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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ex-cliente nega ter ameaçado ou matado advogada


Messias confirmou ao G1 desentendimento com vítima por causa de R$ 700.
Apesar disso, negou crimes e alega ter trabalhado no dia em que ela sumiu.

Kleber Tomaz Do G1 SP


Messias, ex-cliente da advogada Mércia NakashimaMessias, ex-cliente de Mércia Nakashima, aceitou
ter só a mão fotografada (Foto: Kleber Tomaz / G1)

Na primeira vez que ouviu seu nome ser divulgado pela imprensa como alguém que teria ameaçado a advogada Mércia Nakashima, Messias ficou assustado. Ele se espantou ao ficar sabendo que, por conta disso, deveria ser investigado pela Polícia Civil por suposto envolvimento na morte da advogada. Quem citou o vendedor em depoimento foi o principal suspeito pelo crime: o ex-namorado da vítima, o advogado e policial militar aposentado Mizael Bispo. Além de se dizer inocente, Bispo chegou a declarar que Mércia fora ameaçada anos atrás por um ex-cliente chamado Messias.

Por causa dessa suspeita, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) incumbiu a Comissão Especial de Acompanhamento de Inquéritos dos Advogados Vítimas de Homicídio da ordem a acompanhar o inquérito policial para saber se Mércia foi mesmo morta por causa de seu trabalho como advogada.

Procurado nesta quinta-feira (24) pelo G1, Messias só aceitou falar sob a condição de que seu sobrenome não fosse publicado. Ele só aceitou também que sua mão fosse fotografada.

Sem ameaças
Messias afirmou que ainda não foi procurado pela polícia para prestar depoimento, mas, se isso ocorrer, pretende dizer que teve um desentendimento com Mércia por causa de uma dívida de R$ 700 que ele tinha com a advogada, mas que foi quitada posteriormente. Apesar disso, ele declarou que jamais a ameaçou ou quis matá-la.

“Caramba, eu levo minha vida tranquilo. Uma correria danada. Eu não tenho tempo para isso. O meu negócio é trabalhar”, disse Messias, que alega ter trabalhado no dia 23 de maio, quando ela desapareceu após sair da casa dos avós em Guarulhos, na Grande São Paulo.

O corpo da advogada foi achado em 11 de junho em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Mércia trabalhou para Messias em dois casos. O primeiro a respeito de um divórcio consensual. O outro, sobre um caminhão penhorado na Justiça. Mércia entrou com um recurso e o pedido ainda nem foi julgado.

Leia abaixo trechos da entrevista:

G1 – O ex-namorado de Mércia afirmou à polícia que o senhor já ameaçou a advogada, que desapareceu no dia 23 de maio e foi encontrada morta em 11 de junho.
Messias –
Primeiro, eu trabalhei no dia 23. Foi num domingo, né? Eu trabalhei...inclusive minha esposa estava viajando no dia. Eu estava com meu cunhado. Eu tenho um negócio na [Rua] 25 [de Março] e, de domingo, a gente trabalha na rua. E eu faço cartão também e estava com cliente no dia. Fazendo orçamento, em torno de umas 19h até 22h, num bar. E a gente aproveitou e bebeu.

G1 – O senhor estava em São Paulo quando Mércia desapareceu?
Messias
Em São Paulo mesmo. Na região da 25 [de Março].

G1 – O senhor trabalha como ambulante?
Messias
– Eu trabalho com várias coisas. Trabalho com isso [mostra cartões de visita], trabalho com isso [exibe planos de empresas de segurança], rastreador, seguro. E vendo carregador de celular na 25 para entrar um dinheiro. Porque antes eu tinha uma barraquinha, mas a prefeitura tirou todas de lá.

G1 – Mas o senhor chegou a ameaçar Mércia? Mizael Bispo afirmou que a ex dele ficou com medo e pediu para ele buscá-la três vezes.
Messias –
O que aconteceu foi o seguinte. Eu fiz o divórcio com ela [Mércia]. Depois, ela [advogada] me ligou para um dinheiro. Eu não tinha por que estava desempregado.

G1 – Ela ligou para cobrar honorários?
Messias –
Sim.

G1 – Quanto era?
Messias –
R$ 700. Mas o que aconteceu: eu casei [com outra mulher]. Ela não sabia que eu tinha casado. Aí o que aconteceu: eu não ameacei ela. Não ameacei.

G1 – O senhor conhece Mizael Bispo?
Messias –
Só uma vez eu vi ele. Foi quando fui fazer o orçamento [a respeito dos serviços da advogada Mércia].

G1 – O senhor foi ao escritório de quem?
Messias –
Dela [Mércia].

G1 – O senhor já ligou para Mércia a ameaçando?
Messias –
Eu nunca liguei. Ela [advogada] que ligava para mim. Você entendeu? Então foi isso o que aconteceu: ela ligou para minha irmã. E eu pedi para não ligar para minha irmã.

G1 – O senhor nunca ligou para a advogada?
Messias –
Não. Entendeu?

G1 – Então na sua versão foi Mércia quem ligou para o senhor cobrando os honorários?
Messias –
Sim. Aí ela me procurou e a única coisa que eu falei para ela foi o seguinte: por você ser advogada você não podia estar abusando assim comigo [SIC]. Mas só foi só isso e não teve nada de mais.

G1 – O senhor então estava bebendo no dia em que ela sumiu?
Messias –
Na verdade, eu não bebo. Estava num bar fazendo um orçamento de um serviço para um cliente.

G1 – Está casado há quanto tempo?
Messias –
Três anos.

G1 – É o mesmo tempo em que se divorciou?
Messias –
Sim.

G1 – Tem filhos?
Messias –
Só uma menina com a primeira mulher.

G1- E o senhor procurou a advogada Mércia para tratar do divórcio com a primeira mulher?
Messias –
Sim. E eu não estou entendendo o porquê disso [de ter sido citado pelo ex-namorado de Mércia como alguém que a ameaçou].

G1 – Chegou a pagar os R$ 700 que devia a advogada Mércia?
Messias –
Sim. Quitei tudo.

G1 – Desde então o senhor voltou a falar com Mércia?
Messias –
Nunca mais. A última vez foi em 2007. Eu a procurei na época porque morava em Cumbica e ela falou que dava para fazer o divórcio lá. Não teve contrato nem dada. Não teve papel, tudo foi feito em boca.

G 1 – Mas Mércia conseguiu dar andamento ao divórcio?
Messias –
Tudo. Quando ela resolveu fazer cobrança eu já estava casado. Foi logo no começo ali e acabou. Morreu esse assunto e nunca mais.

G 1 – O senhor teria algum motivo para matar Mércia?
Messias –
Se fosse alguma coisa assim [de matar Mércia] teria de ser uma pessoa [má]. Caramba, eu levo minha vida tranquila. Uma correria danada. Eu não tenho tempo para isso. O meu negócio é trabalhar.




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