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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Irã ameaça romper acordo com Lula se sanções forem aprovadas na ONU


Esforço. Pacto de alto custo diplomático para Brasil e Turquia está sob risco, anuncia parlamentar ligado ao governo iraniano; Hillary inicia um giro pela Ásia para garantir o maior número de votos possível para dar legitimidade às medidas de retaliação

21 de maio de 2010 | 0h 00
Gustavo Chacra, CORRESPONDENTE / NOVA YORK - O Estado de S.Paulo

O Irã ameaça romper o acordo firmado com Brasil e Turquia no início da semana caso uma nova rodada de sanções seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU. A declaração, feita por uma autoridade governamental, ocorre dois dias depois de os EUA e os outros quatro integrantes permanentes do conselho terem chegado a um acordo sobre uma nova resolução.

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"Se o Ocidente emitir uma nova resolução contra o Irã, não estaremos comprometidos com a declaração de Teerã e o despacho de combustível nuclear fora de nosso território será cancelado", disse Mohammad Reza Bahonar, segundo a agência de notícias Mehr.

Após o aviso, o parlamentar admitiu que a República Islâmica espera as sanções. "As grandes potências, junto com o Conselho de Segurança da ONU, chegaram a um consenso sobre o Irã e é altamente provável que em um futuro próximo a quarta rodada de resoluções contra o Irã entre em vigência", continuou Bahonar.

As novas sanções contra o país persa recairiam sobre os bancos iranianos e contemplariam a inspeção de navios suspeitos que poderiam levar material para contribuir com o programa nuclear do Irã.

O aviso de Bahonar ocorre no mesmo dia em que o chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que o Irã deve cumprir o acordo mesmo que o Conselho aprove as novas sanções. "Nós somos favoráveis a que o Irã envie a petição (sobre o acordo) à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o mais rápido possível (...) Isso não deve ser atrapalhado pelas discussões no Conselho de Segurança", disse Lavrov.

Acordo e sanções

O acordo ao qual o parlamentar se refere foi anunciado na segunda-feira e prevê que Teerã envie 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido à Turquia para receber em troca 120 quilos de combustível nuclear para seu reator de pesquisas na capital iraniana.

O acordo iraniano pode aumentar o controle internacional sobre o programa nuclear do país, reduzindo, em tese, a chance de haver um plano secreto para a produção de armas nucleares. Porém, potências lideradas pelos EUA afirmaram que o acordo não exclui a possibilidade de uma quarta rodada de sanções ao país. Washington e outros governos temem que o Irã busque secretamente produzir armas nucleares, o que Teerã nega.

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"Se o Ocidente aprovar uma outra resolução contra o Irã, nós não estaremos mais comprometidos com o acordo de enviar urânio para fora do Irã", disse Mohammad Reza Bahonar, um dos mais proeminentes parlamentares iranianos ligados ao governo.

O acordo, acertado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, prevê que os iranianos enviem 1.200 kg de urânio com baixo enriquecimento para o exterior. Em troca, Teerã receberia urânio para ser usado em reatores médicos. A troca seria feita na Turquia e o enriquecimento na Rússia ou na França.

Os EUA haviam proposto acordo semelhante em outubro. Mas a demora tornou, na visão americana e de seus aliados, estes 1.200 kg insuficientes. Washington também demonstrou insatisfação com a decisão iraniana de manter o enriquecimento de urânio dentro do país no período da troca. O acordo apressou a apresentação da proposta de sanções apoiada pelas grandes potências e causou uma certa irritação do Departamento de Estado com o Brasil - a ponto de colocar em risco uma provável visita de Obama ao País antes de outubro, segundo fontes da diplomacia americana.

Agora, Washington esforça-se para obter o maior número de votos, entre os 15 possíveis, à proposta de sanções. Para isso, Hillary iniciou ontem um giro por China, Japão - ambos membros do conselho - e Coreia do Sul.

O governo francês declarou ontem acreditar que só três países do CS - Brasil, Turquia e Líbano - votarão contra o projeto de resolução.

Prazo. O Irã afirma que pretende protocolar o pacto com o Brasil e a Turquia para a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na segunda-feira. Na avaliação dos governos brasileiro e turco, a iniciativa iraniana de concordar em enviar o urânio para troca deveria incentivar as negociações diplomáticas.

Na ONU, a expectativa no Conselho de Segurança é de que o projeto de resolução seja levado para votação em cerca de um mês. Ainda há detalhes a serem acertados e os americanos querem ter certeza de que conseguirão uma vitória folgada na votação.

México, Japão e Áustria pretendem aprovar as sanções. Há dúvidas sobre como se posicionarão a Bósnia e três países africanos - Uganda, Gabão e Nigéria.

A Rússia alimentou ainda mais os temores dos EUA ontem ao dizer que o Irã está pronto para abrir o reator nuclear de Bushhr em agosto. A afirmação foi dada por Serguei Kirienko, que dirige a corporação nuclear estatal russa Rosatom. Os russos ajudaram os iranianos a construir esse reator e ainda estão envolvidos com o seu desenvolvimento. De acordo com os EUA e seus aliados, o programa nuclear iraniano visa o desenvolvimento de armas nucleares. O O regime de Teerã nega.


PONTOS-CHAVE


Líbano
O governo de coalizão inclui o partido da milícia xiita Hezbollah, que é apoiada e
financiada por Teerã. Beirute garante que apoiará o Irã nas discussões internacionais

Brasil
Tem interesse comercial no Irã.Quer se posicionar como líder global e critica a pressão das nações com armas nucleares para aumentar as inspeções em países como o Brasil


Turquia
País de maioria muçulmana, busca se impor como líder no Oriente Médio, depois de anos desperdiçados na sua fracassada tentativa de integrar a União Europeia.
Iranianos fizeram um acordo para construir um gasoduto através do território turco

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