, no Paraná, e verificou que não é preciso ir até as páginas internacionais da internet para comprar “novos amigos”. De acordo com uma pessoa identificada apenas como Márcio, um software específico que se vale de brechas no sistema do Twitter faz uma varredura em torno das contas com o maior número de seguidores e replica os convites de forma automática. “Muitas empresas e pessoas ligadas a políticos nos procuram. A partir de palavras-chave, encaminhamos milhares de mensagens para determinados grupos alvos de usuários”, conta.

Márcio vai além. “Nas eleições passadas, eu trabalhava com o Orkut, que restringiu meu acesso. Com o Twitter está tudo bem. Inclusive, temos o cuidado de não divulgar muito esse software, pois os programadores podem alterar o sistema e nos bloquear”, diz. “Se enviamos para mil pessoas, mas apenas 100 aceitam seguir um perfil, voltamos e mandamos para outros 900 usuários”, explica Márcio, que diz cobrar R$ 5 mil para um pacote mínimo de 1 milhão de mensagens.

Fantasmas
Curiosamente, neste ano eleitoral, o número de pessoas que acompanham os perfis de políticos teve um aumento considerável. Segundo levantamento da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados, o número de seguidores de deputados no Twitter mais do que dobrou no último mês em relação ao levantamento anterior, passando de 231.271 seguidores em janeiro para 514.340.

Para Vivian Pratti, especialista em direito digital do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados, a prática de compra de seguidores pode ser comparada ao envio de spam, uma vez que os usuários não optam por receber esses tipos de mensagens. “Apesar de não existir até o momento nenhuma vedação legal em relação à prática, o próprio termo de uso do Twitter diz que é proibida a comercialização de perfis ou de outros serviços relacionados ao site”, lembra. “Muitos desses seguidores nem existem na verdade, são apenas perfis fantasmas criados para aumentar o volume de usuários”, afirma.

Por meio de um comunicado, o Twitter informou que monitora regularmente as contas que são oferecidas para vendas, assim como aquelas que indicam atividade de spam. “Nós fechamos a maioria desses perfis bem antes que sejam vendidos. A minoria dos clientes que resta é posteriormente identificada e suspensa assim que qualquer atividade de envio de spam se inicia”, assegura.



O número

85,3%
Total dos 75 milhões dos usuários do Twitter que atualizam o perfil ao menos uma vez por dia

Críticas ao comércio pirata


O comércio pirata de seguidores do Twitter está sendo motivo de grande polêmica entre os profissionais que trabalham em consultorias de mídia digital. O sócio-proprietário da RBW Ricardo Barreto levanta a questão ética que envolve a compra de seguidores no site de relacionamento. “É claro que todo mundo que ser seguido, porém, mais importante do que adquirir novos internautas, é preciso saber como mantê-los interessados no que a marca tem a dizer”, diz Barreto, lembrando que, assim como outras redes sociais, o Twitter não é uma ferramenta de comunicação, mas de relacionamento. “Comprar seguidores não garante o sucesso de uma campanha. É preciso fazer um trabalho estratégico, mapear os líderes de opinião de diferentes assuntos para, assim, atingir a um número maior de usuários”, afirma.

O diretor de interatividade da agência Santa Clara, Pedro Porto, confirma que há muita gente que utiliza o microblog para inflacionar o número de seguidores. “O fato de uma pessoa ter 100 mil seguidores não quer dizer que ela é mais relevante do que quem tem 10 mil. Ao comprar seguidores, se está maquiando um número e adotando a mesma métrica da mídia tradicional, que mede a audiência de uma maneira antiga”, relata.

A opinião de Porto é apoiada por um recente estudo publicado pelo instituto Max Planck, da Alemanha, que analisou a repercussão de mais de 1,8 bilhão de mensagens enviadas por 80 milhões de assinantes do Twitter. Ao cruzar os dados dos usuários com o maior número de seguidores e algumas medidas de influência, como a quantidade de vezes que uma mensagem era reproduzida ou mencionada no microblog, os pesquisadores concluíram que ser popular na rede social não quer dizer necessariamente ser influente. Segundo o estudo, os usuários mais seguidos no Twitter são celebridades e figuras públicas. Contudo, os usuários com maior número de retweets, ou mais influentes, são aqueles que agregam conteúdo, como veículos de comunicação e ferramentas de busca.

Microblog
De acordo com a consultoria Sysomos, 93,6% têm menos de 100 seguidores no Twitter. Já 92,4% seguem menos de 100 pessoas em seus perfis. Mas apenas 5% dos clientes do microblog são responsáveis por 75% do total de atividade da rede social.



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