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domingo, 19 de dezembro de 2010

Clínica antidroga é acusada de torturar pacientes em São Paulo


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DE SÃO PAULO

Espancamentos, cárcere privado, castigos, fome, choques elétricos. Esse foi o tratamento que 59 dependentes químicos dizem ter recebido após procurar a Prefeitura de São Paulo em busca de ajuda para se livrar das drogas.

Joel Silva/Folhapress
Ex-pacientes de clínica acusam o dono, Marcelo Oliveira (de blusa azul), de tortura, em frente à unidade que foi desativada
Ex-pacientes de clínica acusam o dono, Marcelo Oliveira (de blusa azul), de tortura, em frente à unidade que foi desativada

As agressões teriam ocorrido na New Life, no município de Embu-Guaçu, região metropolitana, informa a reportagem de Laura Capriglione publicada na edição deste domingo da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Trata-se de uma clínica contratada sem licitação pela prefeitura paulistana para "prestação de assistência a portadores de dependência de substâncias psicoativas, que necessitem de cuidados de reabilitação em regime de internação".

Pelo serviço, a Secretaria Municipal da Saúde pagaria R$ 1.450.800 ao ano.

A Folha teve acesso às denúncias feitas pelos pacientes e seus familiares, endereçadas ao Ministério Público, à Secretaria Estadual da Saúde, à Prefeitura de São Paulo e ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Também recebeu cópia dos boletins de ocorrência com denúncias de maus-tratos na New Life.

Em seu site, a clínica alardeia que Rafael Ilha, o ex-cantor do grupo Polegar, foi um de seus pacientes.

"O dono da clínica só pensava no dinheiro. A comida era arroz com cenoura. E só. Depois de muito reclamarmos, colocaram também carne podre no almoço. O cheiro era terrível, mas comíamos assim mesmo porque a fome era desesperadora", disse P.

Os pacientes relataram tentativas de fuga encerradas na base da "sarrafoterapia" ou "madeiroterapia", aplicadas pelos seguranças da clínica -"O Marcelo [proprietário da New Life] dizia que esses eram os tratamentos que vermes como nós mereciam", contou E.

Os pacientes relataram também o uso frequente de uma arma não letal para aplicação de choques elétricos nos internos "rebeldes".

OUTRO LADO

Marcelo Miceli de Oliveira, proprietário da Clínica New Life, diz que "denúncias de pacientes involuntários não devem ser levadas a sério". "Eles não aceitam o tratamento e tentam sabotar qualquer iniciativa que os leve para longe das drogas", diz.

Ele negou que tenha havido maus-tratos na New Life.

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, por sua vez, disse por intermédio de nota oficial que "tão logo recebeu denúncia de familiares sobre as condições do tratamento prestado aos pacientes da Clínica Terapêutica New Life, na tarde de 25/ 11, tomou todas as providências para a apuração das informações relatadas e para a transferência dos 59 pacientes que tinham sido encaminhados pelo município para tratamento na New Life".

Segundo a prefeitura, "isso significa, portanto, que não há mais nenhum paciente sob a responsabilidade da Secretaria Municipal da Saúde na referida clínica".



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