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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Flagra do momento em que PM cerca carro de administrador




SBT | 16.07.2008

Luiz Carlos Soares da Costa, de 36 anos, foi morto com três tiros, depois de ter sido seqüestrado; PMs trocaram tiros com seqüestrador

PMs irão depor de novo sobre morte de administrador no Rio

Delegado quer saber porque eles mentiram sobre o local onde a arma do assaltante, que morreu no hospital

Talita Figueiredo - O Estado de S.Paulo


PMs retiram corpos de dentro do carro

Reprodução/SBT

PMs retiram corpos de dentro do carro

RIO - Os quatro policiais militares envolvidos na perseguição a um carro roubado que resultou na morte do administrador de empresas Luiz Carlos da Soares da Costa, de 36 anos, na noite de segunda-feira, serão chamados para prestar novos depoimentos na 17.ª Delegacia de Polícia. O delegado José de Moraes Ferreira quer saber porque eles mentiram sobre a localização da arma do assaltante Jefferson dos Santos Leal, de 18 anos - que morreu nesta quarta-feira, 16, no hospital onde estava internado.


Na primeira versão, eles afirmaram que a pistola estava dentro do carro, sob os pés do carona - Luiz Carlos. No entanto, imagens do SBT entregues ontem ao delegado mostram que a arma foi encontrada do lado de fora do carro. Ferreira afirmou também que "há perda considerável" na perícia porque os PMs desfizeram o local do crime, ao tirar o carro da via.

Jefferson abordou Luiz Carlos na avenida Leopoldo Bulhões quando ele ia para casa em seu Siena e o obrigou a sentar-se no banco do carona. Segundo a PM, o criminoso teria feito uma "bandalha" e acelerado para fugir dos policiais, que iniciaram a perseguição. Eles disseram ainda que atiraram apenas depois de o criminoso disparar contra o carro da PM - que foi atingido por dois tiros.

O Siena do administrador tinha dez perfurações. Na noite do crime, os policiais entregaram à delegacia os três fuzis "que eles afirmaram ter usado no momento do crime". Caso o laudo técnico comprove que havia tiros de pistola no Siena, conforme peritos afirmaram ao Estado, o delegado vai requisitar as pistolas dos PMs.

O delegado disse que até agora não há por que duvidar da afirmação dos PMs. Se a investigação se mantiver nessa linha, o delegado deverá indiciar apenas o assaltante por latrocínio (roubo seguido de morte) e tentativa de homicídio contra os policiais, mesmo que os laudos da perícia comprovem que os tiros que mataram Luiz Carlos tenham partido da arma dos policiais.

Ele disse, no entanto, que não descarta a possibilidade de a investigação mostrar que os policiais cometeram erros e eles podem ser indiciados por homicídio culposo (sem intenção de matar)."É uma questão de entendimento. A investigação ainda está em curso", afirmou.

O delegado disse que vai chamar também a viúva do administrador, Simone, para prestar depoimento. Parentes da vítima informaram que ela falava ao telefone com Luiz Carlos, no momento que ele foi abordado pelo assaltante. Os parentes afirmaram, no entanto, que ela não conseguiu ouvir nada. Ontem, Ferreira conversou com um dos frentistas do posto que fica em frente ao local do crime, que ele não acrescentou nada.


PMs que mataram inocente ignoraram norma

Publicada em 16/07/2008 às 23h20m

O Globo Online

BUENOS AIRES, WASHINGTON, NOVA YORK e RIO. - A conduta dos policiais do 22 BPM (Maré), durante a perseguição a um assaltante que culminou com a morte do administrador Luiz Carlos Soares da Costa, mantido como refém, no fim da noite de segunda-feira, foi totalmente contrária à nota de instrução 005/02, de 17 de junho de 2002, ainda em vigor, como mostra reportagem do jornal O Globo publicada nesta quinta-feira (acesso à íntegra somente para assinantes). O relações-públicas da PM, tenente-coronel Rogério Leitão, dissera nesta terça-feiraanteontem, porém, que os PMs fizeram tudo de acordo com as normas de abordagem. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, também aprovou o procedimento adotado pelos policiais.

A nota de instrução, publicada no boletim da PM número 45 de 17 de junho de 2002, padroniza os procedimentos a serem adotados pelo PM nos casos em que o bandido estiver armado ou não, no interior de prédios, estabelecimentos comerciais ou mesmo favelas, com ou sem reféns, resistindo à prisão. A norma orienta que o principal dever do PM é proteger os cidadãos. Um especialista da área informa que, por analogia, a orientação se aplica também no interior de veículos.

