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Leandro kleber
Do Contas Abertas
A Casa Brasil 2014, espaço com aproximadamente 3 mil metros² na África do Sul usado para divulgar a imagem do país que vai sediar a próxima Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, custou pelo menos R$ 3,1 milhões aos cofres brasileiros. O Ministério do Esporte liberou R$ 2,5 milhões ao Turismo para executar o projeto e outros R$ 598 mil pagaram a produção, organização e realização da exposição do Acervo CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Peças alusivas aos campeonatos de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, nos quais o Brasil foi campeão mundial, são exibidos por lá.
O espaço Casa Brasil 2014 foi inaugurado no último dia 15 e contou com a presença dos ministros do Esporte, Orlando Silva, do Turismo, Luiz Barreto, a presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), Jeanine Pires, além de outros servidores públicos federais que foram até a África do Sul para participar de ações promocionais do país.
O espaço fica no Centro de Convenções de Joanesburgo. Além da tradição no futebol, o espaço prioriza também atrativos turísticos, culturais, gastronômicos, econômicos e tecnológicos brasileiros. A apresentação visual e conceituação temática está a cargo do cenógrafo e designer Gringo Cardia. Representantes de cada uma das 12 cidades brasileiras que vão sediar os jogos da Copa de 2014 (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Cuiabá) também estão presentes na Casa Brasil, para divulgar os atrativos de suas respectivas regiões.
“É o primeiro momento de apresentação do Brasil, de apresentação das duas cidades e fundamentalmente de projetar essa imagem de país que a gente gostaria que o mundo conhecesse”, disse Luiz Barreto, ministro do Turismo. Já para Alcino Rocha, assessor especial de Futebol do Ministério do Esporte, o espaço é importante para os preparativos brasileiros. “Estamos cientes de que seremos muito cobrados sobre isso já durante a Copa da África do Sul, quando os holofotes mundiais se voltarão para o Brasil como o próximo anfitrião”, afirmou.
Segundo o Ministério do Esporte, responsável pela realização da exposição, foi necessária a contratação da empresa Memories para transportar, manipular e cuidar da segurança do acervo da CBF, que ofereceu seu patrimônio gratuitamente, “com a condição de que fosse contratada tal empresa”.
“O acervo cedido gratuitamente ao Ministério do Esporte é de propriedade da CBF, único, insubstituível e de valor inestimável, fatos que por si só já demonstram a necessidade especial de manipulação, transporte, segurança, entre outros”, afirma a assessoria de imprensa do ministério. De acordo com a pasta, a CBF somente disponibiliza o acervo para a empresa contratada, que seria a única detentora de “todos os requisitos necessários à formatação, execução, operacionalização e segurança necessários à realização da exposição”.
Para o comentarista de esporte e blogueiro José Cruz, no entanto, a forma como o governo federal se associa à CBF é suspeita. Segundo ele, o Ministério do Esporte tornou-se um provedor de recursos a quem não precisa. “A CBF é riquíssima, fatura cerca R$ 220 milhões anuais, usa a marca nacional do país para promover o seu principal patrimônio, a Seleção Brasileira, e ainda precisa se socorrer dos cofres públicos para exibir, no exterior, a história de nosso futebol?”, diz.
A Casa Brasil 2014 foi organizada em conjunto pelos ministérios do Esporte, Turismo, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ciência e Tecnologia. O Contas Abertas entrou em contato com a assessoria de imprensa da Embratur e aguarda informações.
Em tempo
A assessoria de imprensa do Ministério do Turismo encaminhou e-mail à reportagem, na noite desta segunda-feira (21), com as respostas às perguntas feitas pela reportagem na última sexta-feira (18). Informou que o projeto Casa Brasil é fruto de parceria entre os ministérios do Turismo (via Embratur), do Esporte, da Ciência e Tecnologia (via Finep) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (via Apex). "Os recursos repassados pelo Ministério do Esporte à Embratur destinam-se a pagamento de itens necessários para a montagem, funcionamento e manutenção do projeto e cenografia - instalações, iluminação, tecnologia, equipamentos – durante o período de funcionamento, de 15 de junho a 11 de julho", afirma.
Segundo a assessoria, toda a montagem, funcionamento e manutenção de equipamentos da Casa Brasil são realizados pelo contrato de empresa licitada pela Embratur para execução desses serviços no exterior.
