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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Irmão de princesa é uma das vítimas do massacre na Noruega


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DA FRANCE PRESSE, EM OSLO (NORUEGA)

O meio-irmão da princesa Mette-Marit da Noruega está na lista das 86 vítimas do massacre na ilha de Utoya, nos arredores de Oslo, anunciou o Palácio Real nesta segunda-feira.


Trond Berntsen, 51, era policial, mas não estava a serviço no momento do ataque.

Segundo o jornal "Verdens Gang" ("VG"), que cita testemunhas, ele tentou deter o atirador depois de salvar seu filho.

"O atirador não hesitou por um segundo durante sua fúria assassina e matou o policial, que não estava armado", divulgou o "VG".

De acordo com outros jornais, Bernsten estava em Utoya porque tinha sido contratado como segurança particular pelos 600 jovens reunidos num acampamento de verão da juventude trabalhista na ilha.

Bernsten era filho do segundo marido da mãe de Mette-Marit, que se tornou princesa em 2001 após o casamento com o príncipe herdeiro, Haakon.

Na primeira ação, um carro-bomba explodiu próximo à sede do governo, no centro de Oslo, matando sete pessoas.

No segundo ataque, o norueguês Anders Behring Breivik, 32, atirou contra os participantes de uma colônia de férias da juventude do Partido Trabalhista (no poder) em Utoya, 40 km a oeste da capital, provocando ao menos 86 mortes.

Os dois ataques foram cometidos com apenas duas horas de diferença. A hipótese mais sólida era de que o suspeito tinha ativado o carro-bomba que explodiu na capital para depois seguir em direção à ilha, situada a cerca de 40 quilômetros da capital.

Breivik disse à polícia de Oslo ter agido "sozinho" no massacre. Mas depoimentos de alguns sobreviventes deram a entender que poderia haver outro atirador.

Um documento de 1.500 páginas redigido aparentemente pelo norueguês revela que o ataque já era preparado desde o outono (boreal) de 2009.

O documento, publicado na internet diariamente, inclui um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo.

Breivik detalha os preparativos de sua ação, destacando "o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas", e admite que será lembrado como "o maior monstro nazista desde a Segunda Guerra Mundial".

Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque.

O texto, escrito em inglês, tem o título "A European Delaration of Independence - 2083" (Uma declaração de Independência Europeia - 2083) e é firmado sob o pseudônimo "Andrew Berwick".


Vítimas de ataque em Oslo postaram no Twitter antes da polícia ser avisada

DA BBC BRASIL

Vítimas do homem acusado do massacre que deixou 93 vítimas na Noruega, na última sexta-feira, teriam colocado mensagens no Twitter e no Facebook antes mesmo de a polícia ser avisada, segundo informações da ex-ministra da Justiça do país Anne Holt.

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Logo após os primeiros tiros serem disparados, segundo a ex-ministra, jovens que participavam de um encontro da juventude trabalhista com mais cerca de 700 pessoas começaram a pedir ajuda nas redes sociais.

Algumas das vítimas do ataque disseram a jornalistas que, ao ouvir que o atirador vestia um uniforme da polícia, decidiram usar a internet em vez de ligar para os serviços de emergência.

Em uma reportagem do jornal "Aftesposten", Jorn Overby disse que respondeu aos pedidos de socorro. Uma amiga de Oslo viu as mensagens no Facebook e o avisou, já que ele estava próximo à ilha.


Wolfgang Rattay/Reuters
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Ele chamou um conhecido e se dirigiu a Utoeya em dois barcos para resgatar jovens que mergulharam na água para escapar dos tiros. Segundo Overby, ele conseguiu salvar cerca de 30 jovens em três viagens, mas teve de deixar outros para trás, já que o atirador disparava contra eles.

"Eu joguei todos os meus coletes salva-vidas na água, esperando que isso pudesse salvar alguns deles", disse ele ao jornal, mesmo temendo que isso não fosse suficiente devido à temperatura fria da água.

Os esforços de resgate de Overby teriam acontecido 35 minutos antes de a polícia chegar ao local.

CRÍTICAS

A ex-ministra Anne Holt afirma que a polícia norueguesa tem muitas perguntas a responder em relação à resposta ao ataque na ilha de Utoeya, onde Anders Behring Breivik teria matado 86 pessoas a tiros e ferido dezenas de outras. Ele também assumiu a responsabilidade pela explosão de uma bomba no centro político da capital, Oslo, que deixou sete vítimas, cerca de duas horas antes.

Segundo informações divulgadas na mídia norueguesa, a polícia só soube do massacre na ilha quase uma hora depois de a matança ter começado.

