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sábado, 26 de setembro de 2009

Lula obedece Chávez e prejudica Honduras












26 de setembro de 2009


Lula tem na política o instinto matador que caracteriza os grandes artilheiros do futebol tão admirados por ele. Na semana passada, essa habilidade abandonou o presidente da República. Ele esteve em Nova York para discursar na abertura da 64ª Assembleia Geral da ONU, palco privilegiado para fazer o que ele mais gosta e faz como poucos, enaltecer o Brasil aos olhos do mundo. Em sua fala Lula assinalou os avanços no uso de energias limpas no Brasil e mesmerizou os burocratas internacionais com ataques à caricatura do mercado onipotente. Ficou nisso. A maior parte do tempo passado sob os holofotes foi dedicada por Lula a falar de um país estrangeiro, Honduras, uma nação paupérrima sem nenhuma relação especial com o Brasil.


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Politicamente instável, Honduras vem de ejetar do posto e exilar um presidente, Manuel Zelaya, pela tentativa de desrespeitar a Constituição e, por meio da convocação de um plebiscito, perpetuar-se no poder.

Caso típico da contaminação ideológica patrocinada pelo venezuelano Hugo Chávez, Zelaya vendeu a Caracas seu pouco valorizado passado de latifundiário direitista. De repente passou a se pautar pela cartilha populista chavista de miséria moral e material, supressão de liberdades individuais, desrespeito às leis, aos costumes civilizados, associação com o narcotráfico e, claro, eternização no poder - receita que estranhamente passou a ser chamada de esquerda na América Latina.

Em uma operação comandada por Chávez, Zelaya foi conduzido de volta a Honduras e se materializou com numerosa comitiva na casa onde funciona a embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Esse hóspede incômodo, de aparência bizarra e com sinais evidentes de distúrbios mentais - se diz vítima de ataques por ondas eletromagnéticas e gases tóxicos que só ele percebe - foi o grande assunto de Lula em Nova York. O Brasil pode esperar outra oportunidade.

Zelaya é um problema dos hondurenhos que encurtaram seu mandato antes que ele o espichasse indefinidamente. É um problema também de Chávez que não se conforma em perder o investimento feito na conversão dele ao seu credo. É um problema dos Estados Unidos pela proximidade geográfica por estar na sua esfera de influência histórica. Pois a semana acabou com Zelaya sendo um problema e constrangimento para o Brasil.

Golpe de mestre de Chávez que evitou alojar Zelaya na embaixada da Venezuela, ordenando a seus amigos na para-diplomacia brasileira chefiada por Marco Aurélio Garcia que o acolhessem na representação brasileira. "Hoje o Brasil tem um problema em Honduras e Chávez, que o produziu, não tem nenhum", diz Maristella Basso, professora de direito internacional a Universidade de São Paulo. Chávez age como o líder do subcontinente americano. Ataca Barack Obama, presidente americano, e ignora Lula.

Com as eleições marcadas para o próximo dia 29 de novembro, o governo interino que derrubou Zelaya se preparava para reconduzir o país à normalidade democrática. O candidato ligado a Manuel Zelaya aparecia até bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Seria uma saída rápida e democrática para um golpe, coisa inédita na América Latina. Seria.

Agora o desfecho da crise é imprevisível. O mais lógico seria deixar o retornado sob os cuidados dos amigos brasileiros até depois das eleições que, se legítimas, convenceriam a comunidade internacional das intenções democráticas dos golpistas. Mas é preciso combinar com os apoiadores e detratores de Zelaya nas ruas e elas costumam ter sua própria e volátil dinâmica. O Brasil, que poderia ser parte da solução da crise de Honduras, tornou-se, graças a Chávez, o problema. A embaixada brasileira agora tem um hóspede que ouve vozes e uma para-diplomacia que ouve ditadores estrangeiros.

Qualquer regime minimamente antiamericano conta com o apoio tático do governo brasileiro - ainda que esteja envolvido em genocídio, como o do Sudão, ou tratado como pária mundial, como o Irã. As estripulias dos governantes de esquerda da região - mesmo que eles estejam agindo contra os interesses brasileiros - são toleradas em silêncio pelo presidente Lula. "Por causa desta política externa, estamos sempre a reboque dos acontecimentos", disse a VEJA Rubens Barbosa, que foi embaixador brasileiro em Washington no governo de Fernando Henrique.

O Brasil poderia ser protagonista de uma solução pacífica em Honduras, cujo formato foi definido por Oscar Arias, Prêmio Nobel da Paz e ex-presidente da Costa Rica, com o apoio dos Estados Unidos e da Organização dos Estados Americanos. Chávez foi mais convincente. Na Assembleia Geral da ONU, em rompante, Lula chegou a dar ultimato ao governo de Honduras. Vai mandar os Fuzileiros Navais? Seria a suprema vitória de Chávez na armadilha que armou para Lula.






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