Hoje, comentei no Jornal Eldorado as boas novas surgidas para os exportadores no mês de maio passado. Campanha eleitoral na veia. A candidata oficial se jactava e as autoridades de plantão se movimentavam. Foram anunciadas compensações tributárias ao pessoal da exportação. No papel seria fácil receber parte da grana, gasta com impostos, de volta. Como diz Carlos Heitor Cony, ledo e ivo engano. Uma ínfima parcela de abnegados conseguiu preencher as exigências necessárias. O resto do pessoal deve estar pensando: " eu acreditei no que li e ouvi e me..." Neste caso, uma rima pouco ortodoxa não resolve a situação. Muito menos alivia o bolso. Mas expressa o sentimento de brasileiros empreendedores.
Ainda nem subiu a rampa do Planalto. Nem discursou no Parlatório. E já descumpre o que avalizou? Agora, Dilma está preocupada com assuntos mais prosaicos. Acomodar seus aliados de primeira, segunda e terceira horas. Ou seriam escalões? Está com pressa. Amanhã, terça-feira, 14 de dezembro, faz aniversário. Sessenta e três anos. Na sexta-feira receberá o tão sonhado diploma do Tribunal Superior Eleitoral. Até lá precisa ter o Ministério no papel. Na cabeça deve demorar um pouco mais. Afinal, determinados nomes são ilustres desc0nhecidos pra ela. Tudo em nome da governabilidade. Acredito que tal linha de raciocínio já foi praticada antes por essas plagas. Há chances de dar certo? Se não fosse agnóstico diria: oremos!
Anotei no meu caderninho que nos comícios petistas Brasil afora, prometeram a erradicação da miséria. Alvíssaras, não? Soube agora que a presidente deverá estabelecer linhas oficiais de indigência para monitorar as políticas sociais do governo. E também medir a melhoria das condições de vida da população. Já existe até um valor. A nova administração pretende fixar em 108 reais a renda familiar por pessoa como linha oficial de pobreza. Convenhamos, é um valor muito baixo. Mas quem sou eu, do alto da minha intransigência com o poder, para criticar ao menos a iniciativa? Querem tratar as metas de pobreza a exemplo do que se pratica com as metas de inflação. Logo teremos um Copom da indigência. Miseriômetro.
Mas essa é outra história. A sugestão do valor de 108 reais foi feita pelo economista e coordenador do Centro de Políticas Socias da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Néri. Ele assevera que Dilma deseja sofisticar a tecnologia social e suplantar os ganhos do governo Lula. A tal herança bendita- números oficiais apontam que a pobreza diminuiu em quarenta em cinco por cento nos últimos oito anos. O presidente do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Márcio Pochmann, concorda e diz que é preciso ampliar tu nessa área. O foco será estabelecer uma linha administrativa de pobreza extrema. E acompanhar de perto as mudanças sociais que surjam em quatro anos. Vou acabar puxando uma Ave-Maria.
O Ipea já fornece dados e análises para a definição dessas políticas e para fixar as linhas de miséria e de pobreza. Pochmann prefere não estabelecer valores. Diz que não é apenas uma decisão monetária ou administrativa e política, mas também uma escolha "técnica com base na realidade". Sem ironias, um desafio e tanto. De acordo com o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- mais de três brasileiros, em cada dez, não tem segurança alimentar. O que isso significa? Não têm ingestão adequada de nutrientes. Mais de onze milhões de brasileirosc passam fome. Ainda que se estabeleça o Miseriômetro, creio ser prudente entoar um Salve-Rainha. Em todos os sentidos.
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