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domingo, 28 de junho de 2009

"DO COMEÇO AO FIM" Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos "From Beggining to End"


"DO COMEÇO AO FIM" Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos "From Beggining to End", upload feito originalmente por photos.elainecristina.

Quarta-Feira, 02 de Abril de 2008 | Versão Impressa




Do Começo ao Fim trata de uma relação delicada

O cineasta Aluízio Abranches, de Um Copo de Cólera, fala de seu próximo filme, previsto para ser rodado em junho e que vai narrar a paixão entre dois irmãos

Ubiratan Brasil


Uma relação atípica, revelada de forma serena e carinhosa. É o que pretende o cineasta Aluízio Abranches (Um Copo de Cólera, As Três Marias) com seu novo projeto, a ser filmado em junho - Do Começo ao Fim trata da relação entre dois meios-irmãos (são filhos apenas da mesma mãe). Mais que a camaradagem habitual, Francisco e Thomás se gostam muito. Na verdade, eles se amam. "Com uma narrativa particular, o filme pretende contar a história de um amor incondicional como uma possibilidade, como um contraponto para um mundo cheio de violência, medo e intolerância", afirma Abranches.

Eis seu principal desafio: apresentar uma relação normalmente considerada proibida como algo natural, sem transgressão. Assim, a delicada relação entre Francisco e Thomás não provoca tanto espanto nas pessoas que os cercam - a surpresa inicial logo cede espaço para a conformidade de que a vida segue seu curso natural, ainda que por vias não tão freqüentadas.

"Gosto de lembrar alguns detalhes da história de Juno, filme tão badalado", afirma Abranches. "A gravidez da menina é encarada com naturalidade pelo pai e pela madrasta, que também não se espantam quando ela decide oferecer o bebê para doação. Também a mulher que aceita a criança faz isso com a maior naturalidade. Esse é o tom que busco para meu filme: uma sucessão de acontecimentos aparentemente fora de padrão, mas tratados sem sobressaltos."

Júlia Lemmertz, que participou de Um Copo de Cólera e As Três Marias, retoma a parceria com Aluízio Abranches e vai viver Julieta, a médica que trabalha no setor de emergência de um hospital e se casa com um argentino, Pedro, com quem tem um filho, Francisco. Eles se separam e Julieta conhece o arquiteto Alexandre. Da união, surge Thomás. "O menino, aliás, nasce com os olhos fechados e assim permanece durante várias semanas", conta o diretor, que ainda seleciona o restante do elenco. "A mãe não se preocupa - para ela, quando quiser, Thomás abrirá os olhos. É assim, nos primeiros dias de vida, que ele aprende o que é livre-arbítrio." E, quando decide finalmente descobrir o mundo que o cerca, Thomás abre os olhos e mira direto em Francisco, seu irmão de 6 anos.

O primeiro indício de que os dois vivem uma relação especial é percebida por Pedro, quando os irmãos, ainda garotos, vão a Buenos Aires passar um Natal juntos com o argentino. "Pedro comenta com Julieta sobre a grande cumplicidade dos meninos, mas a mãe não se alarma: ela já conhece o carinho que une os filhos e não se espanta."

Julieta carrega, segundo Abranches, as características que anunciam o eixo central do filme. É uma mulher com outra materialidade. "Eu a descrevo por meio de frase de Bernard Shaw, que dizia: ?Algumas pessoas olham para o mundo e perguntam ?por quê?? Eu penso em coisas que nunca existiram e me questiono ?por que não??"

Do Começo ao Fim não é uma fábula, no entender de seu diretor, pois retrata a rotina de uma família do Rio de Janeiro. E a história dos dois irmãos engloba, na verdade, uma trajetória familiar. A trama se inicia em 1986, com o nascimento de Thomás, e dá um salto para os dias atuais de forma engenhosa - ainda garotos, os meninos vão a Buenos Aires para o enterro de Pedro e, quando chegam ao cemitério, já são adultos e acompanham, na verdade, o enterro da mãe.

Mesmo disposto a colaborar na conscientização de um público, inspirando uma visão otimista da natureza humana, Abranches enfrenta dificuldades em encontrar investidores. O assunto, ainda tabu, afugenta os conservadores - alguns chegaram a propor uma troca no parentesco dos rapazes (primos); outros preferiam que fossem duas irmãs.

A solução veio com Fernando Libonati, sócio-dirigente da produtora Pequena Central, que, sensível a um novo processo de criação, abraçou o projeto. O filme vai ganhar, assim, ares de produção independente, mas garante sua essência libertária.

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