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quinta-feira, 19 de março de 2009

Hospitais da rede pública farão cirurgia de redução de mama


Secretaria busca parcerias com prefeituras para custear cirurgias.
Pacientes têm de provar problemas de coluna por causa dos seios grandes.

Alba Valéria Mendonça e Cláudia Loureiro Do G1, no Rio

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Antes e depois da cirurgia de redução de mama: solução para problemas de coluna (Foto: Arquivo Pessoal)

Dentro de um mês aproximadamente, começarão a ser realizadas em hospitais estaduais as primeiras cirurgias para a redução de mamas (mamoplastia redutora) como indicação para problemas ortopédicos, de acordo com a subsecretária de Atenção à Saúde, da Secretaria estadual de Saúde, Hellen Myiamoto.

Em 15 dias deverá estar concluído o plano que vai divulgar quais unidades vão realizar este tipo de cirurgia.

“Dos 23 hospitais da rede, pelo menos oito deverão ser utilizados para este tipo de cirurgia, em todo o estado. Como a redução de mamas é um procedimento eletivo, ou seja, é feito com data marcada, estamos selecionando hospitais que não sejam de atendimento de emergência, para que nem as pacientes e nem a população sejam prejudicadas. Precisamos ter uma sala cirúrgica disponível, que não precise ser ocupada de urgência”, destacou a subsecretária.

Quem paga a conta?

A maioria desses oito hospitais ficará concentrada na capital. Hellen acredita que em 15 dias a equipe do Atendimento à Saúde já tenha concluído todo o planejamento que prevê a criação de ambulatórios para as pacientes deste tipo de cirurgia, assim como a organização de uma lista das indicadas ao procedimento.

Outro dado que também está sendo estudado, segundo Hellen, diz respeito ao custeio dos procedimentos cirúrgicos. Como o governador vetou o artigo que obrigava o estado a arcar com as despesas da mamoplastia redutora, a secretaria está buscando parcerias.

“A redução de mamas é uma cirurgia relativamente barata. Não exige equipamentos sofisticados, pois depende mais da habilidade do médico. Estamos negociando o custeio do procedimento com o Ministério da Saúde e com as prefeituras”, disse a subsecretária acrescentando que atualmente a cirurgia é custeada pelo SUS.

O veto a dois artigos

O deputado estadual André Corrêa, autor da lei aprovada, comentou o veto do governador Sérgio Cabral a dois artigos da norma. Um dos artigos vetados obrigava o poder público a custear o procedimento cirúrgico. O outro dizia que o governo seria obrigado a consignar anualmente recursos para as cirurgias no orçamento.


"É um passo importante. É o reconhecimento que a demanda existe. A razão que se colocou para vetar dois artigos foi de natureza iniciativa. O Poder Legislativo não pode causar despesa para o Executivo. Se o governo sancionou, por automático, não tem como achar que não vai passar para o orçamento. O veto não é em relação à questão de mérito. O que se questiona é a iniciativa da Assembleia (Alerj) fazer isso e abrir precedente. Mas agora é pressionar politicamente para a lei não ficar no papel".

Como obter o laudo

Normalmente, pacientes que querem fazer a cirurgia de redução de mama reclamam de dor e de desconforto na coluna. Para conseguir fazer a cirurgia num hospital público estadual é preciso ter em mãos o laudo médico atestando que o problema ortopédico é consequência do tamanho da mama e pode levar a um comprometimento da coluna torácica.

O paciente deve ser encaminhado pelo cirurgião plástico ao ortopedista que, por meio de exame clínico e radiografia, vai medir o grau de curva torácica, popularmente chamada de corcunda. É o que explica o professor da UFRJ e chefe do Serviço de Ortopedia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Antônio Vítor de Abreu.


"Essa autorização para cirurgia já existia para o SUS. É autorizado desde que o paciente comprove que além da hipertrofia mamária tem alterações na coluna vertebral. A curva torácica deve medir entre 20 e 40 graus. O aumento dessa curva associado a uma mama com hipertrofia seguramente vai desenvolver uma artrose entre as vértebras a médio e longo prazo. O paciente pode também desenvolver uma lordose. Então, essa acentuação da cifose torácica passa a ser justifica para diminuir o tamanho da mama", explica o médico.

O procedimento

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Sergio Levy, a mamoplastia, geralmente é procurada por mulheres jovens – na faixa dos 25 anos – que reclamam principalmente de problemas posturais devido ao peso das mamas. Ele explica que existem três tipos de hipertrofia de mama: virginal (excesso de glândulas), gordurosa (acúmulo de gordura) e mista (excesso de glândulas e gordurosa).


A técnica mais utilizada para a redução de mama é a do T invertido, que faz um corte na parte inferior do seio e que deixa a menor cicatriz. No entanto, destaca Levy, cabe ao cirurgião optar pela técnica mais adequada para cada tipo de hipertrofia.

“Em mulheres cujas mamas saem debaixo das axilas, o cirurgião tem de usar outro tipo de procedimento”, observou Levy.

Recuperação em 15 dias

A recuperação, segundo o especialista é rápida. Durante 15 dias, a paciente deve ter os movimentos limitados. Ginástica e exercícios físicos só serão permitidos dentro de 30 ou 60 dias após a operação. Durante 30 dias, a paciente tem de usar um sutiã modelador.


“Desde que a mulher esteja bem fisicamente e com os exames em dia, não há qualquer contraindicação para a cirurgia. Até mulheres diabéticas, que estejam com os níveis de açúcar no sangue controlados podem reduzir as mamas. Normalmente, os médicos encaminham logo para a cirurgia devido aos problemas ortopédicos que os seios grandes demais provocam”, disse o presidente da SBCP.

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