Ordem Serrada/Chico Quintas Jr.
Pense no Senado. Mas pense positivamente. Aquilo ainda pode melhorar. Deve melhorar. Tem que melhorar.
Faça de conta que a coisa já está melhorando. Confie no estudo que o Sarney acaba de encomendar à FGV.
Faça cara de quem não tem dúvida de que tudo vai dar certo. Imagine o prazer que você vai ter quando forem à bandeja as cabeças dos 131 diretores.
Não, minto. A diretoria de 131 era coisa de ontem. O Sarney já atualizou esse número. Os diretores são 136.
Continue simulando otimismo. Cinco a mais, cinco a menos. Que diferença faz? Só vai aumentar o seu prazer na hora da carnificina.
Êpa, péra lá. A assessoria de Sarney acaba de divulgar a penúltima atualização. O Senado dispõe agora de 181 diretores. Repetindo: 181!
Bateu um desânimo? Tudo bem. Compreensível. É preciso reconhecer: não é fácil pensar no Senado e ser otimista ao mesmo tempo.
Mas tenha calma. Faça um esforço adicional. Reanime-se. Raciocine com os seus botões: quem será louco de comprar briga com esse exército de diretores?
Amanhã eles podem ser 200, 250, 300... Num ambiente em que o impensável vira o inacreditável, que evolui para o inaceitável, o impossível é sempre uma possibilidade.
Levando a boa vontade às raias do paroxismo, você pode concluir que o Senado descobriu a fórmula para a cura do desemprego.
Do jeito que o monstro cresce, não demora e todos os brasileiros serão diretores do Senado. Já pensou?
Estabilidade no emprego. Salário de R$ 18 mil. Gratificação de R$ 2 mil. Melhor: você não terá de acordar cedo para acender as caldeiras do Senado.
Com alguma sorte, o Sarney nem vai saber da sua existência. Você será apenas mais um número na folha de pagamento do Senado.
Fracassando o projeto de obter um contracheque do Senado, você ainda pode virar diretor da Câmara. Ali, há, por enquanto, 104 diretorias. Seja otimista!
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