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quarta-feira, 8 de junho de 2011

DIREITO: "BATTISTI É UM CRIMINOSO. CONCEDERAM REFÚGIO A UM ASSASSINO"



CONRADO VITALI - Assessoria de Comunicação Grupo Projeção

Debate vai esquentar curso de Direito nesta quinta. Vítima de atentado afirma que italiano é culpado. LEIA TUDO.

DIREITO: "BATTISTI É UM CRIMINOSO. CONCEDERAM REFÚGIO A UM ASSASSINO"


Ao lado do premiê Sílvio Berlusconi, Alberto Torregiani - parablégico depois do atentado - pede Justiça: "Ele matou duas pessoas, ordenou a morte de outras duas, destruiu famílias"




Jornal italiano de 79 mostra Torregiani alvejado (ele ficaria paraplégico), à esquerda; e o pai, morto, à direita: Cesare Battisti teria sido o mandante



Alberto Torregiani tinha 15 anos quando o sonho de ser jogador de futebol acabou. Integrantes do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) invadiram a joalheria de seu pai em Milão e, sem dizerem uma palavra, fuzilaram o proprietário e deixaram o filho paraplégico. Nas décadas seguintes, Torregiane transformou em causa pessoal e política fazer com que o mandante do crime, o terrorista Cesare Battisti, fosse punido conforme as leis italianas. "Ele matou duas pessoas, ordenou a morte de outras duas, destruiu famílias. São muitas coisas. Não consigo entender, não posso aceitar que o governo brasileiro diga não a algo que diz respeito ao nosso país e à nossa Justiça", afirmou Torregiani à uma publicação brasileira de grande circulação. É neste contexto que nos próximos dias 3 (Taguatinga), 15 (Sobradinho) e 16 (Guará II) de março , os alunos de Direito das Faculdades Projeção vão mergulhar numa das mais polêmicas questões da Justiça brasileira dos últimos anos: o caso Cesare Battisti. O italiano e ex-ativista é acusado de quatro assassinatos em seu país. Membro do "Proletários Armados pelo Comunismo" (PAC), Battisti foi condenado em 1988 pela Justiçã de Milão a prisão perpétua por quatro "homicídios hediondos"; contra um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofacista e um joalheiro. Os crimes teriam sido cometidos entre 1977 e 1979. Battisti nega a autoria dos crimes mas em 1979 é preso em Milão. Foge para a França e depois para o México. Preso no Brasil em 2007, Battisti obteve o status de refugiado político e, no último dia do governo Lula, teve seu pedido de extradição negado, permanencendo então no país. A Itália exige sua extradição. O episódio abriu uma crise diplomática entre os governos brasileiro e italiano.

" Eu estava no meio dos disparos, fui atingido nas costas. Meu pai morreu. Não houve diálogo. Não há diálogo. Aquela gente não conversa"



Alberto Torregiani, durante entrevista: "Não consigo entender, não posso aceitar que o governo de vocês diga não a algo que diz respeito ao nosso país e à nossa Justiça"



Conheça o que disse uma das vítimas - Alberto Torregiani - à Revista Veja, publicação da editora Abril:

O que o senhor achou da decisão do ex-presidente Lula? É incompreensível. Tudo se baseia em uma teimosia, porque ele mesmo e todo o seu governo sabem que o que fizeram está errado. Sabem que temos razão, que Battisti é um criminoso. Concederam refúgio a um assassino. Essa pessoa matou duas pessoas, ordenou a morte de outras duas, destruiu famílias. São muitas coisas. Não consigo entender, não posso aceitar que o governo de vocês diga não a algo que diz respeito ao nosso país e à nossa Justiça. Lula gosta de dizer que lutou pela democracia do Brasil. É de se esperar que uma pessoa que diga isso tenha humanidade e respeito pela civilização, o que não aconteceu.

O senhor defende retaliações da Itália ao Brasil? Acredito que a intenção da Itália não é atacar ninguém, nem retaliar ninguém. Nosso governo respeita as leis internacionais, e se precisamos esperar uma resposta, esperaremos. Mas não é só o governo que está se mexendo, ele não agirá sozinho. Toda a população italiana está reunida em manifestações que começam nesta terça-feira. Não há ninguém na Itália que esteja de acordo com essa decisão. Não estamos inventando uma situação. Trabalho há anos por uma justiça não apenas pessoal - de quem perdeu o pai, teve a família destruída e ficou preso a uma cadeira de rodas - , mas também pela justiça aos cidadãos italianos. Eu sou uma prova viva de que Battisti é um assassino.

O senhor acredita que a presidente Dilma possa reverter a decisão? Esse é o primeiro problema institucional de Dilma e desse fato pode depender como serão as relações de seu governo com a Itália. Lula foi comemorar seu ano novo e deixou esse problema para quem ficou. Não é apenas a Itália que está vendo como o Brasil se comporta. Os olhos do mundo estão voltados para o país.

Pode contar como foi o dia 16 de fevereiro de 1979? Um mês antes, meu pai estava em um restaurante quando ladrões deste grupo assaltaram o lugar. Foram até meu pai, que estava com seu material de trabalho. Ele se defendeu. Dias depois, um jornalista escreveu “Píer Luigi Torregiani, xerife de Milão”, e os terroristas sentenciaram meu pai à morte. Passaram as semanas seguintes telefonando todos os dias para o meu pai dizendo que o matariam. Naquela tarde fazíamos o que se fazia em todas as outras. Abrimos a joalheria e, quando meu pai estava na frente da janela, alguém o chamou pelo nome. Meu pai respondeu. Atiraram. Meu pai reagiu atirando, instintivamente. Eu estava no meio dos disparos, fui atingido nas costas. Meu pai morreu. Não houve diálogo. Não há diálogo. Aquela gente não conversa"

"Repetição do caso Olga Benário"

Os defensores da permanência de Battisti no Brasil alegam que a extradição do italiano seria uma "repetição do caso Olga". Jovem militante comunista alemã, de origem judaica, Olga Benário foi deportada para a Alemanha durante o governo de Getúlio Vargas, onde veio a ser executada pelo regime nazista em campo de concentração. Veio para o Brasil na década de 30, por determinação da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista do Brasil. Destacada como guarda-costa de Luís Carlos Prestes, tornou-se sua companheira e teve uma filha com ele.

"É preciso desideologizar a questão"

O professor Asdrúbal Júnior, diretor da Escola de Ciências Jurídicas e Sociais, considera o debate uma oportunidade formidável para os alunos de Direito discutiram questão tão complexa que mergulho a Justiça brasileira num vórtice de acaloradas discussões e confronto de teses. "De uma forma ou de outra é prudente que a questão, antes de mais nada, seja desideologizada para o bem do Direito. A polêmica é complexa e sua discussão é um exercício formidável para aqueles que vão operar o Direito", declarou.

Interviste del blog beppegrillo.it: Alberto Torregiani





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