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sábado, 2 de agosto de 2008

Brasil: «Sem Terra» congratulam-se com fracasso da OMC

O Movimento Sem Terra (MST), grupo de trabalhadores rurais sem terra no Brasil, congratulou-se sexta-feira pelo falhanço das negociações do ciclo de Doha na OMC, indicando que é uma boa notícia para os pobres dos países subdesenvolvidos.

«O falhanço de Doha, mesmo apesar do governo brasileiro ter aceite de forma vergonhosa a proposta dos países ricos, foi positivo para os pobres dos países subdesenvolvidos», afirmou João Pedro Stedile, dirigente nacional do MST.

Após nove dias de discussões em Genebra, as negociações destinadas a definir o futuro do Ciclo de Doha, para a liberalização do comércio mundial, falharam terça-feira após a falta de acordo sobre a agricultura entre os países ricos e alguns países em vias de desenvolvimento.

Nas negociações, o Brasil defendeu uma abertura dos mercados agrícolas dos países ricos, enquanto os europeus e os norte-americanos reclamaram o acesso dos seus produtos industriais e dos seus serviços aos mercados dos países em vias de desenvolvimento.



Stedile relembrou que a organização internacional Via Campesina, da qual o MST faz parte, considera que os «alimentos não podem ser tratados como uma mercadoria, deixando de lado as necessidades das populações, para assegurar o lucro das empresas multinacionais».

Segundo João Pedro Stedile, os produtos alimentares devem ser considerados «como um direito de cada pessoa» e os governos «têm a obrigação» de aplicar políticas públicas para assegurar a produção de alimentos em quantidade suficiente.

O responsável do MST defendeu que o facto do Brasil ter aceite uma maior abertura do mercado para os produtos agrícolas e matérias-primas sem valor acrescentado para a indústria agro-alimentar em troca da liberalização do mercado brasileiro aos produtos industriais e aos serviços representa uma «visão errada que trava o desenvolvimento nacional».


«É uma posição de subserviência total aos interesses da indústria agro-alimentar e das empresas multinacionais que controlam os produtos agrícolas«, concluiu.

Diário Digital / Lusa

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