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sexta-feira, 17 de junho de 2011

E-mail indica suposto contato de juíza de MG com noiva de Bruno


16/06/2011 18:45


Terra


Ney Rubens/Especial para Terra

A noiva de Bruno apresentou um e-mail que teria sido escrito pela juíza de Esmeraldas

Entre os documentos que apresentou a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Estado e Ouvidoria de Polícia do Estado, a noiva do goleiro Bruno Fernandes, Ingrid Calheiros, anexou a cópia de um e-mail que teria sido enviado a ela pela juíza da cidade de Esmeraldas (MG), Maria José Starling. No texto, obtido nesta quinta-feira pelo Terra, a magistrada indicaria uma relação de proximidade com Ingrid.

A magistrada e um dos advogados dela, Robson Martins Pinheiro Melo, são acusados por Ingrid de tentativa de extorsão. Os dois teriam apresentado um plano à noiva de Bruno para conseguir a liberdade do atleta. Para isso, teriam exigido a quantia de R$ 1,5 milhão, que deveria ser paga, segundo cópia do suposto contrato, em até 48 horas após o goleiro ser solto.

Com o título "Saudadess", Maria José Starling teria escrito que estava feliz com as conversações com Ingrid: "Tenho sentido a sua falta e claro que irei ao seu casamento. É só me convidar," diz o texto, que orienta ainda Ingrid a não atender ligações de Brasília. A mensagem, datada de 22 de fevereiro de 2011, foi divulgada pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, Durval Ângelo (PT).

O parlamentar encaminhou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e também à Corregedoria Geral de Justiça do Estado pedido de afastamento da juíza do cargo que exerce na comarca de Esmeraldas. Na solicitação, Ângelo anexou ainda uma notificação assinada por Bruno, por Ingrid, pelo procurador dele, Victor Fernando de Almeida Carvalho, e pelo advogado Robson Melo, na qual este último comunica a Bruno a existência do suposto contrato que visava à soltura do goleiro celebrado entre eles.

Terra também teve acesso ao suposto contrato, que reza na cláusula de número 2 o valor de R$ 1,5 milhão "a serem pagos em dinheiro e de uma única vez e no prazo de até 48 horas após a concessão de eventual ordem de habeas-corpus em favor do segundo contratado", no caso, o goleiro Bruno. O documento previa que os habeas-corpus deveriam ser impetrados nas três esferas judiciais: Tribunal de Justiça de MG (TJMG), Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).

O último documento anexado ao pedido de afastamento da magistrada Maria José Starling é uma carta escrita supostamente por Ingrid para o goleiro Bruno. O e-mail foi encaminhado por Ingrid para a caixa postal do advogado do goleiro, Claudio Dalledone Júnior, que o levou até Bruno. Nele, Ingrid relata todo o processo de negociação entre ela e o advogado Robson Pinheiro. Ingrid citou, inclusive, uma reunião que houve no Rio de Janeiro, que tinha como objetivo arrecadar o dinheiro para pagar pela soltura de Bruno: "Além da equipe do Dr.

Dalledone, estavam Vitinho, Marcos Braz, eu e meu pai! Acredite, meu pai foi também. E no meio dessa reunião Dr. Dalledone nos abriu os olhos de uma coisa que estava acontecendo na nossa frente e por ter a pressa de querer que tudo desse certo, não enxergamos", escreveu, se referindo ao suposto pedido de Robson Pinheiro, que antes de entrar com os habeas-corpus, teria solicitado uma parte adiantada.

Ingrid disse ainda a Bruno que confiava "em Deus" para que em breve o goleiro fosse solto: "Amor, sei que sua liberdade não tem preço, conto os dias e as horas que retornaremos nossa vida. Fico olhando suas coisas em meu armário, suas fotos, mas quero que saiba que estou dando o melhor de mim para que tudo aconteça o mais rápido possível. Sei que está muito difícil, você não aguenta mais (...) eu irei com você até o final."

No fim do e-mail, Ingrid se declarou ao goleiro: "Eu te Amooo, você está proibido de esquecer disso!, Bjos, Ingrid Souza."

Juíza e advogado negam
Em nota, o advogado Robson Pinheiro disse que sua conduta sempre obedeceu "às normas éticas, legais e contratuais" e que rescindiu o contrato em fevereiro deste ano, quando o pedido de habeas-corpus estava prestes a ser apresentado no TJ-MG.
Procurado, o Tribunal de Justiça informou que o advogado da magistrada, Getúlio Barbosa Queiroz, se pronunciaria sobre o caso. Queiroz negou que sua cliente tenha tido qualquer participação no contrato. E disse que a responsabilidade do caso é somente do advogado Robson Pinheiro.

O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.







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