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quarta-feira, 20 de julho de 2011

BC eleva taxa básica de juros, a Selic, para 12,5% ao ano


Publicada em 20/07/2011 às 19h12m

O Globo, com agências (economia.oglobo.com.br)

RIO - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25% ponto percentual para 12,50% ao ano, sem viés. Foi a quinta alta seguida na taxa de juros.

Segundo comunicado divulgado pela autoridade monetária, a decisão foi unânime e tomada com base no cenário de riscos para a inflação.

"Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% ao ano, sem viés", afirma o comunicado do BC.

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O comunicado, mais sucinto que os divulgados nas reuniões recentes. Saiu do texto a menção a um ajuste por "período suficientemente prolongado" adotada nos dois últimos comunicados. Alguns analistas interpretaram a mudança como um indicativo de que o atual ciclo de aperto pode ter se encerrado, ou sido interrompido.

- O BC abriu a porta para parar de subir os juros", afirmou o estrategista-chefe do WestLB, Roberto Padovani.

- Agora, eles estão dizendo, faz sentido aumentar os juros, mas não sabemos amanhã.

A Austin Rating, por exemplo, anunciou a revisão de sua estimativa para a Selic de agosto: passou a apostar em estabilidade, e não mais em nova alta de 0,25%. Mas a agência ressalta que a divulgação da ata, na próxima semana, será "importante para que nosso cenário prospectivo sejam revisados".

Já o Santander manteve, por ora, sua aposta em mais duas elevações da taxa, com a Selic fechando em 13% em dezembro.

_ O comunicado cria uma dificuldade de compreender o que pode acontecer na próxima reunião. Continuamos achando que a Selic vai a 13% _ disse o economista do banco Cristiano Souza.

Apesar da alta, o impacto será pequeno para o consumidor. A Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) fez os cálculos do impacto no crédito ao consumidor. Com a alta de 0,25 ponto percentual, os juros no comércio subirão de 5,66% ao mês (ou 93,61% ao ano) para 5,68% ao mês (94,05% anuais). Nesse caso, há uma elevação de 0,35%.

No cartão de crédito, a taxa subirá 0,19%. Passará de 10,69% ao mês (ou 238,30% anuais) para 10,71% mensais (239,03% ao ano).

No cheque especial, a taxa subirá de 8,10% mensais (ou 154,63% ao ano) para 8,12% mensais (ou 155,20% anuais). Nesse caso, a alta é de 0,25%.

Dessa forma, a taxa média do crédito para pessoa física subirá 0,29%: de 6,8% ao mês (ou 120,22% anuais) para 6,82% mensais (ou 120,71% ao ano).

Juros reais mais altos do mundo

Com a alta da Selic, o país consolida sua posição como o país com os juros reais mais altos do mundo. Segundo cálculos feitos por Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, caso na Selic a 12,50%, a taxa de juro real projetada para os próximos 12 meses chegará a 6,8% ao ano. Atualmente, com a Selic em 12,25% anuais, o juro real é de 6,5% ao ano.

Em segundo lugar no ranking dos juros reais, bem distante, está a Hungria, com 2,4% ao ano, seguida de Chile (1,8%) e Austrália (1,4%). Em quinto, encontra-se o México, com 1,2%. Nos EUA, que estão na 36ª posição, a taxa é negativa (-3,2%).

De acordo com Vieira, a elevação no preço das commodities tem criado pesos diferentes nas projeções de inflação para os próximos meses, sobretudo, em países emergentes, como o Brasil. Ele acredita que a elevação dos juros pode perder força, com a desaceleração na inflação. Porém, o mercado está dividido. Segundo a LCA, como o rendimento real do trabalhador tem aumentado, ainda há espaço para aumentar a Selic até outubro.

Economistas lembram ainda que, quanto maior os juros, menor os investimentos em renda variável, como as ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Isso porque, continuam eles, os investidores conseguem obter ganhos maiores com os juros na renda fixa.

Reclamações contra a alta do juros

Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Fiesp reclamou da elevação de 0,25% da taxa Selic.Segundo a Fiesp, o governo federal deveria tomar decisões que evitem a perda de postos de trabalho e a desaceleração da economia.

"Precisamos refletir sobre o futuro que queremos para Brasil. O quinto aumento consecutivo da taxa de juros vai acelerar a desindustrialização e poderemos ter perdas de postos de trabalho, agravando os sérios problemas que já enfrentamos com a competitividade brasileira. Em vez de elevar os juros, o governo deveria adotar medidas que efetivamente reduzam a carga tributária, equilibrem a taxa de câmbio, melhorem a infraestrutura, diminuam o custo da energia e garantam isonomia entre a produção nacional e a estrangeira".

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) cobrou do governo a adoção de medidas que amenizem os efeitos do aumento dos juros sobre a competitividade do setor. Segundo a entidade, "quanto mais essas ações demorarem, maiores serão os prejuízos para o país", afirma a CNI, em nota.

"Por isso, a indústria espera a inclusão de medidas efetivas de desoneração tributária na nova fase da política industrial" acrescentou a CNI.

A Força Sindical se juntou aos empresários para criticar a decisão do Copom. Segundo a entidade, a alta de juros só "agrada o mercado financeiro".

"Para nós, trabalhadores, no entanto, esta política impede que o País tenha um desenvolvimento necessário para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, gerar empregos e distribuir a renda."

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