Policiais disseram que a viagem de carro até o lago demorou cerca de 20 minutos e foram necessários aproximadamente outros 20 minutos para que eles achassem um barco apropriado.

Eles teriam optado por dirigir até o lago porque não haveria helicópteros disponíveis.

"O atirador matou cerca de uma pessoas por minuto. Se a polícia tivesse chegado meia hora antes 30 vidas poderiam ter sido salvas", disse Holt à BBC.

"É preciso descobrir por que a polícia não foi avisada logo, por que pessoas que viram mensagens no Twitter e no Facebook não reagiram avisando a polícia ou, ainda pior, se a polícia recebeu as mensagens e não reagiu."


Sunday Bloody Sunday

IVAN LESSA
COLUNISTA DA BBC BRASIL, EM LONDRES

Eu não gostaria de ser editor de tabloide britânico. Sensacionalista ou comedido.

Na verdade, neste fim-de-semana que passou, eu não gostaria de tabalhar em redação de jornal algum no mundo inteiro. Nem mesmo para ir até a esquina comprar café e sanduíches.

Estivéssemos tratando de assunto menos trágico, eu apelaria para um pedantismo gálico e diria que o que houve foi um embarras de richesses, ou, vertendo para o idioma pátrio, um excesso de riquezas. A bem dizer, um desmando de tragédias.

Os editores sabem e conhecem seus leitores, desde o primeiro búfalo a ilustrar caverna de troglodita, ao primeiro hieróglifo a fazer sucesso entre as 3 grandes pirâmides egípcias. O que o pessoal quer é sangue, muito sangue.

Lembremo-nos do slogan dado com o chamado "humor carioca" aos jornais que vendiam crime e nada mais que crime há algumas décadas, O Dia e A Notícia. Segundo a plebe rude, se espremidos deles escorria sangue.

E tome Fera da Penha, Crime da Mala, domésticas ingerindo formicida ou ateando fogo às vestes, marginais levando bala, indivíduos repugnantes seduzindo "dimenores". O resto, bem, o resto eram anúncios, porque eles vendiam que não era brincadeira. Eram sérios, levavam na troça, seus personagens viravam personagens de Nelson Rodrigues.

Aqui, no domingo de manhã, eu dei uma conferida em 11 jornais nacionais. Impossível fugir aos dois assuntos que desde o dia anterior ganharam horas seguidas na televisão: o monstruoso massacre na Noruega e, no fim da tarde, a morte da cantora Amy Whitehouse.

Gente, as editorias tiveram que se virar mais que charuto em boca de bêbado para encontrar um meio-termo justo entre os dois --quase impossível assim chamá-los-- "eventos".

A turma é boa, é mesmo da fuzarca. Maior parte achou melhor mesmo rachar os dois acontecimentos tétricos. Pela minha contagem, o monstro norueguês (já o apelidaram aí de "Demônio Louro"?) pegou no mínimo um terço das primeiras páginas dos jornais dito sérios ("Sunday Telegraph", "Observer", "Independent on Sunday"), ganhando assim a disputa com a problemática cantora popular.

Nos jornais brasileiros, a ênfase foi toda para Amy Whitehouse, inclusive algo que eu desconhecia: a tal da maldição dos 27 anos, idade em que morreram outros ídolos da música popular, tais como Brian Jones, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin e Kurt Cobain.

A verdade é que, no fundo, admiro a cara de pau dos jornais e telejornais. Toda essa gente, motivada por curiosidade malsã, que foi ao bairro e à rua onde La Whitehouse tomou, cheirou, se injetou ou fumou algo, ou tudo isso ao mesmo tempo, que pegou muitíssimo mal, toda essa gente, dizia eu, estava, segundo a mídia impressa e informática, lá comparecendo para render seu tributo ou última homenagem.

Ninguém teve peito para dizer que lá foram por doentia xeretice mesmo, a mesma que faz com que os jornais escandalosos vendam como "pãezinhos quentes", para adaptar uma expressão local.

Ainda encontraram espaço, os jornais, para dedicar alguns parágrafos à tragédia que continua a ser a Somália, ao desastre pronto para acontecer agora rachado entre dois Sudões (mais um para virar assunto e falta de providências), o desastre de trem na China no qual morreram 35 e a perda do artista Lucian Freud, aos 88 anos (será a "maldição dos 88 anos?").

As páginas de esporte, as palavras cruzadas, o sudoku e as histórias em quadrinhos sairam ilesas da catástrofe humana e midiática.






LAST

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