Modelo é o mesmo vendido na Europa (a partir de R$ 68.890).
Dirigibilidade é excepcional, mas o acabamento poderia ser melhor.
Novo Focus hatch é o mesmo vendido na Europa (Foto: Divulgação)
Desde que foi lançado no Brasil em 2000, com o perdão do trocadilho, o Focus nunca esteve no foco principal da Ford. Por motivos estratégicos, um tanto difíceis de entender, a montadora brasileira deixou seu modelo médio em segundo plano para priorizar o Ka e, principalmente, o Fiesta. Com isso, apesar de ter sido o campeão de vendas por dois anos na Europa, o Focus nunca foi um best seller no mercado nacional.
Entre um mea culpa e outro, a Ford quer mudar essa história com o lançamento do Novo Focus realizado nos dias 4 e 5 de setembro em Bariloche, na Argentina. O G1 andou no hatch versão Ghia, topo de linha, com câmbio automático seqüencial de quatro marchas pelas ruas da estância turística portenha.
O Novo Focus hatch tem duas versões de acabamentos, GLX (R$ 58.190) e Ghia (R$ 68.890), ambas com opcional do câmbio automático – acrescentar R$ 4.500 aos preços. Ford decidiu adotar o “prefixo” novo no nome oficial, pois ainda manterá a geração anterior no mercado como modelo de entrada (apenas com o motor 1.6 flex). O hatch chega para disputar mercado em um segmento carente de novidades, que tem como principais concorrentes o Chevrolet Vectra GT, o Peugeot 307, o Volkswagen Golf e o Fiat Stilo.
Tabela concorrentes Focus hatch (Foto: Arte/G1)
O design do estilo Kinetic agrada com suas linhas fluidas e vincos que acentuam a esportividade. As lanternas traseiras de cor branca predominante, apesar de mais estreitas, mantêm a identidade da geração passada ao ficarem nas colunas traseiras. O vidro de trás, porém, passou a acompanha fielmente a linha do teto e ficou bem mais inclinado. Isso acabou prejudicando a capacidade do porta-malas, que, em nome da beleza, caiu de 350 para 328 litros de capacidade de carga.
Painel é moderno, mas o acabamento poderia ser melhor (Foto: Divulgação)
A lista de equipamentos é extensa. O computador de bordo, por exemplo, além dos tradicionais dados de consumo, autonomia, desempenho e temperatura externa, também possibilita a regulagem da maciez do volante em três níveis: normal, conforto e esportivo. Para isso, atua na velocidade da bomba eletro-hidráulica da direção.
O modelo vem de fábrica com freios ABS, duplo airbag e sistema de rádio CD/Player com MP3, entrada auxiliar e conexão para iPod, que fica escondido no compartimento abaixo do apoio de braço central dianteiro. Detalhe: a
escolha das músicas do tocador de MP3 pode ser feita diretamente no equipamento do carro.
A versão Ghia ainda pode contar com o sistema opcional de partida sem chave. Basta colocar o chaveiro no bolso que sensores de presença acionam a ignição do motor. Depois, o motorista só precisa apertar um botão perto do câmbio para ligar o carro – pisando no pedal da embreagem (no câmbio manual) e no freio (câmbio automático na posição P), por questões de segurança que impedem, por exemplo, uma criança de ligá-lo acidentalmente.
Design e equipamentos de série agradam, mas o acabamento interno poderia ser melhor. Boa parte do painel é de uma
Retrovisores abrigam luzes de cortesia e do pisca-pisca (Foto: Divulgação)
agradável espuma emborrachada, porém a qualidade dos plásticos que complementam o conjunto destoa. Outro fator que incomoda é a quantidade de tampinhas no console central, que dão um acabamento pouco harmonioso para os locais onde são instalados os botões do aquecimento dos bancos dianteiros do modelo europeu. É um dos ônus da globalização.
Por falar em bancos, eles agora seguram melhor o corpo nas curvas com laterais mais proeminentes, porém têm os assentos curtos demais para o padrão de requinte proposto pelo Novo
Teto-solar elétrico é de série na versão topo de linha Ghia (Foto: Divulgação)
Focus – principalmente no banco de trás. Esse recurso de “encurtar” o assento é adotado para passar a falsa impressão de maior espaço para as pernas (uma vez que a medição é feita entre o espaldar dos bancos dianteiros e o limite do assento traseiro).
Esses pequenos problemas são deixados de lado quando o Novo Focus entra em ação e mostra o que tem de melhor: a dirigibilidade irretocável que, aliás, já era o principal destaque da primeira geração. A suspensão independente nas quatro rodas recebeu nova calibragem, buchas hidráulicas e coxins de borracha para filtrar ao máximo as irregularidades de rodagem e deixar o carro mais silencioso e prazeroso de dirigir. Outra característica observada em um sinuoso trecho da estradinha de Bariloche é a firmeza da carroceria, que praticamente não pende nas curvas, assim como não mergulha nas frenagens mais fortes.
Esse comportamento exemplar da suspensão é corroborado pelo conhecido motor Duratec 2.0 16V a gasolina, que gera 145 cavalos de potência e 18,9 mkgf de torque. Com disposição e elasticidade, o motor compensa a falta da quinta marcha do câmbio automático. Uma pena que a Ford não tenha conseguido adiantar o desenvolvimento da versão flex (que só deve ficar pronta daqui um ano).
Novo Focus vem equipado com rodas de liga de 16 polegadas (Foto: Divulgação)
O câmbio oferece a opção de trocas manuais e mantém a marcha escolhida pelo motorista, mesmo quando os giros máximos são atingidos – salvo quando o pedal do acelerador é pressionado com vontade (kick-down). Quando isso acontece, o sistema interpreta a necessidade de ganho de velocidade imediata, passa para a marcha seguinte e volta instantaneamente para o modo automático.
Além de ter um projeto mais novo que os concorrentes, o Novo Focus é o mesmo que é vendido na Europa (com exceção de alguns mimos tecnológicos). Com esses atributos e com a inédita garantia de três anos no segmento dos hatches médios, a Ford pretende se redimir do histórico pouco caso que teve com o Focus no mercado nacional. Quem sabe não seja a redenção do Novo Focus? Isso, só o mercado poderá responder.
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