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sábado, 21 de maio de 2011

#lula Palácio blinda Palocci, mas até petistas pedem que ministro comprove a renda


Governo tenta evitar que revelação sobre aumento do patrimônio do chefe da Casa Civil em 20 vezes se transforme em crise

17 de maio de 2011 | 0h 00

Vera Rosa, Tânia Monteiro, Eduardo Bresciani e Daiene Cardoso - O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA

Celso Junior/AE
Celso Junior/AE
Blindagem. Palocci deixa o Alvorada após reunião com a presidente Dilma: denúncia faz parte de um jogo político, avalia governo

O Palácio do Planalto montou uma operação para blindar o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, acusado de multiplicar o próprio patrimônio por 20 num período de quatro anos. A estratégia contou com uma espécie de "nada consta" pronunciado pela Comissão de Ética Pública da Presidência e enfáticas declarações de apoio palacianas, apesar de algumas vozes isoladas dentro do próprio PT terem defendido que Palocci torne pública a declaração de Imposto de Renda para dissipar as dúvidas sobre seu patrimônio.

Em reunião com a coordenação do governo, ontem de manhã, a presidente Dilma Rousseff disse que a denúncia faz parte de um jogo político para desestabilizar o início da gestão. "Isso é guerra política, mas não tem como prosperar", afirmou, segundo relatos de dois ministros presentes à reunião - o próprio Palocci estava presente.

De qualquer forma, enquanto a oposição e até alguns petistas cobravam explicações públicas do ministro, o governo formou um cordão de proteção em torno do braço direito de Dilma.

Nas fileiras do PT, no entanto, não houve defesa incondicional de Palocci. Os senadores Walter Pinheiro (BA) e Eduardo Suplicy (SP) disseram esperar que o ministro dê mais detalhes sobre sua atuação empresarial, que teria lhe garantido os rendimentos para adquirir em 2010, num bairro nobre de São Paulo, um apartamento de R$ 6,6 milhões. Um ano antes, ele havia adquirido um escritório por R$ 882 mil.

Os imóveis, segundo revelou o jornal Folha de S. Paulo, foram comprados pela empresa de consultoria Projeto, da qual o ministro tinha 99,9% do capital. Em 2006, quando concorreu a deputado, Palocci declarou patrimônio de R$ 375 mil.

"Se ele tem os documentos, o material que diz ter, então deve divulgar e acabar logo com isso", observou Pinheiro. "A gente é que tem de se antecipar e mostrar tudo, até porque esse terreno é propício à ilação. Não vejo crime em se divulgar essas informações", acrescentou. Na mesma linha, Suplicy disse que, pela atuação de Palocci na campanha de Dilma, "será melhor se a explicação vier mais completa".

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido confia no ministro e que todos os esclarecimentos já foram prestados. "Nada mais há a dizer sobre esse tema, que está suficientemente esclarecido."

"Pinheiro e Suplicy são vozes isoladas no PT, que repercutem a oposição", avaliou o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação da legenda. "Palocci deve explicações como qualquer homem público, mas não acho que seja o caso de abrir as suas contas. Por acaso os ministros do Fernando Henrique que coordenaram as privatizações e viraram banqueiros abriram as deles?"

Ênfase. No Planalto, o presidente da Comissão de Ética, José Paulo Sepúlveda Pertence, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, fizeram a defesa mais enfática em favor do ministro.

Sepúlveda Pertence disse que Palocci o procurou, em dezembro, para saber se não haveria conflito de interesse em assumir a Casa Civil sendo proprietário da consultoria Projeto. Foi o próprio Pertence quem o orientou a mudar o contrato da empresa, reduzindo-a a uma administradora de imóveis. Palocci, então, contratou um banco para administrar seu patrimônio.

"Ele nos perguntou se a fórmula nova da empresa era adequada e nós entendemos que sim", argumentou Pertence.

O assunto ocupou ontem a primeira parte da reunião de três horas e meia da Comissão de Ética da Presidência. De acordo com Pertence, porém, nada há a investigar. "Não nos cabe indagar a história da fortuna dos pobres e dos ricos que se tornaram ministro", insistiu ele.

Para Gilberto Carvalho, não há problema com Palocci, definido como "peça fundamental". "Do ponto de vista do governo, não há reparo a fazer. Agora, ele tem vida pessoal. Antes, era deputado federal, desenvolvia outras funções e não cabe a nós discutir isso", comentou Carvalho. "A presidente Dilma convidou Palocci para ser seu ministro e o que interessa é o comportamento dele nesse período, se ele vai ou não auferir bens de maneira legítima dentro do governo. É isso que interessa. Não cabe ao governo fazer investigação sobre o passado, salvo, naturalmente, a postura ética que cada um dos ministros teve ao longo da vida."

No fim do dia, após reuniões para medir a temperatura da crise, a avaliação no Planalto era de que o assunto estava "encerrado" e só será "requentado" se a oposição convocar Palocci para depor. À noite, o ministro conversou com Dilma, sozinho, no Alvorada. O tête-à-tête durou uma hora e meia.

Operação abafa

GILBERTO CARVALHO
SECRETÁRIO-GERAL DA PRESIDÊNCIA

"A presidente Dilma convidou Palocci para ser seu ministro e o que interessa é o comportamento dele nesse período, se vai ou não auferir bens de maneira legítima. Não cabe ao governo fazer investigação sobre o passado"

SEPÚLVEDA PERTENCE
COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA

" Não nos cabe indagar a história da fortuna dos pobres e dos ricos que se tornaram ministro"


PARA LEMBRAR

Palocci na mira

2005
Caso Leão Leão

Em 2005, Palocci viu seu nome envolvido no escândalo que ficou conhecido como "Máfia do Lixo". Na época, o advogado Rogério Buratti acusou Palocci de receber - entre 2001 e 2002 quando era prefeito de Ribeirão Preto - uma propina mensal de R$ 50 mil da empresa Leão Leão, responsável pela coleta de lixo na cidade.

2005
Mensalão

O ex-deputado Roberto Jefferson denunciou que o governo federal pagava uma mesada para os parlamentares da base aliada em troca de apoio em votações. Segundo Jefferson, os então ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e da Casa Civil, José Dirceu, foram informados sobre o esquema, mas nada teriam feito.

2006
Caso do caseiro

Palocci não foi réu no caso do mensalão, mas no ano seguinte teve de deixar o governo depois do escândalo envolvendo a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. O caseiro afirmou que uma mansão no Lago Sul era usada por assessores de Palocci para negociações suspeitas.





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