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sábado, 10 de dezembro de 2011

Fui atacada pelo "maníaco da moto preta" dentro de casa'


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011 7:00

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC

A vergonha e a raiva são hoje os sentimentos mais presentes na vida da estudante Leandra (nome fictício), 20 anos, uma das sete vítimas do maníaco da moto no Grande ABC. Há um mês, ela sofreu abusos sexuais dentro da própria garagem de casa, em São Bernardo. Desde então, não dorme tranquila. "Todo mundo me olha, aponta para mim, sabe que fui estuprada dentro de casa." Os olhos embargados denunciam a vontade de chorar, mas é hora de superar o trauma. "Preciso colocar minha vida em ordem."
As lembranças do dia 8 de novembro permanecem. Por volta das 20h30, ela voltava dirigindo, sozinha, da escola onde cursa supletivo do Ensino Médio. O portão da garagem, automático, estava quebrado. Leandra desceu do carro para abri-lo. A moto, modelo Fazer, preta, parou atrás. Por pouco ela não atropelou o criminoso ao dar marcha à ré para entrar com o veículo. Ao se dirigir novamente ao portão para fechá-lo, jamais imaginaria que a conversa com o rapaz educado fosse chegar ao estupro.
"Ele não tem palavreado de bandido. Fala calmo, como se estivesse mesmo querendo conversar", disse. Ela achou que se tratava de um entregador, tamanha a cordialidade. "Quando ele levantou a blusa e mostrou a arma é que o choque começou." A ação foi audaciosa. "Ele entrou, trancou o portão e começou a fazer as ameaças. Se eu gritasse, ia me matar; se chamasse a polícia, sabia onde eu morava e voltaria para me matar." A discrição do criminoso a assustou. "Ele não se alterou em nenhum momento. Me senti como se estivesse consentido com o ato."
Depois de manter relações sexuais com Leandra, que não se lembra de quanto tempo ficou à mercê do criminoso, o motociclista ainda pediu que ela se vestisse antes de abrir o portão. O vizinho estranhou a movimentação e decidiu tocar a campainha. Foi quando ela encontrou forças para gritar por socorro. Só então o marido, Luiz (nome fictício), que estava em casa, na parte de cima do sobrado, teve conhecimento do que acontecera. "Se tivesse descido na hora, teria acontecido uma tragédia. Um dos dois iria morrer", afirma. A jovem ainda não iniciou o tratamento psicológico. A primeira consulta só pode ser marcada para terça-feira,
Leandra voltou para a casa nesta semana, após 20 dias dormindo na sogra. As filhas continuam com a avó. Apavora-se a cada barulho, mantém as portas fechadas e com cadeiras formando barreira. Tem receio de motoqueiros, mas não acredita que o maníaco continue a circular pelo bairro onde vive. "Ficou o medo da população. Mas ele me pareceu ser inteligente o suficiente para saber quando parar."

INVESTIGAÇÃO
Um exame de DNA feito a partir de material recolhido de uma vítima de São Bernardo poderá dizer se o taxista Ederaldo dos Santos, 38 anos, é o maníaco da moto. Até agora, oito vítimas já o reconheceram. A polícia trabalha com essa possibilidade, já que a região não registra casos desde a prisão do suspeito, há 15 dias.
Entretanto, nenhuma das sete mulheres abusadas pelo criminoso da moto reconheceu o taxista. "Apesar do capacete, ele chama a atenção por ser moreno e alto. Tem quase 1,90 m. É atípico", aponta Leandra.
A polícia pede paciência no caso e diz que o reconhecimento nem sempre é preciso. Para Leandra, não há como uma vítima descrever o estuprador em detalhes. "Quando se estava com uma arma na cabeça, só conseguia me lembrar da minha família, do amor que tenho por eles. Minha vida vale mais do que tudo isso o que aconteceu."

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LAST







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