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quarta-feira, 18 de março de 2009

Em testamento, Clodovil pede que bens fiquem para caridade, diz advogada


Deputado Clodovil Hernandes morreu na terça-feira (17).
Clodovil passava por dificuldades financeiras, contou advogada.

Mariana Oliveira Do G1, em São Paulo


O deputado Clodovil Hernandes, que morreu na terça-feira (17), deixou um testamento no qual pede que seus bens sejam transferidos para uma entidade beneficente, segundo relatou ao G1 sua advogada, Maria Hebe Pereira de Queiroz.

Ela destaca, no entanto, que Clodovil não tinha nenhum bem atualmente e passava por dificuldades financeiras – do salário de R$ 16,5 mil, recebia R$ 7 mil líquidos por conta de pagamento de empréstimo consignado em folha de pagamento.

O corpo de Clodovil será velado na manhã desta quarta-feira (18) na Assembleia Legislativa de São Paulo e enterrado no fim da tarde no Cemitério do Morumbi, também na capital paulista.



A advogada diz que o testamento prevê a criação da Fundação Izabel, nome da mãe adotiva de Clodovil, e de uma entidade para cuidar de meninas órfãs chamada Casa Clô. O dinheiro para a caridade viria de ações trabalhistas que o deputado moveu contra emissoras de televisão e que ainda aguardam decisão judicial. Segundo ela, Clodovil teria mais de R$ 1,6 milhão para receber.

O testamento é datado de janeiro de 2007, um mês antes de o deputado assumir o mandato na Câmara dos Deputados. "Ele pediu para deixar tudo que é dele, ações que ele tem na Justiça. (...) Se ele não tivesse ficado doente, talvez já tivesse criado a instituição", disse Maria Hebe.

A advogada afirmou que conhece Clodovil desde 2004 e que ele não tinha nenhum parente. Ela é a testamenteira dele, ou seja, responsável por executar todas os desejos manifestados por ele no testamento.



Problemas financeiros

As dificuldades financeiras teriam começado em 2004, segundo Maria Hebe, que conta que Clodovil não tinha nenhum imóvel ou bem atualmente. Morava em Brasília, num apartamento funcional. Quando ia a São Paulo, ficava em casa de amigos, e tinha permissão federal para uso de uma casa em área de preservação ambiental em Ubatuba, no litoral de São Paulo.

"Ele não tinha nada, estava passando necessidades. Ele nunca foi um deputado de tramoia, pode falar dele o que quiser, menos isso. (...) O Clodovil gastava muito, ele dizia que não tinha juízo. Ele sempre foi descontrolado", afirmou.


Segundo Maria Hebe, o deputado perdeu recentemente um apartamento em São Paulo por conta de dívidas de condomínio e impostos. Além de perder o imóvel, ele precisou financiar o restante dos débitos. "Ele estava totalmente sem dinheiro. Dívidas de IPTU, fizemos acordo e ele pagou a última parcela há pouco tempo. Ele cumpriu direitinho, pagou tudo."

Ela contou que, certa vez, a própria advogada teve de pagar custas de apelação de um processo judicial. "Antes, ele ganhava muito bem, era bem pago, mas sempre teve vida de gasto. Nunca teve problemas financeiros, mas de uns anos para cá vinha com dificuldades muito sérias. Durante a eleição, um dia ele não tinha dinheiro para comer. Ele não tinha nada. Tinha amigas, que tinham carinho muito grande por ele."

Casa Clô

De acordo com Maria Hebe, Clodovil tinha feito um esboço do que seria a Casa Clô. "Era uma casa cor de rosa para abrigar meninas órfãs. Para dar todo tipo de educação, desde pregar botão até etiqueta, conseguir bolsa de estudo."

A advogada disse que, embora a casa no litoral paulista que Clodovil tinha permissão para morar não possa ser vendida –era em área de preservação ambiental–-, ela estudará uma forma de fazer a casa dar rendimentos para o projeto de caridade de Clodovil.

"É uma ideia que acho que vai ser difícil de cumprir. Ele queria que deixasse a casa aberta ao público e cobrasse entrada. É uma casa diferente, bonita, tem um quarto pink. Mas tem de ver o que dá para ser feito."

Cachorros

A advogada disse ainda que os cachorros que o deputado tinha –três em Brasília e outros em Ubatuba– serão um "problema" a ser resolvido. "Pedi para o dr. Paulo (caseiro que cuida do imóvel) fechar bem o imóvel e não deixar ninguém entrar. Pedi para que ele cuidasse dos cachorros, o Clodovil gostava muito dos cachorros."

Ela disse que conversará com o chefe de gabinete de Clodovil para que os animais sejam doados.

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