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quarta-feira, 9 de julho de 2008

Caso João Roberto: Vídeo desmonta versão dos PMs



Câmeras registraram cenas chocantes da ação da polícia

Paula Sarapu e Vania Cunha

Rio - “São assassinos e mentirosos!”. Os gritos do taxista Paulo Roberto do Amaral, 45 anos, ao saber que o filho teve morte cerebral, ecoaram em toda a cidade. No domingo à noite, João Roberto Amorim Soares, 3 anos, foi baleado na cabeça, numa ação de PMs que perseguiam assaltantes na Tijuca. Com os braços abertos, o pai do menino andava de um lado para outro na porta do Hospital Copa D’Or, em Copacabana. “Não houve troca de tiros e eles não têm a hombridade de dizer que erraram! Que polícia é essa, meu Deus?!”, gritava.

“Metralharam o carro da minha mulher como se ela fosse bandida. Ela jogou a bolsa da criança para chamar a atenção e eles continuaram. Ela saiu do carro para gritar. O policial ainda perguntou ‘Cadê o bandido?’. Não tinha bandido nenhum, o bandido estava longe, quase matam a minha família toda!”, urrava.

Imagens das câmeras de um edifício, obtidas com exclusividade por O DIA, confirmam que o desabafo desesperado de Paulo Roberto estava correto: no momento em que os dois policiais abrem fogo contra o Palio Weekend, parado junto ao meio-fio do lado esquerdo, os bandidos que eles perseguiam não estavam mais na rua.

O vídeo mostra que o Fiat Stilo preto onde estavam os criminosos passa em alta velocidade pela Rua General Espírito Santo Cardoso. No sinal, o carro chega a bater em outros veículos para conseguir escapar. Em seguida, a funcionária pública federal Alessandra Amorim Soares, 35 anos, pára o carro do lado esquerdo. Os policiais descem da viatura e se posicionam atrás de um poste e de uma árvore, atirando na direção do Palio, onde estavam Alessandra, João e Vinícius, de 9 meses.

Os policiais são os soldados do 6º BPM (Tijuca) William de Paula e Elias Gonçalves da Costa Neto. Um deles aparece próximo ao veículo no momento em que Alessandra joga a bolsa do bebê pela janela do carona, para alertá-los de que estava com duas crianças no carro. “Ela encostou o carro como todos nós faríamos para dar passagem à polícia, para ela perseguir os bandidos. Metralharam o carro com uma mulher e duas crianças dentro, uma criança de nove meses e outra de quatro anos, sendo que essa criança de quatro tomou um tiro na cabeça e está morta lá em cima, não tem uma chance!”, dizia Paulo Roberto.

A família estava a menos de cem metros de casa, na Rua Garibaldi. Alessandra tinha deixado a mãe em Vila Isabel. João Roberto estava no banco de trás do Palio, assim como o irmão, sentado numa cadeira para bebês.

Policiais que chegaram em reforço socorreram o menino e Alessandra, que ficou ferida por estilhaços em uma das pernas, na barriga e nas costas. Vinícius nada sofreu, mas ficou com a roupa e o cabelo cheio de cacos de vidro.

Na confusão, a mãe deixou o bebê com moradores da rua. Alessandra, a caminho do hospital, avisou ao marido. “Ele não estava chorando, mas estava muito assustado. Minha mulher limpou a roupa dele, até que o pai chegou aos gritos, perguntando pelo outro filho”, contou o morador, de 57 anos, que cuidou do bebê.

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