O documento segue dizendo que, caso essa proteção seja desconsiderada, "poderá acarretar sua responsabilidade (do PM) por ação ilegal, abuso de poder, violência arbitrária, exercício arbitrário das próprias razões, imprudência, imperícia e o mais grave, a perda da própria vida ou de outrem". Na terça-feira, Leitão veio a público dizer que os PMs envolvidos no caso agiram em legítima defesa, e reagiram a uma "injusta agressão".

Na quarta, num treinamento de reciclagem com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do 3 BPM (Méier), o chefe da Sessão de Instrução Especializada (Siesp), major Fábio Sousa, há 20 anos na corporação, declarou que, em caso de abordagem de veículo, não se deve atirar antes de identificar os ocupantes. A declaração deixou o chefe de relações-públicas da PM, que estava presente no treinamento, numa saia-justa. Leitão afirmou que essa era uma opinião pessoal do major.

O relações-públicas anunciou que os vídeos e os cadernos de instrução utilizados no treinamento dos policiais militares terão seu conteúdo revisado.

Inquérito poderá indicar legítima defesa

O inquérito da 17 DP (São Cristóvão) que apura a morte do administrador Luiz Carlos Soares da Costa, poderá ser entregue ao Ministério Público indicando que os quatro PMs autores dos disparos contra o carro da vítima agiram em legítima defesa. O delegado titular José de Moraes Ferreira disse nesta quarta-feira que isso acontecerá se, em até dez dias, os laudos periciais não ficarem prontos ou não apresentarem indícios que possam incriminar os PMs. Ele disse entender que o caso poderia ser concluído na delegacia como tentativa de homicídio contra os PMs e latrocínio (roubo com morte).

José de Moraes explicou que se os laudos - de local, dos carros envolvidos, o de balística e o cadavérico - não ficarem prontos até o fim do prazo de investigação, caberá ao MP analisar o inquérito e dar seu parecer. Na tarde desta quarta, no entanto, o delegado informou que não está descartado o indiciamento dos PMs por homicídio culposo (sem intenção de matar), caso a análise dos laudos comprove que as balas que mataram o administrador partiram das armas dos policiais.

Uma coisa a polícia já sabe: os PMs mentiram em depoimento ao dizer que a arma do ladrão foi recolhida no interior do veículo, aos pés da vítima, que estava no banco do carona. Imagens feitas por um cinegrafista do SBT mostram um dos policiais pegando a pistola caída no asfalto.

- Isso desacredita o depoimento. Surgindo outras dúvidas, podemos chamar os policiais para saber o que aconteceu, por que mentiram e até onde mentiram. Vou analisar as imagens que nos foram cedidas. O conjunto probatório é que poderá mudar o nosso entendimento. Todas as linhas de investigações estão abertas e tudo pode ser revisto no Ministério Público - disse o delegado, ao responder se os policiais poderão ser indiciados por homicídio culposo.

Nesta quarta, depuseram Simone Fernandes da Costa, mulher de Luiz Carlos; a mãe do ladrão, que disse saber das atividades criminosas do filho, e dois frentistas do posto perto do local do crime. Eles disseram que nada viram, pois se esconderam para fugir dos tiros.

Mulher do administrador Luiz Carlos Soares da Costa, morto numa ação policial no Rio de Janeiro, Simone Fernandes da Costa mulher, presta depoimento na 17ª DP / Foto: Custódio Coimbra - O Globo Em outros países, outros procedimentos

Ao comentar a ação policial que resultou na morte do administrador Luiz Carlos Soares da Costa, na terça-feira, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que em nenhum lugar do mundo a polícia leva tiros sem revidar. Mas a troca de tiros entre policiais e bandidos em vias públicas é uma preocupação de governos de vários países. Em Nova York, um caso sacudiu a opinião pública em novembro de 2006, forçando o prefeito Michael Bloomberg a reconhecer que tinha havido excesso da polícia no episódio: um jovem foi morto porque se recusou a sair do carro abordado por policiais. O comissário de polícia, Raymond Kelly, ordenou uma revisão completa no treinamento dos policiais.

Já em Washington, capital americana, embora ostensivo, o policiamento é discreto nas ruas da cidade. Há muitos agentes à paisana. Os fardados circulam em carros e bicicletas. Em Bogotá, na Colômbia, outra cidade violenta, a abordagem depende mais da presença física do que da tecnologia. Vêem-se policiais por toda parte.

Na Argentina, o protocolo das polícias federais e provinciais indica que a prioridade é, sempre, preservar a vida dos reféns. Mas, quando casos como o do Rio acontecem, os policiais são punidos. Em relação à abordagem, os policiais não podem disparar contra um carro se nele está um refém, a menos que esteja em risco a vida desta vítima.

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