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sábado, 4 de setembro de 2010

Brasileiros compram Burger King


Autor(es): Julie Jargon e Gina Chon
Valor Econômico - 03/09/2010

A Burger King fechou ontem acordo para ser comprada numa operação alavancada de US$ 3,3 bilhões pela firma de investimentos 3G Capital Management, que tem entre seus principais acionistas os bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles.

A 3G, com base em Nova York, pretende revigorar a segunda maior rede de hambúrgueres, atrás da do McDonald"s, ao acelerar sua expansão internacional. Informou que tem planos de crescer na Ásia e na América Latina.

O Burger King, com sede em Miami, enfrentou dificuldades devido aos efeitos da recessão sobre os jovens, seu público-alvo. O cardápio pouco atraente o forçou a aumentar as promoções. Seu lucro para o ano fiscal encerrado em 30 de junho caiu 6,6%, com um declínio de 1,4% no faturamento.

"Sei pelas conversas com eles que uma das principais coisas que os atraiu à marca é o crescimento que tivemos na América Latina. Especialmente no Brasil, onde o Burker King tem sido muito bem-sucedido", disse o diretor-presidente da rede, John Chidsey, ao Wall Street Journal. "Eles também podem nos ajudar a acelerar a expansão na América Latina, Europa e Ásia."

Em 30 de junho, o Burger King tinha aumentado o número de lanchonetes na América Latina em 6% em relação ao ano anterior, para 1.138, mas as vendas em lojas abertas há mais de um ano, uma medida importante de presença no mercado, declinaram por causa das dificuldades econômicas no México e na América Central, informou a empresa em seu relatório anual. A cadeia entrou no Brasil cinco anos atrás. O Burger King planeja abrir 500 lojas na América Latina nos próximos cinco anos.

Mesmo com novos donos orientados para a expansão, o Burger King enfrenta desafios significativos para alcançar o arquirrival McDonald"s. Este tem erguido uma sólida presença na China e em outros mercados emergentes. É considerado por muitos analistas bem à frente em termos de ampliar o cardápio. O Burger King obtém 69% de sua receita nos EUA e no Canadá. As vendas nos EUA correspondem a 35% da receita do McDonald"s.

A 3G abordou o Burger King sobre um possível acordo no início deste ano. As conversas se aceleraram em abril, dizem pessoas a par da questão. Nesse período, as partes, segundo essas fontes, estavam em negociações exclusivas.

Segundo os termos do acordo, Chidsey, que continuará a ser o diretor-presidente até a conclusão da aquisição, dividirá a presidência do conselho do Burger King com o brasileiro Alexandre Behring, sócio-gerente da 3G. Behring presidiu a América Latina Logística (ALL), holding de serviços ferroviários. Passou a integrar a 3G em 2005, depois de passar dez anos na GP, a firma de investimentos que tinha como sócios principais Lemann, Sicupira e Telles.

A 3G estudou a indústria do fast-food com seus investimentos anteriores nas cadeias americanas Wendy"s e Carl"s Jr., dizem fontes a par da questão. Como também estão entre os acionistas e membros do conselho da cervejaria Anheuser Busch InBev, os sócios da 3G têm ainda experiência em bens de consumo e varejo nos EUA.

Como a 3G é basicamente capitalizada por seus sócios brasileiros, ela não enfrenta a pressão normal sobre os administradores de fundos de private equity para que produzam rapidamente melhores resultados. A firma planeja ser uma investidora de longo prazo do Burger King, dizem pessoas a par da questão. A 3G não deixou seus executivos disponíveis para entrevistas.

Em 2008, a 3G, em parceria com o britânico Children"s Investment Management Fund LLC, iniciou uma batalha para influenciar o conselho da companhia ferroviária americana CSX Corp., o que rendeu um assento no conselho para Behring.

Segundo informes às autoridades do mercado americano, no trimestre encerrado em 30 de junho, a 3G Capital, por meio do fundo de hedge 3G Capital Partners Ltd., é o maior investidor da CSX. Sua fatia é avaliada em US$ 855,3 milhões e corresponde a 83,2% da carteira da 3G, segundo o informe. A segunda maior aplicação do fundo é na Coca-Cola Enterprises. A fatia da engarrafadora e distribuidora forma 5,5% da carteira da 3G e é avaliada em US$ 56,3 milhões. O fundo tinha um patrimônio de US$ 1,03 bilhão em 30 de junho.

O Burger King pode negociar com outros candidatos à compra até 12 de outubro, um componente de muitos acordos. Mas como a 3G concordou em pagar um ágio elevado pela rede, não acredita que haverá outras ofertas, dizem pessoas familizarizadas com a situação. Incluindo compra de ações e assimilação de dívidas, o acordo é avaliado em cerca de US$ 4 bilhões e deve ser concluído antes do fim do ano.

A 3G tem compromissos de financiamento de cerca de US$ 2,8 bilhões do J.P. Morgan Chase & Co. e do Barclays Capital. Embora a transação seja altamente alavancada, os bancos se sentiram confortáveis em assumir o pacote de financiamento por causa do sólido fluxo de caixa da operação de franquias do Burger King, diz uma pessoa familiarizada com a questão.

Mas as agências de classificação de risco Moody"s Investors Service e Standard & Poor"s deixaram a nota do Burger King em análise para possível rebaixamento, afirmando que o financiamento aumenta o risco financeiro da cadeia. (Colaborou John Lyons)



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