Penúltima do Lula: decisão sobre Palocci é de Dilma
Lula Marques/Folha
Depois de praticamente reassumir a Presidência há duas semanas, no alvorecer do Paloccigate, Lula vive agora um curioso dilema.
Todo mundo sabe que ele é o que parece. Mas Lula se esforça para não parecer o que é, para que Dilma Rousseff pareça o que ainda foi.
De passagem por um evento promovido por produtores de etanol, em São Paulo, Lula foi inquirido sobre os conselhos que deu a Dilma.
E ele: "Não falei [com Dilma], porque é uma questão muito pessoal. Eu já vivi [crises] e sei como é que é."
O pedaço sobre a ausência de contato com Dilma é lorota. Conversaram pelo telefone pelo menos duas vezes desde sábado.
O ex-soberano só não desembarcará em Brasília nesta terça (7) porque a pupila encareceu que não viesse. Pegaria mal.
Quanto às crises passadas, Lula, de fato, sabe “como é que é”. A platéia também não ignora.
No seu caso, as encrencas foram esticadas até o limite do intolerável. José Dirceu só foi despachado da Casa Civil depois que Roberto Jefferson gritou: “Sai daí, Zé”.
Antonio Palocci, só foi apeado da Fazenda, com direito a beijo do chefe, depois que o estupro à conta do caseiro tornara-se claro como água de bica.
Quanto a Erenice Guerra, não fosse a necessidade de simular recato para não perder os votos de 2010, ela talvez estivesse no quarto andar do Planalto até hoje.
Em meio à sua primeira crise, Dilma guia-se pela cartilha do predecessor. Protagoniza um filme sem mocinhos.
Palocci já sabe como termina a fita. em meio ao esforço para sobreviver no final, viu-se compelido a discutir com a chefe os termos da demissão.
Escrito por Josias de Souza
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